Arrancou esta quinta-feira (08.11.) em Luanda o IV Congresso da JURA, braço juvenil da UNITA. Oito candidatos concorrem a liderança da organização. O braço juvenil do MPLA também está representado no encontro.
Publicidade
Isaías Samakuva, presidente da UNITA, o maior partido da oposição, lembra que as primeiras revoluções em Angola registaram-se na década de 50 e 70 contra o regime colonial português. Agora, acrescenta, cabe a juventude nascida nos anos 80 e 90 fazer o que chama de "terceira revolução” com o apoio dos adultos.
"O facto é que Angola precisa mesmo de uma revolução no sentido positivo que referimos atrás para transformar pacificamente [o país], mas radicalmente do seu sistema de educação, de ensino, o sistema de saúde e os sistemas de produção. O seu sistema de Governo e a sua cultura de governação", defende Samakuva.
UNITA apela à sua juventude a fazer uma terceira revolução
Juventude do MPLA representada no encontro
O ato de abertura do IV Congresso da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), contou com a presença de vários convidados de organizações juvenis entre eles o representante do Partido Socialista português (PS) e do 1º Secretário Nacional da JMPLA, braço juvenil do MPLA, partido no poder. A presença de Luther Rascova foi caraterizado como sinal da mudança que se vive na chamada "nova Angola".
O líder da juventude do MPLA comentou: "É um ato muito valioso para a organização juvenil do partido UNITA e fazemos votos de que os objetivos que foram preconizados para este congresso sejam alcançados e que, além de tudo, a JURA saia daqui mais fortalecida para ajudar a combater os problemas da juventude angolana e [contribuir para a] participação dos jovens de modo patriótico, independentemente das cores partidárias que representamos”.
Quem será o novo líder da JURA?
O ponto mais alto deste congresso acontece no sábado (10.11.) com a eleição do novo secretário-geral da JURA. Os 300 delegados presentes vão escolher entre Aly Mango, Elsa Pataco, Nelito Ekuikui, Agostinho Kamuango, Kafú Sabino, Osseas Chilemba e Rafael Mukanda o novo líder da organização.
"Amanhã vamos continuar ainda com os debates, vamos procurar encontrar aquilo que se enquadra com o momento que a nossa juventude precisa. Depois da amanhã teremos a eleição do secretário geral da JURA e o Comité Nacional", contou à DW África Francisco Gai Cacoma, secretário em exercício e coordenador do IV Congresso da JURA.
"Acaba de me matar": jovens angolanos protestam contra o Governo nas redes sociais
Devido à falta de estrutura para lidar com os efeitos da chuva, pelo menos dez pessoas morreram em Luanda. Esta situação levou os cidadãos a iniciarem no Facebook uma onda de protestos denominada "Acaba de me matar".
Foto: Guenilson Figueiredo
Perdas após mau tempo
A morte de uma criança de quatro anos desencadeou a onda de protestos nas redes sociais, com os cidadãos a partilhar imagens fingindo-se de mortos e com a mensagem "Acabam de nos matar", uma forma de repudiar a não resolução dos problemas da população por parte do Governo. Ariano James Scherzie, 19 anos, participou na campanha que rapidamente se tornou viral.
Foto: Ariano Scherzie
Sonhos estão a morrer
Botijas de gás, livros, computadores e blocos de cimento estão entre os objetos usados pelos jovens para protestar contra o que dizem ser más políticas públicas. Indira Alves, 28 anos, lamenta a situação do seu país. "Estou a morrer. Desde as condições de vida até aos sonhos, não é possível o que temos vivido nesta Angola", conta a jovem que abandonou os estudos para trabalhar.
Foto: Indira Alves
Chamar atenção das autoridades
Anderson Eduardo, 24 anos, quis "atingir pacificamente a atenção de alguém de direito a fim de acudir-nos". Decidiu participar no protesto devido ao descontentamento com a governação em Angola. "Eles nos pedem para apertar o cinto, se contentar com o bem pouco, e ao mesmo tempo tudo sobe de preço, alimentos, vestuários, electrodomésticos, e o salário não sobe”, conta o engenheiro informático.
Foto: Anderson Eduardo
Em nome dos colegas e pacientes
Cólua Tremura, 24 anos, conta o porquê de ter participado no protesto: "A minha motivação foram os meus colegas que cancelaram a faculdade por causa da crise, os colegas que morreram antes de realizarem o sonho de serem médicos, os pacientes que apenas vão ao hospital quando estão graves. Acredito que [o protesto] não alcançou os resultados previstos, que era chamar a atenção do Governo".
Foto: Cólua Tremura
Sem reações
Lucas Nascimento, 20 anos, viu no mau tempo e na falta de estrutura razões para aderir ao protesto. O jovem quis dar apoio a uma jovem da região que perdeu a casa num desabamento provocado pelo mau tempo. "Acaba de me matar quer dizer que nós já estamos mal e o Governo está acabando de nos matar", explica. "Até aqui, não notamos nenhuma reação do Governo, talvez possa ser ignorância ou desleixo".
Foto: Lucas Nascimento
Falta justiça
Guenilson Figueiredo, 20 anos, entrou na onda de protestos e teme as consequências que ela pode trazer aos cidadãos que participaram. "Não posso falar muito sobre este protesto, porque nós vivemos num país onde a justiça só funciona contra os pobres".