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Angola: Professores anunciam greve contra inação do Governo

Simão Lelo
29 de outubro de 2021

Professores do Ensino Superior marcaram greve para 10 de novembro. Criticam a passividade do Executivo angolano face a pedidos de aumentos salariais e mais verbas para investigação científica.

Foto: Georgina Malonda/DW

O pagamento de subsídios em atraso e aumentos salariais são algumas das reivindicações que levaram o Sindicato dos Professores do Ensino Superior em Angola (SINPES) a convocar a greve.

Esta semana, o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou que tentou conversar com os dirigentes sindicais a fim de impedir a greve. No entanto, o SINPES entende que o Governo teve tempo suficiente para abrir conversações e não o fez.

Em entrevista à DW África, o secretário-geral do sindicato, Eduardo Peres Alberto, refere que foram esgotados todos os mecanismos de negociação. "Esta demonstração é fruto da insatisfação dos professores do Ensino Superior, que perderam o poder de compra. O desejo é que os professores catedráticos possam auferir um salário equivalente a cinco mil dólares e os docentes estagiários possam receber dois mil dólares."

Estudantes apoiam iniciativa dos professores

A falta de infraestruturas condignas e verbas para a investigação científica têm sido outros problemas levantados pelo sindicato. O aumento das propinas também gera descontentamento entre os estudantes e, segundo o SINPES, as entidades estudantis nunca foram ouvidas sobre a situação.

Protesto em Benguela contra o aumento das propinas, outubro de 2021Foto: Daniel Vasconcelos/DW

Alguns estudantes explicam à DW África que os professores têm toda a razão para assim procederem. "A avaliação sobre a falta de qualidade do ensino é fruto das poucas reformas que vemos", afirma a estudante Joana Luemba em entrevista à DW África.

João Hermenegildo, outro estudante universitário, admite que a subida das propinas seria boa para as instituições de ensino, mas chega num momento inoportuno.

"É lícita a subida, mas não satisfaz os anseios da classe estudantil, porque estamos num momento de austeridade económica. Não teremos dinheiro suficiente para satisfazer as nossas necessidades básicas."

Sindicato combate inércia do Governo

Diante das inúmeras inquietações sobre a falta de qualidade do ensino em Angola, Eduardo Peres Alberto acusa o Executivo de fazer pouco ou nada para inverter o quadro.

"O primeiro culpado da má qualidade do ensino em Angola é o Estado. É ele que nem consegue alocar verbas para melhorar as condições salariais, nem seguro de saúde, nem fundos para investigação científica", reitera.

Aquando da abertura do ano letivo no Ensino Superior, o Presidente João Lourenço reconheceu a necessidade de maior investimento no Ensino Superior e prometeu aumentar a verba destinada ao setor.

Mas o sindicalista Eduardo Peres Alberto questiona se será possível alocar fundos para a investigação científica no próximo ano: "O Presidente da República [João Lourenço] prometeu fundos monetários para a investigação científica para 2022. O problema é que o seu mandato termina no próximo ano."

Angola: Marcha contra propinas termina num impasse

01:19

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