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Angola: "Polícia não está para distribuir chocolates"

Lusa | cvt
3 de abril de 2020

Ministro angolano do Interior referia-se a casos de desobediência ao estado de emergência, esta sexta-feira. Eugénio Laborinho disse ainda que a polícia vai reagir de forma adequada ao comportamento dos cidadãos.

Foto: DW/B. Ndomba

O ministro agolano do Interior, Eugénio Laborinho, que falava esta sexta-feira (03.04) numa conferência de imprensa em Luanda, após a primeira semana de estado de emergência decretado em Angola, assinalou que foram detidos neste período 1.209 cidadãos por desobediência.

"Estamos a aplicar multas, estamos a deter pessoas, só nesta situação de desobediência detivemos até 1.209 cidadãos", indicou.

Entre estes, 1.007 foram detidos por violação de fronteiras, 183 por desobediência às medidas do estado de exceção, nove por especulação, oito por corrupção e dois por posse ilegal de armas de fogo.

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Chocolates e rebuçados

Os detidos por situações de desobediência ou incumprimento do decreto que determina o estado de emergência ficam em celas "de quarentena" próprias, criadas para o efeito.

"Temos estado a atuar em conformidade com a lei e as próprias medidas que vamos tomando dependem do grau de intervenção de cada caso e somos criticados [por isso]", disse o governante, acrescentando: "A polícia não está no terreno para servir rebuçados, nem para dar chocolates, ela vai atuar conforme o comportamento de cada cidadão ou de cada aglomerado".

Eugénio Laborinho destacou que as autoridades têm estado a trabalhar no sentido de fazer uma ação pedagógica e tentar educar de forma a não haver confrontos entre a população e a polícia, mas notou que "a polícia também é filha do povo e precisa de ser acarinhada".

Incumprimento das medidas restritivas

O governante sublinhou que tem sido observado o comportamento de desobediência ao estado de emergência, que impõe restrições à movimentação de pessoas e proíbe grandes aglomerações, sobretudo na província de Luanda.

"Luanda, para nós, é um quebra-cabeças, mas tudo faremos para que a situação se normalize", sublinhou.

Eugénio Laborinho admitiu um endurecimento das medidas que têm estado a ser tomadas "porque as pessoas continuam teimosas" e "têm de ficar em casa".

Adiantou ainda que, nesta primeira semana, o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) recebeu 1.389 chamadas relativas a casos suspeitos, pedidos de informações e denúncias de incumprimento de quarentena.

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As Forças Armadas Angolanas ordenaram um reforço dos patrulhamentos nos centros urbanos e suburbanos, que têm ordens para recolher pessoas e viaturas militares e civis que transgridam as novas regras.

Na segunda-feira (30.03), o diretor da Amnistia Internacional Portugal disse que "as forças de segurança não podem usar este estado de emergência para uso excessivo de violência no controlo das pessoas". Pedro Neto falava à DW África sobre o estado de emergência em vigor em Angola.

Oito casos e duas mortes

No balanço da primeira semana, o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança que coordena a comissão interministerial de combate à pandemia, Pedro Sebastião, salientou que o país registou 162 casos suspeitos e mantém oito casos positivos, dos quais dois morreram.

Encontram-se em quarentena institucional 441 pessoas e em quarentena domiciliar 812 pessoas, entre as quais 478 em Luanda.

Números da pandemia

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 200.000 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

A pandemia afeta já 50 dos 55 países e territórios africanos, com mais de 7.000 infeções e 280 mortes, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC). São Tomé e Príncipe permanece como o único país lusófono sem registo de infeção.

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