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Angola: PGR ordena apreensão de bens de Irene Neto

Lusa
18 de setembro de 2020

A decisão está relacionada com a investigação de vários crimes no processo da seguradora AAA, da Sonangol, onde o marido da filha do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, Carlos São Vicente, foi presidente.

Sitz der Generalstaatsanwaltschaft - Angola
Foto: DW/Borralho Ndomba

De acordo com a agência Lusa, uma fonte judicial adiantou que foram também enviadas cartas rogatórias a Portugal e ao Luxemburgo, solicitando a colaboração das autoridades judiciais nestas investigações.

Responsáveis da PGR angolana estiveram também na Suíça, na semana passada, para abordar com os seus homólogos a recuperação dos 900 milhões de dólares (759,3 milhões de euros) depositados numa conta do empresário angolano Carlos São Vicente que está congelada por determinação das autoridades suíças.

A 8 de setembro, a PGR decretou a apreensão de 49% das participações sociais da AAA Ativos, no Standard Bank de Angola, sob gestão de São Vicente. Foram, igualmente, apreendidos três edifícios AAA e o do IRCA, na Avenida Lenine, na Nova Marginal, na Avenida 21 de Janeiro e na Rua Amílcar Cabral, em Luanda, também esses sob gestão de Carlos Manuel de São Vicente. Foi, ainda, apreendida a rede de hotéis IU e IKA, todos em Luanda.

Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola Foto: casacomum.org/Documentos Dalila Mateus

O empresário foi ouvido e constituído arguido na quarta-feira (16.09) por suspeita dos crimes de peculato, participação económica em negócio, tráfico de influência e branqueamento de capitais.

A Sonangol, petrolífera estatal que esteve na génese da seguradora que deteve durante uma década o monopólio dos seguros das atividades petrolíferas em Angola, fez saber, através de um comunicado, que está a acompanhar este processo "com redobrada atenção".

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Numa entrevista esta sexta-feira (18.09) à rádio angolana MFM, a empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, afirmou ter "irritado muita gente" quando decidiu cancelar vários contratos que considerou lesivos para a Sonangol por praticarem sobrefaturação. Entre estes estavam os contratos de seguro firmados com a seguradora AAA.

Isabel dos SantosFoto: picture-alliance/dpa/M. Metzel

 Segundo Isabel dos Santos, concluiu-se que a Sonangol podia poupar 70% com os seguros e fez-se um novo contrato "com valores muito mais baixos", com outra empresa.

 "Se esses 900 milhões, quase um bilião [mil milhões] de dólares que estão nessa conta são dividendos das AAA, quanto é que a Sonangol ganhou de dividendos em relação à AAA e porque é que a Sonangol não acompanhou os aumentos de capital e se deixou diluir, se o negócio era bom", questionou Isabel dos Santos, também arguida pela PGR por alegada má gestão e desvio de fundos na Sonangol.

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