Auditoria à dívida pública poderá ser realizada caso haja vontade de quem lidera o Governo, considera o economista Precioso Domingos. E a UNITA prevê que o endividamento possa causar um "vulcão” na vida dos angolanos.
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Cerca de 15 biliões de kwanzas, o equivalente a 27 mil milhões de euros, maior parte da verba prevista no Orçamento Geral do Estado, vão servir para o pagamento dívida pública, cujo peso ronda os 90% do Produto Interno Bruto (PIB).
A situação preocupa os operadores económicos e a oposição. Mas o Governo liderando por João Lourenço conta com a diversificação da economia e um ligeiro aumento da produção petrolífera, assim como a arrecadação fiscal, para suportar um crescimento de 1,8% do PIB, quando o país segue no seu quarto ano de recessão consecutiva.
Dependência do petróleo poderá continuar a ser prática
O economista Precioso Domingos entende que Angola perde a capacidade de crescer. Domingos prevê que o crescimento económico vai continuar a depender do lucro do petróleo devido ao "fardo" da dívida pública Angola.
"Uma vez que o petróleo não depende, pelo menos do ponto de vista do preço, de Angola, então, isto coloca o país numa situação de amarro porque não há segredo. Se o país não cresce, então, Angola não tem capacidade de gerar dinheiro para permitir que as finanças públicas amorteçam esta dívida", argumenta o economista.
Angola: Peso da dívida asfixia o Orçamento Geral do Estado
UNITA visualiza cenários maus
A UNITA, maior partido da oposição, numa recente declaração voltou a solicitar uma auditoria à divida pública, alertando que a mesma ainda é na sua maioria "fabricada". O partido entende que na realidade, trata-se de um negócio em que os grandes sacrificados seriam as famílias e as empresas.
E a deputada da bancada parlamentar do galo negro Amélia Judith Ernesto prevê um 2020 díficil para o país: "Haveria calamidade nos hospitais, as escolas públicas teriam que paralisar, uma autêntica tragédia. É importante aqui frisar que para além do serviço da dívida, existe ainda o fardo dos fardos, que é o stock da dívida ou simplesmente dívida acumulada, que já tende para 100% do produto interno bruto".
Responsabilidades do chefe do Governo
Entretanto, Precioso Domingos defende que é necessário que o próprio Governo assuma a responsabilidade de investigar a dívida. Segundo o economista, "não pode ter uma relação entre Governo e outras partes que não são Governo numa disputa em que se vai constituir um grupo para se fiscalizar o Governo, isto não está certo. O Governo é uma máquina muito grande, a questão da dívida é tão complexa que certamente esse grupo não vai apanhar nada.
"Então, é necessário que seja alguém que efetivamente manda no Governo, que tem capacidade de fazer auditoria como deve andar, para detetar aquilo que tem de inverdade. É necessário que seja o chefe do Governo a assumir isso. Não sendo o chefe do Governo, então, mesmo que seja uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), os deputados não vão apanhar nada", alerta Domingos.
Por seu turno, a ministra das Finanças, Vera Daves, tranquiliza os cidadãos e considera que a dívida é ainda estável.
Mas adverte que "2020 vai ser um exercício desafiante do ponto de vista do serviço da dívida, vai haver muita dívida a vencer e o que terá de ser feito é manter a disciplina orçamental para conseguirmos não só fazer face a esse serviço, mas [também] finalmente invertemos essa tendência e conseguirmos ter espaço para respirar a partir de 2021."
Luanda é a cidade que cresce mais rapidamente em África
Não são necessariamente as cidades mais populosas de África, mas são as que crescem de forma mais rápida, segundo as Nações Unidas. Luanda lidera a lista das cidades com maior crescimento populacional no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
1. Luanda, Angola
Nenhuma cidade africana está a crescer tão rapidamente como Luanda, a capital de Angola. Segundo dados da ONU, vivem aqui mais de 7,7 milhões de pessoas. A idade média dos luandenses é de 20,6 anos. A capital é uma das cidades mais caras do mundo. Mas apenas as elites de Angola beneficiam das grandes reservas de petróleo do país. A população fala em desigualdade social no país.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
2. Yaounde, Camarões
Com 3,6 milhões de habitantes, a capital dos Camarões é muito menor que a de Angola. Os serviços públicos e as representações diplomáticas estão principalmente concentrados na capital. É por isso que Yaoundé desfruta de um padrão de vida e segurança mais elevados do que o resto dos Camarões. É também um ponto central de transferência de mercadorias como café, cacau, tabaco e borracha.
Foto: Dirke Köpp
3. Dar es Salaam, Tanzânia
A população da capital comercial da Tanzânia aumentou mais de seis vezes desde 1978. Dar es Salaam, com mais de seis milhões de habitantes, é a maior cidade da África Oriental e um importante centro económico e comercial para a região. De 2000 a 2018, a população cresceu 166%.
Foto: DW/E. Boniphace
4. Kumasi, Gana
A população da cidade ganesa de Kumasi aumentou onze vezes para três milhões entre 1970 e 2017. Ultrapassou o número de pessoas que vivem na capital, Accra, em 2014 para se tornar a maior cidade do país. A população do Gana está a crescer de forma rápida, especialmente em cidades como Kumasi. A metrópole económica atrai muitas pessoas do norte do país.
Foto: Imago Images/photothek/T. Imo
5. Kampala, Uganda
Kampala, a principal capital de Uganda, fica nas margens do Lago Vitória. A população total da região mais do que duplicou desde o início do século XXI. Muitas pessoas do interior estão a mudar-se para as cidades. Kampala tem uma das maiores taxas de crescimento em todo o mundo. Espera-se que mais de 40 milhões de pessoas vivam na cidade até 2100.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Kabuubi
6. Lusaka, Zâmbia
Lusaka, o centro económico e político da Zâmbia, registou um boom demográfico nos últimos anos. O centro da cidade, nos arredores da Independence Avenue e da Cairo Road, é caracterizado por edifícios comerciais, companhias de seguros, bancos, bolsas de valores, hotéis e cadeias de "fast food" americanas. O setor industrial, os transportes e o artesanato também desempenham um papel importante..
Foto: DW/C. Chimbelu
7. Douala, Camarões
A maior cidade dos Camarões também está entre as dez cidades que mais crescem em África. Douala é o lar do maior porto da África Central, que é vital para a economia do país e toda a Comunidade Económica e Monetária da África Central. É um importante centro financeiro, industrial, comercial, cultural e de tráfego dos Camarões.
Foto: picture-alliance / maxppp
8. Mbuji-Mayi, República Democrática do Congo
Provavelmente não há outro lugar no mundo com tantos diamantes como em Mbuji-Mayi. Os comerciantes de diamantes da cidade congolesa pintam edifícios com imagens brilhantes e bonitas para atrair os mineiros. A cidade tinha apenas 30.000 habitantes em 1960. Até 2018, Mbuji-Mayi deverá ter 2,3 milhões de habitantes. A imigração em massa das áreas vizinhas aumentou drasticamente a população.
Foto: Imago Images/H. Hoogte
9. Antananarivo, Madagáscar
Antananarivo é a maior cidade e capital do Estado insular de Madagáscar. A maioria dos turistas entra e sai do país pelo aeroporto da capital. Apesar de um período de doenças e guerras no século XVIII, a população da cidade cresceu de forma constante. Esse crescimento populacional deve-se sobretudo à saída das pessoas do interior para a capital do país.
Foto: Imago Images/Xinhua
10. Pretória, África do Sul
Por último, mas não menos importante, no top 10 está a cidade de Pretória, uma das três capitais da África do Sul. É a capital administrativa, com reconhecimento também no campo do ensino superior e da investigação. Localizada a norte de Joanesburgo, Pretória é um importante centro comercial e industrial, onde são construídas ferrovias, carros, máquinas e aço.