1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Angolanos queixam-se de "cemitério dos vivos" no Bengo

13 de dezembro de 2020

Na província angolana do Bengo, cerca de 500 famílias sentem-se abandonadas pelo Governo. Os moradores chamam o projeto habitacional do Panguila de "cemitério dos vivos" devido à falta de condições sociais.

Panguila, Bengo, Angola
Até três famílias vivem na mesma casas em PanguilaFoto: DW/A. Ambrosio

Panguila é uma zona residencial da província angolana do Bengo dividida por mais de 10 setores. É habitada, maioritariamente, por centenas de famílias que foram transferidas há anos pelo Executivo angolana do extinto bairro da Favela, que se localizava no prolongamento da Nova Marginal, na vizinha província de Luanda. 

Os setores 10 e 11 estão entre os mais precários. Além do mau estado das vias, há falta de luz e saneamento básico, e criminalidade. Para piorar a situação, de duas a três famílias são obrigadas a partilhar a mesma casa nas residências classificadas como do tipo T3. 

Rosa Helena reside no Panguila e enfrenta esta realidade há nove anos. "Ninguém aceita  viver com duas famílias. Cada uma tem o seu modo de organização. Muitos dizem que Panguila é o cemitério dos vivos, me sinto mal", diz a moradora.

Esperança de dias melhores

Diante da situação, ao pai de família Dias Fonseca resta apenas a esperança de dias melhores. "Nós dependemos do Governo. O Governo é que deu as casas, então o Governo é que tem que fazer esta separação. O Governo precisa continuar a trabalhar para haver esta separação das famílias de uma casa", disse.

O convívio entre famílias diferentes nem sempre termina bem. Alguns chefes de família decidiram repartir as moradias, obrigando, assim, alguns moradores a defecar ao ar livre.  

"Cada residência tem uma casa de banho. Só que há casas que têm duas famílias, então, eles dividem e só o lado de uma família é que fica com a casa de banho. É uma lástima mesmo", lamenta Cláudio Pedro, outro residente daquela zona.  

Lixo acumulado nas vias próximo ao projeto habitacional do PanguilaFoto: DW/A. Ambrosio

Alta criminalidade 

Cerca de 10 crimes são registados semanalmente no Panguila. O diretor do Gabinete de Comunicação da Polícia Nacional no Bengo, Paulo Miranda de Sousa, diz que não é fácil fazer policiamento naquela zona.  

"Nós usamos os homens e os meios. É importante saber como é que andámos em termo de iluminação pública no Panguila, como é que andam as vias de acesso para nós colocarmos um meio com rapidez que se pretende", sublinhou. 

"As vias devem estar reabilitadas, deve estar em condições para permitir que quando o cidadão solicitar os serviços da polícia, a polícia apareça a tempo."

Quem vai solucionar o problema?

O administrador municipal adjunto do Dande para a área técnica, Abeki José, reconhece as debilidades da zona habitacional do Panguila.

Abeki José: "O Ministério da Construção é o responsável para solucionar o problema"Foto: DW/A. Ambrosio

Quanto ao facto de ser considerado um "cemitério dos vivos", diz que é uma forma de a população manifestar a sua insatisfação. E avança que decorrem conversações já avançadas para resolver o caso de duas famílias a habitar na mesma casa. 

"O Governo da província do Bengo tem feito várias cartas a solicitar que o Ministério da Construção dê solução a esta questão. Como sabemos, o Panguila é um projeto do Ministério da Construção, portanto, não será o governo do Bengo a dar solução a esta questão, somente o Ministério da Construção dará solução", afirmou.  

"Temos recebido sempre respostas positivas, mas é daquelas que já se lançou o concurso e brevemente vamos construir mais casas, portanto, estamos aguardar", acrescentou. 

Importa referir que o tipo de residência do Sector 10 dessa área habitacional do Panguila é T3, ou seja, uma moradia composta por três quartos, uma sala, cozinha e quarto de banho, sendo este último o mais pequeno, comportando apenas um metro quadrado. 

Saltar a secção Mais sobre este tema
Saltar a secção Manchete

Manchete

Saltar a secção Mais artigos e reportagens da DW