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Oposição angolana sem meios para fazer campanha

12 de junho de 2017

É notório o desequilíbrio em meios, nomeadamente financeiros, entre o MPLA, partido no poder e os outros, na campanha para as eleições gerais em Angola, marcadas para agosto próximo.

Angola - Uferstraße in Luanda
Foto: DW/N. Sul d'Angola

Em Angola, os partidos políticos na oposição concorrentes às eleições gerais multipartidárias, as quartas no país, a ter lugar no dia 23 de agosto, debatem-se com a falta de recursos financeiros para suportar as suas campanhas eleitorais.

A maioria da oposição alega que as verbas atribuídas pelo Estado são no mínimo irrisórias.

No sentido de realizar uma campanha eleitoral condigna, perante a gigantesca máquina eleitoral do MPLA, o partido no poder, o maior partido na oposição, a UNITA, lançou um apelo aos seus militantes e simpatizantes para a recolha de donativos, ao mesmo tempo, que a CASA-CE e o PRS acusam o MPLA de estar a usar  dinheiros públicos para suportar a sua campanha. 

Em entrevista à DW Africa, o presidente da Bancada Parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Jr., afirmou que a campanha desigual levada acabo pelo partido do regime foi um dos motivos que levou a UNITA a lançar o grito de socorro."Nós temos infelizmente a partir do próprio Estado e das instituições governamentais também uma absoluta intervenção desigual. Foi aprovada uma verba para os partidos todos, mas quem quiser agarrar numa esferográfica e acompanhar a campanha do candidato do regime vê que essa verba até esse momento no mínimo foi duplicado por 20, no mínimo".

Demonstração em Luanda, organizada pela UNITA para criticar a organização das eleições (03.06.2017)Foto: DW/P. Borralho

Costa Jr. vai mais longe nas suas afirmações acusando mesmo João Lourenço, candidato do MPLA, de estar a usar os dinheiros públicos para realizar as inúmeras atividades que o partido no poder vem protagonizando nas últimas semanas um pouco por toda Angola.

"Quando o candidato do regime, promove encontros nas províncias, quando usa a força área, onde usa comboios, onde usa autocarros de empresas públicas, quando usa e abusa dos tempos de antena e da comunicação diferenciada em relação aos outros, se fizer contas, dos tempos de antenas extraordinários, dos diretos, se fizer contas dos telejornais que temos contabilizados alguns (que são de duas horas e meia), só isso, multiplicados pelos tempos nobres dá umas centenas de milhões de dólares."

Orçamento para dificultar a oposição

Por seu turno, o secretário-geral do Partido de Renovação Social (PRS), Rui Malopa, queixou-se igualmente do parco orçamento atribuído pelo Governo. O dirigente renovador social, desconfia que o referido orçamento foi aprovado de forma dificultar a campanha dos partidos na oposição.

"Para o partido no poder quanto menos valor colocar nos partidos políticos melhor para si, porque já, ele é partido na situação, tem todo os meios a sua disposição, incluindo os meios do Estado e para os partidos na oposição já não é assim. Temos que convir que as dificuldades são maiores."Para Lindo Bernardo Tito, vice-presidente da CASA-CE, as verbas atribuídas nem sequer servem para suportar os custos com os delegados de listas. "Esses valores que foram atribuídos nem sequer corresponde aquilo que pode ser o suporte com os delegados de listas. O que mostra claramente que o Governo do MPLA não é sério, não é honesto, e não está interessado na democracia."

Lindo Bernardo Tito vice-presidente da CASA-CEFoto: DW/N. Sul de Angola

A DW contactou o secretário para informação do MPLA, Mário António, sem sucesso.

9.317.294 angolanos poderão votar

Angola contará com 9.317.294 eleitores nas eleições gerais de agosto, segundo dados oficiais que o Ministério da Administração do Território entregou à Comissão Nacional Eleitoral.A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votados é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições de 2012.

Campanha eleitoral do MPLA

Pela UNITA, a lista pelo círculo nacional é encabeçada por Isaías Samakuva, presidente do partido e que concorre desta forma à eleição, por via indireta, para Presidente da República. Pela APN, a lista é liderada por Quintino Moreira, seguindo-se Benedito Daniel, líder e cabeça-de-lista do PRS.

João Lourenço, vice-presidente do MPLA e ministro da Defesa, lidera a lista do partido, concorrendo assim à sucessão de José Eduardo dos Santos, chefe de Estado e que, ao fim de 38 anos no poder, já não vai a votos.

 Pela FNLA concorre, como cabeça-de-lista, o líder do partido, Lucas Ngonda, e pela CASA-CE avança Abel Chivukuvuku, líder e cabeça-de-lista daquela coligação.

Angolas: Partiudos com falta de meios - MP3-Mono

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