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Liberdade de imprensaAngola

Caso Edeltrudes causa "fim do Direto ao Ponto” na TV Zimbo? 

5 de outubro de 2020

Levantam-se as vozes contra uma aparente interferência política na imprensa. Onde ficam as promessas de não se tocar na linha editorial da TV Zimbo? A saída de Carlos Rosado do "Direto ao Ponto" está a causar polémica.

Edeltrudes Costa
Edeltrudes Costa, chefe de gabinete do Presidente de Angola, João LourençoFoto: Xinhua/Imago Images

As críticas começaram a surgir tão logo se registou ausência da rubrica na antena no último sábado (03.09). E intensificaram-se ainda mais com a confirmação do fim do "Direto ao Ponto” na TV Zimbo, feita nas redes sociais pelo jornalista Carlos Rosado.  

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) condenou a suposta censura. O secretário geral, Teixeira Cãndido, felicita o também economista pela coragem e recorda que o caso Edeltrudes Costa é o assunto de interesse público. 

"Considero, por isso, deplorável o argumento utilizado pela comissão de gestão, para impedir abordagem desta matéria da rubrica Direto ao Ponto”, disse Teixeira.

Linha editorial da Zimbo mudou ou não?

Também, em mensagem enviada ao Carlos Rosado, o MISA - Angola felicita-o pela "verticalidade profissional e honetidade intelectual” ao denunciar a suposta censura na Zimbo.

André Mussambo é o presidente da organização manifesta solidariedade: "O MISA - Angola solidariza-se com a vossa decisão e promete bater-se por ela com todas as suas forças.”

Carlos Rosado de Carvalho, economista e jornalistaFoto: DW/J.Beck

Teixeira Cândido entende que esta atitude da comissão de gestão da televisão angolana "contraria a promessa do ministro das Telecomunicações e Comunicação Social de manter inalterável a linha editorial da Zimbo”. 

E o SJA sublinha que "a TV Zimbo, assim como qualquer órgão de comunicação social, tem o dever de estar ao serviço público da sociedade e não de um grupo de pessoas qualquer que sejam as suas qualidades ou as funções que exerçam.” 

O silêncio sepulcral da Zimbo

A DW África tentou contactar a comissão de gestão da TV Zimbo, mas o canal preferiu remeter-se ao silêncio.  

Entretanto, Teixeira Cândido espera que este facto faça com que os jornalistas desta estação denunciem outros supostos atos de censura.

E o SJA "solicita a entidade reguladora da comunicação social a desempenhar o seu papel.”

Por seu torno, André Mussambo também espera que a situação se inverta nos próximos tempos e alerta para regressão de liberdade de imprensa em Angola. 

"Depois de o Presidente João Lourenço no início das suas funções em 2017, ter dado provas de que, parecia, que a liberdade de imprensa era uma das bandeiras do seu mandato”, recorda Massambo.

No entanto, continua a pressão sobre pedido de exoneração do "braço direito” do Presidente João Lourenço.

Teixeira Cândido, responsável do SJAFoto: DW/M. Luamba

Edeltrudes Costa terá sido alegadamente beneficiado em contratos com o Estado que lhe renderam milhões de dólares, segundo uma investigação da TVI.

Nesta altura, decorre uma recolha de assinaturas que será entregue a Presidencia e a Procuradoria-Geral da República. 

"Nós vamos continuar a bater"

Benedito Jeremias "Dito Dali" é um dos organizadores da petição e diz que Edeltrudes Costa já não apresenta condições para continuar no gabinete do Presidente angolano. 

"O importante é não deixar que o caso morra. Nós vamos continuar a bater, a denunciar até que o assunto seja atendido.”

A pressão começou, no último fim de semana quando dezenas de cidadãos sairam às ruas de Luanda para exigir a sua exoneração. "Dito Dali" diz que as manifestações não ficam por aqui.

"Porque enquanto não formos atendidos não vamos largar o homem", promete Dito Dalí. 

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