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Angola quer 2020 com melhor previsão de crescimento

Lusa | tm
31 de dezembro de 2019

Governo angolano analisa estatísticas de 2019 e refina programação para 2020, o que permitirá melhor avaliação da previsão de crescimento económico de 1,8%, disse nesta terça-feira o ministro da Economia e Planeamento.

Ölproduktion in Angola
Foto: MARTIN BUREAU/AFP/Getty Images

O ministro angolano da Economia e Planeamento, Manuel Neto da Costa, reagiu à revisão em baixa pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) da previsão de crescimento da economia angolana para 1,2%, em 2020. Costa falava à imprensa à margem da cerimónia de cumprimentos de fim de ano nesta terça-feira (31.12).

O FMI reviu a previsão de crescimento da economia de Angola, antecipando uma contração, este ano, de 1,1%, e um crescimento de 1,2% em 2020, menos de metade do previsto. Segundo o ministro, a análise do FMI deverá ter sido influenciada pelo comportamento abaixo do esperado do setor petrolífero.

"Infelizmente persistem ainda alguns problemas no setor petrolífero. São problemas operacionais que têm levado à queda tendencial da produção. De todo o modo, hoje há investimentos que se estão a fazer no domínio da prospeção para que possam conhecer as reservas e aportar mais produção em substituição de campos, cujo nível de maturidade atingiu o máximo e neste momento têm uma tendência decrescente", disse.

Questionado sobre se Angola mantém a sua previsão de crescimento de 1,8%, Manuel Neto da Costa avançou que decorrem neste momento avaliações do que foi 2019, para refinar o exercício de programação para 2020 e permitir uma melhor avaliação.

De acordo com a análise detalhada à segunda revisão do programa de Financiamento Ampliado em curso em Angola, em 2019 a economia deverá ter uma nova recessão, de 1,1%, em vez de um crescimento de 0,3% anteriormente estimado, e no próximo ano deverá crescer apenas 1,2% e não os 2,8% previsto pelo FMI em junho.

Atividade económica mais fraca

Símbolo do Fundo Monetário Internacional (FMI)Foto: picture-alliance/dpa

"A atividade económica é mais fraca que o esperado", admitem técnicos do FMI, apontando que "relativamente às projeções da primeira revisão, o crescimento será mais baixo em 2019 e 2020 devido à produção petrolífera abaixo do esperado".

No entanto, acrescentam, "a atividade económica vai recuperar gradualmente, a partir de 2020, apoiada num crescimento moderado da economia não petrolífera e pelos efeitos positivos não só da liberalização da taxa de câmbio, mas também do PIB não petrolífero".

Para o próximo ano, o Governo de Angola prevê um crescimento do PIB de 1,8%, depois de uma contração de 1,1% este ano, baseando esta previsão na recuperação do setor petrolífero, que deve crescer 1,5% e no não petrolífero, que deverá acelerar de 0,6% este ano, para 1,9% em 2020.

Manuel Neto da Costa considerou 2020 um ano "desafiante", para o Governo no sentido de fazer reverter o curso da economia, assegurar que o investimento aconteça, para a criação de empregos e geração de rendimentos para as famílias angolanas.

"Temos o papel de coordenar o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), um programa bandeira. Mas há determinados pressupostos que têm que ser reunidos no sentido de assegurar que o PRODESI tenha sucesso. Falei da liberalização cambial, por exemplo, no âmbito da importação, o lobby da importação ainda é forte e tende a persistir no mero comércio, na simples importação", referiu.

Segundo o ministro, a entrada em vigor da pauta aduaneira revista vem assegurar a proteção da produção interna e desfazer a importação, medidas que vão confluir na criação de facto de uma base económica nacional além do petróleo.

Burocracia

Sede do Banco MundialFoto: AFP/Getty Images/E. Baradat

O ministro angolano também apontou o combate à burocracia como um dos desafios para 2020, depois do país ter recuado quatro posições no relatório 'Doing Business'do Banco Mundial deste ano. E salientou que 2020 será o momento de procurar "reverter a tendência em curso da economia, no sentido da retoma do crescimento económico, que vai levar a geração de empregos".

"Nos últimos dois, três anos, o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) foi negativo, na última avaliação do relatório 'Doing Business', Angola, na posição em que se encontrava no relatório em 2018, recuou quatro posições, e isso não nos conforta. Isso deve levar-nos a redobrar os nossos esforços, dedicação, e a procuramos a excelência no desenvolvimento da nossa atividade e combater a mediocridade", disse o ministro.

Em declarações, Manuel Neto da Costa referiu ainda que estão previstas reformas para se alterar este quadro, essencialmente aquelas que vão colocar fim à excessiva burocracia e à simplificação administrativa. Segundo o ministro, este plano de ação já foi aprovado e as medidas para implementação devem acontecer até ao final do primeiro trimestre de 2020, podendo assim levar à melhoria da posição de Angola.

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