Pacientes de doença falciforme sem atendimento em Malanje
Nelson Camuto (Malanje)
30 de setembro de 2021
Com mais de 600 mil habitantes, a província angolana de Malanje não dispõe de médico hematologista para acudir os diversos pacientes com anemia falciforme. Esta crise está a gerar preocupação na sociedade.
Publicidade
Na província angolana de Malanje multiplicam-se relatos desesperados de famílias com membros que sofrem de anemia falciforme, uma doença crónica, genética e grave. Esta anemia é provocada pela malformação das células sanguíneas e tem efeitos praticamente em todos os órgãos do corpo.
A doença abalou a vida de Josefa Mendes, de 38 anos. A comerciante perdeu a filha de 14 anos, que sofria de anemia falciforme. Fizeram-se esforços para salvar a vida da menina, mas em vão. "Mesmo os guardas disseram, nós não temos a pessoa que pode doar sangue a essa menina. Quando eram 19 horas, a menina foi."
Falta de recursos
Também a vendedora ambulante Fátima Damião, de 28 anos, vive um drama diário. A sua sobrinha é portadora do traço falciforme. "O irmão mais velho também é falciforme. Queixa-se muito de dores nos ossos, de fraqueza". É a segunda vez que têm que internar a menina no Hospital Materno-Infantil de Malanje, afirmou à DW África.
Armando Dala é o diretor clínico do hospital, uma das maiores unidades sanitárias da província. Conta que há uma crise no atendimento de pessoas com anemia falciforme pelo facto de não haver um médico hematologista na região.
Dala procura remediar a situação, mas "falta-nos recursos humanos e técnicos para poder assegurar uma consulta específica para a doença. Nós não temos um hematologista que possa dar suporte ao estudo e seguimento dos doentes com a doença de drepanocitose."
Atendimento só em Luanda
A diretora do laboratório de análises clínicas Sagrado Coração de Jesus, irmã Socorro, conta que, entre 110 testes a pacientes, 30 a 35 acusam anemia falcifome. De acordo com a irmã, o mais preocupante é que quem necessita de atendimento só recebe assistência na capital, Luanda, a 400 quilómetros de distância.
"Os que têm possibilidade económica vão a Luanda", explica, pois lá há um centro dedicado ao tratamento da doença. Mas, "na nossa população, nem toda gente tem essas possibilidade económicas".
Covid-19: Cuidados de higiene em áreas de risco
Como manter os cuidados de higiene em campos de refugiados e bairros de lata é um grande desafio na pandemia. Mas alguns países e organizações estão a lutar para manter esses locais seguros e limpos.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Pilick
Zâmbia
Algumas pessoas ficam semanas sem acesso à água potável em muitas partes do mundo. O vale de Gwembe foi profundamente afetado pela seca nos últimos dois anos. Atualmente, o UNICEF está a apoiar a reabilitação e a perfuração de 60 poços para reforçar a lavagem das mãos nos pontos de distribuição de água durante a pandemia do novo coronavírus.
Foto: UNICEF/UNI308267/Karin Schermbrucker
Quénia
Várias estações de água foram instaladas em locais públicos do Quénia para fornecer a água limpa à população. Em Nairobi, para impedir a propagação da Covid-19, um menino segue as instruções de como lavar as mãos adequadamente numa estação de água em Kibera.
Foto: UNICEF/UNI322682/Ilako
Iémen
O Iémen abriga cerca de 3,6 milhões de pessoas deslocadas internamente. Com grande parte do seu sistema de saúde e saneamento destruído pela guerra, esses deslocados são altamente vulneráveis ao novo coronavírus. Voluntários treinados pelo UNICEF estão a orientar a população sobre como evitar que a doença se espalhe.
Foto: UNICEF/UNI324899/AlGhabri
Síria
A Síria enfrenta um problema semelhante ao entrar no seu décimo ano de guerra. Milhões de sírios vivem em campos de refugiados, como o campo de Akrabat, perto da fronteira com a Turquia. Para explicar às famílias sobre os riscos do coronavírus, os funcionários da ONU visitam os campos e usam bonecos feitos à mão para falar sobre os perigos da Covid-19.
Foto: UNICEF/UNI326167/Albam
Filipinas
Os efeitos a longo prazo dos desastres naturais também são um fator de risco. Nas Filipinas, as casas de banho públicas, como as vistas aqui, num centro de evacuação na cidade de Tacloban, tornaram-se um terreno fértil para a propagação do vírus. O saneamento tornou-se ainda mais crucial. A região sofre com os efeitos posteriores do tufão Haiyan há anos.
Foto: UNICEF/UNI154811/Maitem
Jordânia
Kafa, de 13 anos, volta à caravana da sua família carregando um grande recipiente de plástico cheio de água que ela acabou de coletar num ponto de abastecimento comunitário. As mulheres no maior campo de refugiados da Jordânia agora estão a fabricar sabão com materiais naturais para as famílias necessitadas.
Foto: UNICEF/UNI156134/Noorani
Índia
Na Índia, as pessoas são incentivadas a costurar máscaras em casa. Isso também gera dinheiro, especialmente para mulheres que vivem em áreas rurais. Estas mulheres costuram máscaras no centro de Bihar, na GOONJ, uma ONG situada em vários estados indianos, que disponibiliza socorro, ajuda humanitária e desenvolvimento comunitário.
Foto: Goonj
Bangladesh
Voluntários de vários grupos de pessoas com deficiência também se envolvem ativamente na distribuição de desinfetantes pela cidade de Dhaka. Roman Hossain distribui desinfetantes e informa outros membros da sua comunidade sobre a importância de lavar as mãos regularmente.
Foto: CDD
Guatemala
Há uma necessidade urgente de reduzir os impactos da crise da Covid-19 em Huehuetenango, na Guatemala, para além da crise alimentar já existente, causada pela seca de 2019. As comunidades indígenas esperam todos os dias para coletar seus alimentos e kits de higiene básica, onde também obtêm informações e recomendações para prevenir a Covid-19 nos idiomas locais.