1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Angola: População queixa-se de falta de casas no Moxico

Georgina Malonda
7 de junho de 2022

Na centralidade da capital provincial, Luena, que será inaugurada em breve pelo Presidente, não há casas suficientes para responder à procura. Cidadãos acusam Governo de "inaugurar obras à pressa para angariar votos".

Angola Luena | Wohnungsbauprojekt der angolanischen Regierung in der Provinz Moxico
Foto: Georgina Malonda/DW

A capital provincial do Moxico, Luena, tem mais de 400 mil habitantes. Metade são jovens que contestam o irrisório número de casas erguidas no projeto da centralidade do Luena. Além de 425 apartamentos, o projeto governamental comporta unidades educacionais, sanitárias, comerciais e sistemas de energia e de abastecimento de água.

Contactado pela DW, o representante da Kora, empresa que está a executar a obra, Mário Santos, não avançou o orçamento da obra que começou em 2010.

"É uma lástima, 425 casas para uma província como Moxico, cheia de jovens que também almejam ter o sonho da casa própria e hoje veem esse sonho pela metade", lamenta o estudante universitário Nário Marcos.

"A pressa com que se está a inaugurar essa centralidade, é óbvio que o Executivo quer dar a cara de que está a fazer alguma coisa, quer angariar voto, porque política é isso", acusa. "Estamos a ver que o Executivo está a fazer uma turnê pelo país inaugurando obras que em tempos normais duraram cinco, quatro anos. Pela força das eleições, estamos a ver que estão a durar três meses".

Exclusão dos mais pobres  

Para o ativista social Franga Franga, o principal problema é a exclusão dos cidadãos de baixos rendimentos: "Moxico tem mais população em detrimento de Bailundo, mas Bailundo foi agraciado com mais de três mil apartamentos e começamos a perceber um alto nível de paradoxo. As habitações, em condições normais, a prioridade iria efetivamente às pessoas de uma renda muito baixa."

Na opinião do ativista, "estamos diante de uma exclusão desde o momento em que não olhamos para o nosso teto mínimo salarial. Obviamente que as pessoas que ganham menos de cento e 20.000 kwanzas [cerca de 43 euros] gostavam também de ser cadastradas".

Foto: Georgina Malonda/DW

Além do número reduzido de habitações, a médica e mãe de 4 filhos Josefina Mónica critica o tamanho das residências na centralidade. "Pelo número de habitantes que se encontram cá na nossa província do Moxico, construírem apenas 425 apartamentos é uma grande tristeza para mim porque, além mesmo de serem poucos, também a questão é que esses mesmos apartamentos têm um tamanho muito pequeno. As famílias africanas não cabem porque os apartamentos não são de uma forma alargada", explica.

Milhares de candidaturas

Foram submetidas mais de três mil candidaturas às 425 casas do projeto. O sorteio tem lugar esta terça-feira, 7 de junho. O valor cobrado pelas residências pode chegar a 7 milhões de kwanzas, o equivalente a 15 mil euros.

Em declarações à DW, o porta-voz da comissão criada para a comercialização das residências, Eusébio Cassoma, falou da tramitação do processo para conseguir uma casa.

"Para a modalidade de propriedade resolúvel é preciso pagar uma renda mensal de mais de 30 mil kwanzas durante 30 anos e o rendimento necessário são mais de 122 mil kwanzas. Quem tiver um rendimento inferior poderá também concorrer, mas apenas na modalidade de arrendamento", explica.

Cazengo: Moradores denunciam péssimas condições de habitação

01:14

This browser does not support the video element.

Saltar a secção Mais sobre este tema