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Ministra da Cultura promove a candidatura de Mbanza Congo

Joana Rodrigues1 de julho de 2015

Mbanza Congo, na província angolana do Zaire, será candidata a Património Mundial da Humanidade. A Ministra da Cultura de Angola falou com a DW África sobre esta candidatura e sobre os impactos que poderá ter no país.

Mbanza Congo, na província do ZaireFoto: Universidade de Coimbra

Angola está em fase de preparação da apresentação da candidatura da cidade histórica de Mbanza Congo, na província do Zaire, a Património Mundial da Humanidade. A ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva, encontra-se em Bona, na Alemanha, juntamente com uma delegação da província do Zaire, para promover esta candidatura na 39ª sessão do Comité do Património Mundial da UNESCO (Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).

Em declarações à DW África, Rosa Cruz e Silva sublinhou alguns dos fatores culturais e históricos que fazem da antiga capital do Reino do Congo uma boa candidata a Património Mundial da Humanidade.

“Consideramos muito importante que a cidade de Mbanza Congo seja uma capital que produziu alguns elementos na sua História, já depois da presença portuguesa, relacionados com o Cristianismo. Por exemplo, temos a primeira catedral, o primeiro bispo e o primeiro embaixador no Vaticano, e temos vestígios dessa presença religiosa: as ruínas da catedral Kulumbimbi (Catedral de São Salvador do Congo), e as ruínas de alguns conventos que também fazem parte do património.”

A ministra referiu ainda outras caraterísticas e práticas da região, que lhe conferem valor histórico e cultural.

Rosa Cruz e Silva, ministra da Cultura de Angola, durante a 39ª sessão do Comité do Património Mundial da UNESCOFoto: DW/J. Rodrigues

“O espaço onde se instalou a antiga capital é um espaço que tem em seu redor 12 fontes de água, e oito dessas fontes continuam a funcionar, dando água à sua população. Têm uma existência muito antiga, muito anterior ao século XV, e cumprem uma função atual, quer do ponto de vista simbólico quer do ponto de vista prático”.

Na cidade de Mbanza Congo, segundo Rosa Cruz e Silva, “ocorrem ainda algumas práticas políticas de tempos antigos. Há um tribunal costumeiro onde, ainda hoje, todas as quintas-feiras se faz o julgamento de casos da vida quotidiana da população, nomeadamente os adultérios, roubos, entre outros. É uma atividade simbólica mas com um significado muito grande para a população, e é uma forma de preservação do legado histórico.”

Outro elemento importante, refere a ministra, é a existência de uma árvore sagrada, que faz parte “do património natural, mas ao mesmo tempo religioso da região”, e “o museu dos reis do Congo, onde se encontram alguns objetos dos reis do Congo.” A diáspora, conclui, também é importante, pois “reproduz pelo mundo elementos culturais do antigo Reino do Congo.”

“Estes elementos são os nossos grandes argumentos, tendo em conta a excepcionalidade que se exige numa candidatura de uma cidade histórica como Mbanza Congo”, diz a ministra da Cultura.

“Foi uma longa caminhada”

Rosa Cruz e Silva mostra-se confiante quanto à aprovação da candidatura, que tem por base um amplo trabalho arqueológico e de investigação.

“Para termos uma candidatura de acordo com os critérios que a UNESCO nos propõe, foi preciso fazer uma longa caminhada. Foi feito trabalho do ponto de vista arqueológico para comprovar a existência de ruínas de infra-estruturas do século XV e XVI. Desde 2009 as equipas o Ministério da Cultura começaram a trabalhar com os consultores da UNESCO, com algumas universidades nacionais e internacionais, com professores de renome, e com estudiosos do Reino do Congo. Também trabalhámos com especialistas da Universidade Agostinho Neto e do próprio Ministério da Cultura. Houve pesquisa material que se foi buscar ao Vaticano e vieram arqueólogos da Universidade de Coimbra (Portugal)”, refere.

Centro de Congressos em Bona, na Alemanha, onde se realizou a 39ª sessão do Comité do Património Mundial da UNESCOFoto: DW/J. Rodrigues

“Na nossa região não há bens culturais, mas sim naturais, e portanto este vai ser o primeiro bem histórico e cultural. Por essa razão, nós estamos absolutamente confiantes com o trabalho que realizámos. Talvez por isso tenhamos demorado bastante tempo, mas não queríamos deixar de parte nenhum fator que pudesse contribuir para reforçar a nossa candidatura”, conclui Rosa Cruz e Silva.

Impacto positivo no turismo

A Ministra da Cultura de Angola acredita que, caso Mbanza Congo seja declarado Património Mundial, o impacto será bastante positivo para o país, particularmente na área do turismo e da preservação da cultura angolana.

“Terá seguramente um impacto no turismo religioso que se pratica em Angola, e no turismo cultural”, refere. “ A classificação como Património Mundial e todas as ações que estamos a desenvolver para a preservação da cidade, irão, do nosso ponto de vista, trazer mais visitantes e mais turistas, e acreditamos que vamos contribuir para aumentar a renda do nosso país e da província do Zaire.”

Angola lançou em 2007 o projeto “Mbanza Congo: Cidade a Desenterrar para Preservar”, com o apoio de instituições como a Universidade de Coimbra, em Portugal, que também é património mundial da UNESCO. A decisão sobre a candidatura será tomada até junho de 2016.

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