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Angola: População do Bengo critica mau estado das estradas

António Ambrósio
7 de janeiro de 2023

Automobilistas do Bengo lamentam mau estado das estradas e questionam o destino dado ao Imposto sobre Veículos Motorizados. Autoridades reconhecem problema e prometem melhorias.

Schlechter Straßenzustand in Bengo
Foto: António Ambrósio

Anualmente, os automobilistas angolanos são chamados a pagar o Imposto sobre os Veículos Motorizados (IVM). A contribuição incide sobre a propriedade dos automóveis e motociclos e deve ser revertida a favor da melhoria de estradas do país.

Mas, em muitos pontos do país, os condutores deparam-se com estradas degradadas, esburacadas ou mesmo sem qualquer pavimentação.

Em entrevista à DW, o taxista Domingos Mário diz não compreender as razões desta realidade.

"Temos os buracos nas estradas e aquilo anda num jogo de empurra entre o INEA e a Administração local. Infelizmente, isso passa aos olhos silenciosos de quem governa", diz.

José Mário, que também faz serviço de táxi no interior da província do Bengo, lamenta que o reflexo do imposto na malha viária tarde a chegar.

"Ninguém se responsabiliza pelas avarias das nossas viaturas. Nós próprios nos remediamos e compramos o que se estraga nas nossas viaturas", lamenta.

Curtas distâncias, longas horas

Em épocas de chuva, a situação agrava-se.

Segundo o professor Ngongo Mbaxi, na estrada que liga as províncias de Luanda e Bengo, na zona do Kifangondo, fazer um percurso de três quilómetros demora cerca de duas horas. "Eu fiquei naquele engarrafamento cerca de cinco horas para fazer um trajeto com menos de um quilómetro. Não têm noção do stress e cansaço que aquilo provoca. Infelizmente, Kifangondo continua a ser um problema por falta de sensibilidade", afirma.

Foto: António Ambrósio

E não é o único. As zonas de acesso ao Nambuangongo e aos Dembos também carecem de intervenção, acrescenta o taxista José Mário.

"Eu frequento essa via de Nambuangongo-Quicabo, termino no Kissacala. Ela já não está em condições, tem alguns buracos que danificam as viaturas. Se desse para o Governo a reabilitar seria muito importante".

O automobilista Domingos Jorge concorda e chama também a atenção para os estragos nas direções, pneus e amortecedores dos carros. "O governo tem que velar na nossa via", reafirma.

Marcos Joâo é outro automobilista que pede a intervenção das autoridades e cobra a aplicação do imposto na reabilitação das vias.

"Nós pagamos para isso, então, devem ver o nosso lado", contesta.

Atualmente, o valor do IVM varia de acordo com o tipo de veículo. O pagamento deve ser feito até ao sexto mês de cada ano.

Governo reconhece problemas

O diretor provincial do Instituto Nacional de Estradas de Angola no Bengo, Fernando Ribeiro, reconhece os problemas, lamenta a carência de recursos, mas deixa promessas:

"Foram aprovados projetos para 2023, começando pela estrada Caiengue-Onzo-Muxaluando. Em breve terá início, já é um dado adquirido. Temos também a continuidade das obras de conservação de estradas. Havia impasse por falta de pagamento, mas a questão está resolvida e os empreiteiros estão a mobilizar-se para entrar em ação e dar continuidade aos trabalhos", garantiu.

Já o Administrador Municipal de Nambuangongo, Domingos Lourenço, fala em trabalhos paliativos.

"Nós temos feito os trabalhos para minimizar [os estragos], como são os trabalhos de limpeza, desmatação, terraplanagem, aplicação de manilhas... todo esse trabalho temos feito, conseguimos abrir mais de 600 quilómetros".

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