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Cafunfo: ONG Mosaiko denuncia intimidação da polícia

Lusa
11 de fevereiro de 2021

Equipa da ONG de direitos humanos angolana que se deslocou a Cafunfo para recolher informações sobre os incidentes de 30 de janeiro, está retida numa casa paroquial a mando da polícia, que alega motivos de quarentena.

Angola Proteste in Luanda
Protestos em Luanda, 4 de fevereiroFoto: Borralho Ndomba/DW

A organização de direitos humanos angolana Mosaiko denunciou, esta quinta-feira (11.02), nas suas páginas das redes sociais Facebook e Twitter que um grupo de pessoas composto por elementos da Mosaiko e da Rede de Defensores de Direitos Humanos que se encontra em Cafunfo está sob vigilância policial. A equipa deslocou-se à vila para uma visita de constatação e apoio à Comissão de Justiça e Paz e missionários locais, após os incidentes do dia 30 de janeiro

Segundo a Mosaiko, esta ação intimidatória começou ontem [quarta-feira], quando, por volta das 20:00, dois polícias apareceram na residência paroquial, alegando ter um recado para o padre. Esta manhã, uma funcionária da casa tentou sair, mas foi avisada pela polícia que se encontrava à porta, de que se saísse, já não poderia voltar.  

A Mosaiko acrescenta que a casa paroquial está sob vigilância policial e um agente informou a equipa que tem "ordem para não permitir que os quatro elementos saiam". 

A informação foi confirmada à Lusa pelo padre José Alceu, responsável da casa paroquial da Paróquia de São Francisco Xavier da vila mineira de Cafunfo, que afirma que "a casa tem estado sempre cercada [desde que chegaram], devido à visita dos meus hóspedes".

José Alceu acrescenta ainda que, segundo as autoridades, o grupo está retido sob alegações de quarentena, no âmbito das medidas preventivas face à covid-19. 

Quarentena

"Disseram que queriam falar com os elementos do Mosaiko na esquadra. Nós dissemos que não iríamos, pois não havia nenhuma intimação ou notificação e, por isso, não sabíamos qual o motivo para ir lá", contou o padre. Depois, os "cerca de dez polícias retiraram-se e voltaram mais tarde a aparecer "com uma autoridade da Saúde". 

"Nessa altura, fizeram fotos dos testes [todos com resultados negativos e que são obrigatoriamente apresentados nos vários controlos policiais até chegar à província da Lunda Norte] e sugeriram que ficassem em quarentena", conta.

De acordo com José Alceu, a polícia controla todas as entradas e saídas da casa paroquial: "Eu posso sair, mas os do Mosaiko, não, orientaram para não saírem".

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