Segurança: Angola quer acordo de cooperação com RDC
Lusa
15 de julho de 2020
O ministro do Interior de Angola manifestou a necessidade de assinar com a República Democrática do Congo um acordo de cooperação em matéria de segurança e ordem pública, bem como a redefinição dos marcos fronteiriços.
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Eugénio Laborinho expressou este interesse numa reunião por videoconferência realizada esta terça-feira (14.07) com o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior da RDC, Gilberto Malamba, na qual passaram em revista a cooperação entre os dois países, segundo uma nota divulgada pelo Ministério do Interior.
O governante angolano apontou a necessidade de se proceder à verificação e reposição dos marcos fronteiriços entre os dois países vizinhos, bem como realizar missões conjuntas de patrulhamento ao longo da fronteira comum e encontros técnicos periódicos entre os comandantes e chefes locais da Polícia de Guarda Fronteira e migração e estrangeiros.
O reforço das medidas de controlo e sensibilização dos cidadãos repatriados, a tomada de medidas para a salvaguarda dos espaços marítimos e fluviais e o registo dos cidadãos de ambos os países residentes na fronteira são também passos a serem dados na cooperação entre os dois Estados.
Soldado angolano morto por Exército congolês
Os últimos incidentes registados nas zonas fronteiriças das províncias angolanas de Cabinda e Lunda Norte, que resultaram recentemente na morte de um membro de Guarda Fronteira angolano foram também abordados na reunião entre os dois ministros.
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O titular da pasta do Interior de Angola manifestou a sua preocupação com o atual estado dos marcos de fronteira, que precisam ser remarcados e definidos, assim como as questões que propiciam a imigração ilegal, contrabando de combustíveis, de medicamentos, bens da cesta básica, assim como questões de segurança fronteiriça.
"Muitos postos de fronteira ou de travessia apresentam infraestruturas precárias que dificultam realizar com eficiência e eficácia o controlo policial e aduaneiro como é do nosso desejo", disse Eugénio Laborinho.
Segundo o ministro, essas debilidades "têm permitido a entrada e saída de pessoas e bens de forma irregular, contribuindo deste modo para o surgimento e a prática de diversos crimes, designadamente o contrabando de mercadorias, o tráfico de armas e drogas, de seres humanos, imigração ilegal, bem como o abate indiscriminado da fauna e da flora, o contrabando de combustível, de medicamentos, contrafação de moeda e falsificação de documentos".
Por sua vez, o dirigente congolês considerou importante a reunião, porquanto vai reforçar as relações de consanguinidade seculares, que se estabeleceram entre angolanos e congoleses democráticos.
A questão da pandemia foi também tema da reunião, no que se refere às medidas excecionais de prevenção contra a Covid-19 e a situação de segurança ao longo da fronteira comum, ficando o compromisso de tudo ser feito para ultrapassar os constrangimentos.
"Congo Stars": Cinco décadas de arte congolesa em exposição
Uma exposição em Tübingen, no sudoeste da Alemanha, apresenta trabalhos de artistas congoleses desde a década de 1960. Até ao final de junho, os visitantes poderão fazer uma viagem impressionante pelo Congo.
Foto: J. Greet
A imagem de um Congo esperançoso, 2006
Nesta pintura, intitulada "A imagem de um Congo próspero e esperançoso", o artista Makenge Mamungwa, vulgo SAPINart, apresenta uma visão de como seria o seu país no futuro. Embora a República Democrática do Congo (RDC) seja rica em recursos naturais, continua a ser um dos países mais pobres do mundo. Mas a cena artística, por outro lado, mostra um país próspero e desenvolvido.
Foto: W. Horvath
Marcha contra o HIV/SIDA
Cheri Samba é uma das estrelas da arte congolesa. Fundou a Escola de Pintura Popular do Zaire em Kinshasa e participou em grandes exposições internacionais desde 1989. Através das suas obras, mostra como interage com os congoleses no seu quotidiano - da vida noturna caracterizada principalmente pela música, à pobreza, exploração e doenças como a SIDA.
Foto: Collection Lucien Bilinelli
Artigo 15, 1992
Bayangu Mayala, conhecido como Maitre SYMS, aprendeu a fazer serigrafias e retratos na escola de arte de Cheri Samba antes de abrir o seu próprio estúdio em 1977. Também aborda as preocupações quotidianas dos congoleses. Na obra "Artigo 15" refere-se a uma anedota popular congolesa, segundo a qual todos devem cuidar de si mesmos, de acordo com o artigo 15 da Constituição.
Foto: Collection Lucien Bilinelli/Maître SYMS
Nganda Tika Muana, 1992
Monsengo Kejwamfi, "Moke", é um pintor autodidata. Hoje, é um dos embaixadores da arte congolesa mais conhecidos a nível internacional. "Moke" vê-se como um "jornalista pintor". Muitas das suas obras mostram que a dependência mútua de dinheiro e amor numa sociedade patriarcal nunca é ocultada.
Foto: Collection Lucien Bilinelli
"Rei Satélite", 2012
Monsengo Shula começou a pintar murais e arte comercial como assistente do seu primo "Moke" aos 15 anos de idade. "Roi Satellite" refere-se ao programa espacial de curta duração, mas ambicioso, do Zaire nos anos 70, então governado por Mobutu Sese Seko. O trabalho mostra "afronautas" em trajes espaciais coloridos, representando um futuro de progresso e prosperidade.
Foto: westudio.fr
Mami Wata, 1962
Uma das pinturas mais antigas da exposição é de Kayembe F. Retrata uma sereia acompanhada por uma cobra. A figura é considerada sedutora, mas também causadora de sofrimento. Ironicamente, com a sua pele clara, a sereia representa simbolicamente a procura de prosperidade e de uma vida de luxo.
Foto: Collection RMCA Tervuren
Uma viagem imaginária, # 11, 2006
Inspirada pelo trabalho fotográfico do pai, Gosette Lubondo dedicou-se à fotografia de estúdio quando estudava design gráfico na Academia de Belas Artes de Kinshasa. Na sua série de fotos "Viagem Imaginária", Lubondo tematiza a necessidade de viajar de comboio, o que sempre foi muito difícil na República Democrática do Congo devido à falta de ligações.
Foto: Gosette Lubondo
Los Galacticos, 2010
Joseph Kinkonda (Cheri Cherin) também estudou na Academia de Belas Artes de Kinshasa. Entre os seus professores estava o artista austríaco Peter Weihs. Na década de 1970 surgiram as "pinturas populares", que retratam com diferentes características personalidades conhecidas. Cheri Cherin usa o humor para que os amantes da arte reflitam criticamente sobre os problemas do país.
Foto: W. Horvath
Ko bungisa mbala mibale (Segunda Derrota), 2017
Eddy Kamuanga Ilunga fundou o estúdio M'Pongo com outros artistas em 2011. Na série "Perte de Repères" ("Perda de Referências", em tradução livre) tematiza o período após a independência, em que se sentiram as consequências económicas da desindustrialização e houve uma perda de identidade. Estas e outras obras estarão expostas na galeria de arte de Tübingen até ao final de junho deste ano.