Bens do antigo diretor do Instituto Nacional de Estradas de Angola já foram apreendidos pela PGR. Joaquim Sebastião é suspeito de crimes de peculato e está detido preventivamente desde 31 de janeiro.
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Na segunda-feira (29.07), vários bens do ex-diretor do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), Joaquim Sebastião, foram apreendidos pelo Serviço de Recuperação de Ativos da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Entre os bens apreendidos está uma vivenda de luxo avaliada em 10 milhões de dólares, que fica em Talatona, na zona sul de Luanda. Segundo a agência de notícias Angop, os bens terão sido apreendidos para "prevenir a sua provável dissipação". Os bens deverão ficar agora nas mãos do Instituto de Gestão dos Ativos e Participações do Estado até se conhecer o desfecho do processo.
Em entrevista à DW, o ativista angolano Nelson Euclides afirma que está satisfeito com o trabalho da PGR até agora, em relação a este caso. A apreensão de bens é um sinal positivo, diz. "A medida tomada pela PGR de confiscar os bens do antigo diretor geral do INEA Joaquim Sebastião é uma medida acertada, numa altura em que se tem levantado muito ceticismo sobre o combate à corrupção no país", comenta.
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Numa declaração voluntária de bens, o antigo diretor-geral do INEA apresentou uma lista de cerca de 30 imóveis, em Angola, Portugal e Brasil e uma dúzia de veículos. Mas Sebastião não terá concordado com o confisco da casa em Talatona, segundo a imprensa angolana. No entanto, o Serviço de Recuperação de Ativos da PGR insistiu na apreensão da vivenda de luxo.
"Muitos tubarões à solta"
Nelson Euclides lembra, porém, que este não é o único caso que a PGR deve investigar. Há "muitos" mais, de acordo com o ativista. "Que não fique simplesmente pelo senhor Joaquim Sebastião. Nós, em Angola, temos claramente muitos tubarões à solta que vão mergulhando nesse oceano de bens que não lhes pertencem, bens do povo angolano", sublinha.
Arante Kivuvu, outro ativista cívico angolano, concorda que o trabalho da PGR não pode ficar por aqui: "Se for para a transparência, o combate à corrupção, todos devem ter o mesmo tratamento que Joaquim Sebastião está a ter. Os ministros, os generais e outras pessoas que tiveram responsabilidades públicas, esses também desviaram e têm mais bens que Joaquim Sebastião."
O prazo de prisão preventiva de Joaquim Sebastião termina esta quarta-feira (31.07). A defesa pediu várias vezes a anulação da prisão preventiva, mas a Justiça angolana rejeitou os recursos apresentados.
O que não é de Isabel dos Santos em Luanda?
Em Luanda, facilmente se percebe os investimentos de Isabel dos Santos. A filha do ex-Presidente angolano tem negócios na banca e nas telecomunicações. Também tem presença no comércio e nos setores petrolífero e mineiro.
Foto: DW/P. Borralho
Os negócios de Isabel dos Santos
A filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos é proprietária de muitas empresas que operam em Angola. E já há quem acredite que assumir o cargo da Presidência da República pode ser o próximo passo da empresária, que atualmente está na presidência da petrolífera Sonangol.
Foto: picture-alliance/dpa
Telecomunicações
No ramo das telecomunicações, a filha do ex-Presidente angolano e empresária Isabel dos Santos possui a UNITEL. Lançada em março de 2001, a empresa tem como principal atividade a prestação de serviços móveis de voz e de Internet. A UNITEL funciona com um total de 182 lojas próprias em todo o país, 81 das quais na capital, Luanda. A empresa tem mais de 5 milhões de clientes.
Foto: DW/P. Borralho
TV por satélite
Ainda no ramo das telecomunicações, a ZAP iniciou a sua atividade no mercado angolano em abril de 2010 e é atualmente a maior operadora de TV por satélite em Angola, segundo informações da própria empresa. Desde 2011, a ZAP também está presente no mercado moçambicano. A TV por satélite de Isabel dos Santos acabou com o monopólio que a empresa sul-africana Multichoice teve em Angola.
Foto: DW/P. Borralho
Banca
Há dez anos em operação, o Banco BIC tem mais de 200 unidades comerciais para atendimento, compostas por 195 agências e 17 centros de empresas em Angola. O banco serve de apoio para empresários que mantêm investimentos em Portugal, onde Isabel dos Santos também possui uma fatia do Banco português.
Foto: DW/P. Borralho
Sonangol
Em junho de 2016, Isabel dos Santos assumiu a presidência da maior empresa estatal de Angola, a petrolífera Sonangol. Na altura, a tomada de posse da filha do então Presidente de Angola foi criticada por juristas, que afirmam que a nomeação da empresária é ilegal e inconstitucional. A petrolífera mantém uma rede de postos de abastecimento e estações de serviços em todo o país.
Foto: DW/P. Borralho
Centro comercial
Embora Angola esteja mergulhada numa crise económica devido à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, Isabel dos Santos iniciou este ano mais um novo empreendimento em Luanda. Trata-se do Shopping Avennida, inaugurado no primeiro semestre. O centro comercial abriga dezenas de empreendimentos, muitos deles da própria empresária, como o Banco BIC, a ZAP e a UNITEL.
Foto: DW/P. Borralho
Hipermercado
A filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos também investiu no segmento de hipermercados através da rede Candando, situado no recém inaugurado Shopping Avennida. Segundo a Contidis, empresa que administra o hipermercado, a previsão é que mais dez lojas sejam inauguradas nos próximos cinco anos, num investimento total de 400 milhões de dólares.