Um ano após a implementação do programa de transferências sociais monetárias, muitos beneficiários iniciaram pequenos novos negócios. Economista avalia iniciativa de forma positiva.
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O programa Kwenda, que prevê a transferência de uma renda mensal fixa, foi lançado oficialmente em 2020, no município piscatório do Nzeto, na província angolana do Zaire. Com o apoio de 420 milhões de dólares do Banco Mundial, o projeto visa beneficiar mais de um milhão de famílias angolanas vulneráveis.
A fase piloto de implementação do programa Kwenda decorreu em cinco municípios de cinco províncias angolanas. Foram cadastradas cerca de 5.000 famílias, que recebem trimestralmente 25.500 kwanzas (equivalente a cerca de 34 euros). E, no Zaire, mais de 1.600 famílias vulneráveis do município piscatório do Nzeto foram abrangidas, numa primeira fase.
Passado um ano, a DW África foi ao encontro dos beneficiados, para constatar no terreno que resultados trouxe o projeto. Laureth Maria é uma das beneficiárias.
"Sim, deu para fazer alguma coisa. O primeiro benefício é que me ajudou a começar um negócio. Hoje em dia, já compro peixe e revendo. Então, está a me ajudar a viver com a minha família através deste pequeno negócio", disse a beneficiária.
José Abraão também foi abrangido pelo programa Kwenda: "Posso dizer que aquilo que o Governo nos deu é para satisfazer algumas necessidades e também para quem sabe gerir. Surgiu como oportunidade de formar um pequeno negócio," revelou.
Levar o desenvolvimento ao interior
A ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, não poupa elogios ao projeto do Governo.
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"É o maior e mais robusto programa social do Executivo angolano desde a independência nacional e o facto de nós estarmos a trabalhar através de novos equipamentos de novas tecnologias, como os telefones laranjinha multicaixa, estamos a levar o desenvolvimento e o progresso aos municípios do interior de Angola."
Por sua vez, o economista Carlos Donquel afirma que o programa tem trazido melhorias aos beneficiários e defende a inclusão de mais famílias carenciadas.
"A medida trouxe sim melhorias para alguns beneficiários, podemos afirmar isso. Porque muitos dos beneficiários conseguiram criar os seus próprios negócios, embora tenha faltado da parte do Governo uma política de educação financeira", disse o economista.
Carlos Donquel acrescenta que, se o programa for mais alargado, será mais viável:
"Porque se analisarmos a realidade dos municípios do país, há muitos municípios pobres e muito pobres mesmo. Então, se abranger mais pessoas seria muito melhor ainda", avaliou.
O chefe do Departamento Provincial do Fundo de Apoio Social, Maurício da Costa, garantiu que se está a trabalhar no cadastramento de novos beneficiários e, neste momento, decorre o processo de validação dos dados.
"Neste momento, na fase da validação dos dados, as nossas equipas estiveram a trabalhar nas duas comunas. Por exemplo, no Kibala do Norte, visitamos 31 bairros onde conseguimos levar as listas provisórias que o sistema gerou dos beneficiários e a população teve o contato direto com estas listas, se o seu nome saiu ou não," concluiu.
Mbanza Congo: Património Mundial sem condições para turismo
Capital da província angolana do Zaire acolhe a partir de 5 de julho o primeiro Festival Internacional da Cultura e Artes. Mas a cidade, que é Património Mundial, tem problemas e poucas condições para acolher turistas.
Foto: DW/B. Ndomba
FestiKongo anual
O Festival Internacional da Cultura e Artes (FestiKongo) passará a realizar-se anualmente na capital da província do Zaire. Essa foi uma das recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), aquando da inscrição da cidade angolana na lista do património mundial.
Foto: DW/B. Ndomba
Participação de países africanos
República Democrática do Congo, Congo Brazzaville, Gabão, Camarões, Chade e Guiné Equatorial são alguns dos países convidados. O Ministério da Cultura quer fazer da cidade um "palco de referência cultural nacional e regional", realçando os hábitos, usos e costumes da região. Evento visa também a promoção de músicos, artistas plásticos e criadores de moda, entre outros agentes culturais.
Foto: DW/B. Ndomba
Poucas condições para atrair turistas
A escassez de hotéis e outros serviços é um dos fatores que pode pôr em risco a presença de turistas na cidade histórica. Só há dois hotéis e o mais antigo não oferece condições de alojamento, segundo alguns clientes. O chefe do Turismo na província do Zaire, Ábias Fortuna, reconhece que é preciso construir novas infraestruturas e melhorar os serviços prestados para atrair mais turistas.
Foto: DW/B. Ndomba
O dilema dos transportes públicos
A província do Zaire, cuja capital foi classificada a 8 de julho de 2017 como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, não dispõe de um serviço público de transporte. Por isso, os mototaxistas são a "bóia de salvação" para muitos residentes.
Foto: DW/B. Ndomba
Falta de água potável
Tal como em outras partes de Angola, Mbanza Kongo também regista graves problemas na distribuição de água potável, apesar de a província do Zaire ter vários rios. A maior parte da população consome água imprópria para consumo.
Foto: DW/B. Ndomba
Grutas de Zau Evua
Localizadas bem no centro da província do Zaire, a poucos quilómetros de Mbanza Kongo, as grutas de Zau Evua constam da lista de sete maravilhas naturais de Angola. As cavernas fazem parte de uma rede de grutas e galerias, quase todas desconhecidas e ainda por explorar. É um local que não pode faltar no roteiro de quem visita Mbanza Kongo.
Foto: DW/B. Ndomba
Lixo espalhado pela cidade
É visível a falta de um programa de limpeza na cidade, onde os contentores estão cheios de resíduos não recolhidos. Outro exemplo é a piscina construída pelo Governo Provincial, cuja água não trocada já ganhou a cor verde. Como é prática das administrações, tendo em conta a importância do festival, começaram agora a ser traçados programas de limpeza na cidade dos "Reis do Kongo".
Foto: DW/B. Ndomba
Faltam espaços de lazer
A falta de espaços de lazer é outra preocupação dos munícipes de Mbanza Kongo, na sua maioria jovens. Devido à falta de locais para a prática desportiva, a equipa do escalão júnior do São Salvador do Kongo, o principal clube da província, treina no "jardim moribundo" do Governo do Zaire.
Foto: DW/B. Ndomba
Novo aeroporto em construção
Cumprindo as recomendações da UNESCO no dossier Mbanza Kongo como Património Mundial da Humanidade, a cidade terá um novo aeroporto, em substituição do antigo, no centro da capital do Zaire. Enquadrado no âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP), o novo aeroporto está a ser construído na comuna de Kiende, a 33 quilómetros de Mbanza Kongo.