Em Angola, a população do Kwanza Norte está revoltada com as autoridades locais devido à desapropriação de terrenos. E diz não receber indemnizações. O Governo argumenta que as terras foram ocupadas indevidamente.
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É nos municípios de Cazengo, Kambambe, Lucala e Ambaca, na província angolana do Kwanza Norte, onde se tem registado frequentemente casos de desapropriação de campos agrícolas para a construção de casas pelo Governo.
A DW África ouviu o desabafo de moradores do bairro Tenga, em Ndalatando, capital provincial, que estão em conflito de terras com a administração municipal de Cazengo.
"A administração disse que estas casas vão ter mesmo que sair", conta Helena Paulo. A moradora do bairro Tenga argumenta que a desapropriação não pode ser feita sem que a população saiba para onde deve ir. "Se já lutamos para conseguir construir, como é que vão nos tirar daqui?", questiona.
Revoltada, a munícipe acusa a administradora-adjunta para o Setor Técnico e Infraestruturas de Cazengo, Helena Pereira, e diz que as ordens para as desapropriações partem da dirigente.
"[Ela] destrói todo Ndalatando e vive já sozinha aqui na província do Kwanza Norte. Isso também não é normal. Quando tu constróis aqui, [eles] destroem. Não temos como fazer mais, já estamos saturados, estamos mal mesmo."
Francisco Miguel nasceu, cresceu e vive no bairro Tenga. Ele critica a administradora-adjunta de Infraestruturas: "Se a administração nos retirar dali, ou então partir o que já existe ali, é porque sabem onde vão colocar as pessoas. Quem fez isso está agir de má fé. Em 1984, eu nasci ali. Cresci e brinquei ali. No mínimo, se há conflito é com a senhora administradora-adjunta, porque eu não vejo conflito com outra pessoa".
Requalificação de terras
Por seu turno, a administradora-adjunta para o Setor Técnico e Infraestruturas de Cazengo justifica que a zona do Tenga estava reservada para a requalificação e que iria passar por um processo de loteamento. A dirigente acrescenta que algumas construções daquela zona vão passar por requalificação.
"Algumas construções que já lá existiam, na altura quando cá chegamos em 2017, eram menos do que são agora, e este processo arrancou com a construção de 20 casas. Essas 20 casas estão dentro de um muro de vedação. Portanto, o projeto na altura visava continuar com a construção das casas de forma a organizar o bairro", explica Helena Pereira.
O académico João Pedro Miguel critica a postura da governação local por deixar que os bairros cresçam desordenadamente para depois pôr ordem na situação. "Na verdade, se já tinha um projeto para aquele lugar, a administração não deveria dormir demais e deixar que a população ocupasse toda área e as casas crescessem".
Angola: População critica desapropriações de terras no Kwanza Norte
João Pedro Miguel apela às autoridades locais - caso destruam as residências dos moradores daquela zona de Ndalatando - que criem as devidas condições para a população erguer as suas casas nos lugares de reassentamento.
Ordenamento em duas fases
A administradora-adjunta de Cazengo para o Setor Técnico e Infraestruturas, Helena Pereira, explica que a zona em disputa é de cerca de 13 hectares, dividido em duas fases de obras.
"São cerca de 12, 13 hectares e nós repartimos em duas fases. Temos uma zona de sete hectares que era - e eu digo que 'era' porque infelizmente foi ocupado indevidamente - para loteamento, um trabalho de raiz, pois havia pouquíssimas construções e não estavam terminadas, isto a partir de 2017. A outra fase, que era para a requalificação, já dizia respeito à uma zona bastante ocupada, e o que nós queríamos fazer era orientar os arruamentos e ordenar o que já está construído".
Situação idêntica assiste-se com várias famílias residentes nos bairros Terra Nova, Cafuma, Cazenga e Kibululu na cidade do Dondo, município de Kambambe. Aguardam há mais de quatro anos pelas devidas indemnizações por parte das autoridades locais que haviam desapropriado as suas parcelas de terras para a construção de residências.
Entretanto, estão lá erguidos postes de energia eléctrica de média tensão para a eletrificação das zonas de Dez de Agosto, Kassualala, Mucoso e Massangano, respetivamente.
Luanda é a cidade que cresce mais rapidamente em África
Não são necessariamente as cidades mais populosas de África, mas são as que crescem de forma mais rápida, segundo as Nações Unidas. Luanda lidera a lista das cidades com maior crescimento populacional no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
1. Luanda, Angola
Nenhuma cidade africana está a crescer tão rapidamente como Luanda, a capital de Angola. Segundo dados da ONU, vivem aqui mais de 7,7 milhões de pessoas. A idade média dos luandenses é de 20,6 anos. A capital é uma das cidades mais caras do mundo. Mas apenas as elites de Angola beneficiam das grandes reservas de petróleo do país. A população fala em desigualdade social no país.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
2. Yaounde, Camarões
Com 3,6 milhões de habitantes, a capital dos Camarões é muito menor que a de Angola. Os serviços públicos e as representações diplomáticas estão principalmente concentrados na capital. É por isso que Yaoundé desfruta de um padrão de vida e segurança mais elevados do que o resto dos Camarões. É também um ponto central de transferência de mercadorias como café, cacau, tabaco e borracha.
Foto: Dirke Köpp
3. Dar es Salaam, Tanzânia
A população da capital comercial da Tanzânia aumentou mais de seis vezes desde 1978. Dar es Salaam, com mais de seis milhões de habitantes, é a maior cidade da África Oriental e um importante centro económico e comercial para a região. De 2000 a 2018, a população cresceu 166%.
Foto: DW/E. Boniphace
4. Kumasi, Gana
A população da cidade ganesa de Kumasi aumentou onze vezes para três milhões entre 1970 e 2017. Ultrapassou o número de pessoas que vivem na capital, Accra, em 2014 para se tornar a maior cidade do país. A população do Gana está a crescer de forma rápida, especialmente em cidades como Kumasi. A metrópole económica atrai muitas pessoas do norte do país.
Foto: Imago Images/photothek/T. Imo
5. Kampala, Uganda
Kampala, a principal capital de Uganda, fica nas margens do Lago Vitória. A população total da região mais do que duplicou desde o início do século XXI. Muitas pessoas do interior estão a mudar-se para as cidades. Kampala tem uma das maiores taxas de crescimento em todo o mundo. Espera-se que mais de 40 milhões de pessoas vivam na cidade até 2100.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Kabuubi
6. Lusaka, Zâmbia
Lusaka, o centro económico e político da Zâmbia, registou um boom demográfico nos últimos anos. O centro da cidade, nos arredores da Independence Avenue e da Cairo Road, é caracterizado por edifícios comerciais, companhias de seguros, bancos, bolsas de valores, hotéis e cadeias de "fast food" americanas. O setor industrial, os transportes e o artesanato também desempenham um papel importante..
Foto: DW/C. Chimbelu
7. Douala, Camarões
A maior cidade dos Camarões também está entre as dez cidades que mais crescem em África. Douala é o lar do maior porto da África Central, que é vital para a economia do país e toda a Comunidade Económica e Monetária da África Central. É um importante centro financeiro, industrial, comercial, cultural e de tráfego dos Camarões.
Foto: picture-alliance / maxppp
8. Mbuji-Mayi, República Democrática do Congo
Provavelmente não há outro lugar no mundo com tantos diamantes como em Mbuji-Mayi. Os comerciantes de diamantes da cidade congolesa pintam edifícios com imagens brilhantes e bonitas para atrair os mineiros. A cidade tinha apenas 30.000 habitantes em 1960. Até 2018, Mbuji-Mayi deverá ter 2,3 milhões de habitantes. A imigração em massa das áreas vizinhas aumentou drasticamente a população.
Foto: Imago Images/H. Hoogte
9. Antananarivo, Madagáscar
Antananarivo é a maior cidade e capital do Estado insular de Madagáscar. A maioria dos turistas entra e sai do país pelo aeroporto da capital. Apesar de um período de doenças e guerras no século XVIII, a população da cidade cresceu de forma constante. Esse crescimento populacional deve-se sobretudo à saída das pessoas do interior para a capital do país.
Foto: Imago Images/Xinhua
10. Pretória, África do Sul
Por último, mas não menos importante, no top 10 está a cidade de Pretória, uma das três capitais da África do Sul. É a capital administrativa, com reconhecimento também no campo do ensino superior e da investigação. Localizada a norte de Joanesburgo, Pretória é um importante centro comercial e industrial, onde são construídas ferrovias, carros, máquinas e aço.