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Angola: Polícia usa gás lacrimogéneo para dispersar protesto

Lusa
23 de maio de 2022

Polícia Nacional angolana dispersou esta segunda-feira (23.05) um grupo de funcionários da fiscalização de Luanda, que se concentraram junto ao Governo provincial da capital angolana para reivindicar melhoria salarial.

Angola Luanda Spezialeinheit der Polizei
Foto ilustrativaFoto: Borralho Ndomba/DW

O grupo composto por dezenas de agentes da fiscalização de toda a província de Luanda foi disperso do local pela polícia, que usou gás lacrimogéneo, numa atuação que começa a ser comum entre as autoridades angolanas.

Em declarações à Lusa no local, o presidente do Conselho de Mesa do sindicato provincial dos fiscais, Adilson Paulo António, manifestou descontentamento com a entidade empregadora, realçando que foi já entregue, desde dezembro de 2021, um caderno reivindicativo, com 21 pontos, que até à presente data não mereceu qualquer resposta.

Segundo Adilson António, solicitaram um encontro com a entidade empregadora para abordarem as preocupações apresentadas, "mas até à data presente não há qualquer contacto".

Uma das reivindicações, prosseguiu o sindicalista, tem a ver com a realização de um concurso público, para a integração de novos funcionários, pretensão que é rejeitada pelos agentes da fiscalização, tendo em conta o elevado número de colaboradores, que, há quase duas décadas, trabalham sem salário.

"Fizemos uma carta endereçada à governadora, no sentido de ao invés de fazer o concurso público enquadrar os colegas, que já estão aqui há muito tempo a trabalhar connosco. Temos colegas há 20 anos como colaboradores e sem salário, o bocado que sustentam a família é à base de ajudas de um amigo e queremos mudar esse quadro", disse Adilson António, realçando que são efetivos 600 trabalhadores e mais de 1.000 são colaboradores.

Segunda carta à governadora

Adilson António frisou que este ano foi remetida outra carta à governadora da província de Luanda para materializar as comparticipações a que tem direito por lei, "que todos os dias é violado".

"Não nos dão nada, nós fizemos um levantamento e nos últimos três anos contribuímos com cerca de dez mil milhões de kwanzas (23,1 milhões de euros) em multas para o cofre do Estado, e este valor a gente não vê, é de lei que 50% deste valor reconverta para a Fiscalização", salientou. 

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O sindicalista sublinhou que desde que foi extinta a direção provincial da Fiscalização, em 2012, os agentes da fiscalização deixaram de beneficiar desta comparticipação.

"E quando a gente indaga os administradores, eles dizem que também não depende deles, que isso cai no CUTE [Conta Única do Tesouro do Estado] e quem gere é o Governo central", disse.

Em abril passado, uma nova carta foi dirigida à governadora com a decisão saída de uma assembleia de trabalhadores, na qual foi decretada uma greve entre os dias 23 e 27 de maio, a qual não mereceu qualquer resposta.

 "Chegou esta altura e nos concentramos para fazer pressão à entidade empregadora, não estamos a trabalhar e estamos aqui concentrados diante do governo da província, porque é a entidade mãe, a responsável por qualquer exercício das administrações e o nosso espanto é que estamos aqui numa passividade, veio a polícia criar tumultos sem necessidade, temos colegas feridos, com hematomas, dispararam gás lacrimogéneo e houve até pessoas que ficaram inconscientes", lamentou.

Com salários de 50 mil kwanzas (115,5 euros), os trabalhadores exigem melhoria salarial e o enquadramento dos colaboradores sem salário, situação que é do conhecimento do Governo provincial, "por isso a greve é um facto e nas administrações ninguém pode trabalhar".

A Lusa contactou o governo da província de Luanda que remeteu para mais tarde alguma informação.

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