Teresa Moreira, mulher do ativista Gilson da Silva Moreira, conhecido por Tanaece Neutro, voltou a gravar um vídeo e a publicar nas redes sociais apelando à libertação do seu parceiro. 

No final do ano passado, Teresa fez o mesmo quando pediu, também em vídeo, a intervenção do Presidente angolano, João Lourenço, para a liberdade do seu marido. 

Agora, quer que a sociedade exerça pressão sobre as autoridades judiciais angolanas. 

"Eu estou cansada de tanto sofrer, de tanto sobe e desce e até agora o tribunal não se pronuncia. Os juízes que estão com o processo do Tanaece Neutro, por favor, que façam alguma coisa, que mandem a soltura, porque ser mãe e pai ao mesmo tempo é difícil", apela.

Ativista detido

Tanaece Neutro está detido no Hospital Prisão de São Paulo depois de ter sido condenado, em 2022, a um ano e três meses de prisão, com pena suspensa, pelo crime de ultraje ao Estado.

O processo continua a correr os seus trâmites, uma vez que o Ministério Público recorreu da sentença. 

A justiça ordenou ao ativista que gravasse um vídeo a pedir desculpas ao Presidente da República e à Polícia Nacional, que deveria ser divulgado nas redes sociais no prazo de 15 dias. No entanto, o ativista não o fez até agora e o prazo já expirou.

Pressão social pode ajudar

À DW África, Simão Cativa, ativista que frequentemente visita o seu amigo na cadeia, diz que Tanaece Neutro continua preso "por causa do silêncio do povo angolano" e que uma pressão social pode resultar na sua libertação.

"Tanaece [é] um ativista que luta pelos direitos de todos os angolanos, de Cabinda ao Cunene, então, nesse caso, uma pressão social resultaria, sim, senhor", reforça.

Para Cativa, esta pressão devia ser feita também por outras instituições do Estado e não só. "Num país sério, o Tanaece seria defendido por todas as organizações não governamentais ou mesmo por partidos na oposição, e tinha que ser defendido pela Comissão da Assembleia Nacional que defende os direitos humanos".

O ativista Tanaece Neutro foi detido a 14 de janeiro de 2022 nas instalações do Serviço de Investigação Criminal (SIC), em Luanda, enquanto alegadamente fazia um vídeo em direto nas redes sociais em que proferia palavras injuriosas contra as autoridades angolanas e exigia a libertação de outro ativista, Luther Campos, também conhecido por "Luther King", que, entretanto, já está em liberdade.