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Angola: Refugiados congoleses terão vida "mais condigna"

8 de agosto de 2017

Começa nesta terça-feira a transferência de 32 mil refugiados congoleses instalados em Dundo, Angola, para uma nova área. Segundo o ACNUR, o novo assentamento terá melhores infraestruturas.

Angola Lisboa Kongolesische Flüchtlinge
Foto: DW/N. Sul d'Angloa

Começa esta terça-feira (08.08) a transferência de cerca de 32 mil refugiados da República Democrática do Congo (RDC) instalados em dois centros da cidade do Dundo, capital da província angolana da Lunda Norte. Os refugiados serão transferidos para um novo centro com capacidade para mais de 50 mil pessoas, na localidade do Lóvua. 

Os conflitos étnicos e políticos na região congolesa de Kasai levaram à morte de mais de 3 mil pessoas no espaço de um ano, segundo a Igreja Católica. O conflito começou em 2016, quando a região de Kasai passou a ser palco de uma onda crescente de violência, que começou quando o Exército abateu o líder da milícia Kamuina Nsapu. Os seus seguidores revoltaram-se contra o Governo para vingar a sua morte. 

1,4 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de suas casas, de acordo com as Nações Unidas. A maioria, mulheres e crianças. Muitos procuraram refúgio em Angola.

Margarida Loureiro, responsável pelas relações externas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Lunda Norte, disse em entrevista à DW África que a sociedade angolana tem recebido bem as pessoas que chegam da RDC.

Angola: refúgio seguro para congoleses

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DW África: A transferência de mais de 32 mil refugiados da República Democrática do Congo (RDC) inicia-se nesta terça-feira. Que perspetivas terão esses congoleses de um futuro melhor em Angola?

Margarida Loureiro (ML): O assentamento é constituído por zonas e as zonas por vilas. Cada família terá o seu terreno para construir a sua casa e a sua zona de higiene privada. As expetativas são muito melhores do que aquelas que eles têm atualmente, porque Mussunge e Kakanda são centros de acolhimento provisórios. A ideia do Lóvua, e nós temos colaborado com o Governo [angolano] desde o início, é providenciar um espaço mais condigno aos refugiados da crise do Kasai. Cada família terá a sua casa, o seu lote, com infraestruturas comuns. Cada vila terá cerca de 660 pessoas. Portanto, vamos fazer espaços comunitários. E, sim, as perspetivas são de terem uma vida mais condigna do que aquela que têm atualmente.

DW África: Estes assentamentos são construídos com a perspetiva de que um dia os refugiados voltem ao seu país de origem?

ML: A melhor solução é a de que um dia eles possam voltar. Mas nós, nos assentamentos, não incentivamos ou apoiamos ninguém a regressar. Queremos que as pessoas, enquanto estão em Angola, vivam de forma condigna, em casas. Eles terão materiais para as construir e apoio para o fazer em caso de dificuldade, e, além disso, terem uma vida que seja o mais pacífica possível. Estão rodeados por outras comunidades - não estão isolados. Ou seja, não estão em campos. Estão num assentamento, num terreno bastante grande com espaço para escolas, centros médicos. Eles têm uma vida muito melhor no Lóvua até que um dia possam regressar,

Desde março, chegaram a Angola mais de 32 mil refugiados congolesesFoto: DW/N. Sul d'Angloa

DW África: Acredita que Angola tem capacidade ecónomica para integrar socialmente os refugiados congoleses?

ML: Para já, o Governo angolano tem-nos apoiado em tudo, assim como o ACNUR, desde o início da crise.  

DW África: A senhora percebe reações negativas ou positivas por parte da sociedade angolana em relação à integração dos refugiados congoleses que chegam?

ML: As reações da comunidade de acolhimento no Lóvua têm sido muito positivas. Não há muito tempo, era o Congo que acolhia os refugiados angolanos e eles não se esquecem disso. Portanto, há uma reação muito positiva por parte dos angolanos.

DW África: Há países no mundo onde a sociedade tem receio de receber refugiados por conta - em alguns casos - do medo de perder o emprego ou pelo medo da concorrência que os refugiados possam representar. Existem tais reações em Angola?

ML: Não. A reação é muito positiva. No Lóvua, por exemplo, as pessoas vêem essa movimentação de pessoas como uma possibilidade de dinamizar a própria região, que tem pouca gente. Além disso, a região tem um terreno muito fértil. É uma possibilidade de estabelecer outros negócios, ter uma rede comercial diferente. As pessoas estão muito satisfeitas.

 

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