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Angola: O que esperar do segundo mandato de João Lourenço?

Adolfo Guerra (Menongue)
15 de setembro de 2022

João Lourenço toma posse para um segundo mandato como Presidente. Entre os angolanos, a expetativa é grande. Os cidadãos pedem ao Governo para continuar a combater a corrupção e cumprir com promessas do passado.

Foto: Getty Images/M. Spatari

João Lourenço toma posse esta quinta-feira (15.09) para um segundo e último mandato como Presidente da República. As expetativas não podiam ser mais altas, segundo o cidadão Francisco Mizombo em entrevista à DW África, na província do Cuando Cubango. 

Mizombo diz que é como nas competições de futebol: João Lourenço está na final do campeonato e tem de mostrar serviço.

"As finais são para serem ganhas e, se as finais são para serem ganhas, o Presidente João Lourenço terá que fazer alguma coisa relevante, que vá deixar marcas na sua governação", afirma.

"Campeonato polémico"

Até aqui, o "campeonato" foi polémico. A oposição queixou-se de "erros de arbitragem"; disse que constatou uma série de irregularidades antes e depois das eleições de 24 de agosto, desde o registo eleitoral à contagem dos votos. 

Francisco Mizombo: "João Lourenço terá que fazer alguma coisa relevante"Foto: Adolfo Guerra/DW

O maior partido da oposição, a UNITA, e a coligação CASA-CE pediram depois para ir ao VAR, o Tribunal Constitucional. Mas o tribunal deu razão ao árbitro e chumbou os recursos dos partidos, validando os resultados divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral.

De acordo com a CNE, o MPLA ganhou as eleições com 51,17% dos votos. É um número bastante abaixo dos 61,05% que os "camaradas" conquistaram nas eleições anteriores, em 2017.

Promessas por cumprir

O funcionário público Bartolomeu de Assis entende que o povo refletiu o seu descontentamento nas urnas e o próximo Governo não terá uma tarefa fácil.

Assis diz que "a população espera ver o que foi dito em teoria a concretizar-se na prática". "A governação de João Lourenço deve dar atenção àquilo que a população mais almeja, como é o caso da garantia de uma habitação, a garantia de formação de qualidade, uma assistência de qualidade, que haja alguma mudança", avalia o funcionário público.

Francisco Mizombo concorda. Espera também que o Governo continue a lutar contra a corrupção e cumpra várias promessas que ficaram por cumprir na sua província.

População de Menongue exige o cumprimento de promessas eleitorais Foto: Adolfo Guerra/DW

"Particularmente aqui na província do Cuando Cubango, ele fez algumas promessas principalmente nas vias de comunicação, estamos a falar da estrada Cuito Cuanavale -Rivungo e da estrada Caiundo Cuangar até Dirico. Este aqui é o grande desafio que o Presidente João Lourenço vai ter aqui nesta província", diz.

A fasquia parece ter subido com as eleições de agosto. Particularmente os jovens dizem que vão olhar com muito mais atenção para este segundo mandato de João Lourenço.

Cidadãos esperam "seriedade"

O MPLA perdeu nas províncias de Luanda, Zaire e Cabinda; a UNITA foi o partido mais votado. Outras podem seguir um caminho semelhante, se o MPLA não puser mãos à obra, comenta o professor Nelito Kassuata, que espera que o Presidente da República olhe para o Cuando Cubango "com olhos de ver, porque oi uma província bastante prejudicada em cinco anos de mandato". 

"Passaram por cá três governadores e não vimos nenhuma esperança de continuidade de projetos. Por exemplo, o PIIM [Plano Integrado de Intervenção nos Municípios] está parado até agora, nada se vê de concreto", recorda.

O professor dá um conselho a João Lourenço: "Para quem foi nomeado para dirigir a província, esperamos seriedade e que coloque as pessoas certas nos lugares certos. Com a meritocracia nós podemos levantar essa província".

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