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Angola: Sete ativistas do MIC detidos em Cabinda

Simão Lelo
3 de julho de 2022

Em Angola, sete membros do Movimento Independentista de Cabinda (MIC) foram detidos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC). Um dos ativistas voltou a ser preso apenas 30 minutos depois de ter obtido liberdade.

Gefangener hinter Gittern (Symbolbild)
Foto: YAY Images/imago images

A detenção dos sete membros do MIC aconteceu na tarde desta sexta-feira (1.7), menos de uma hora depois de o Tribunal da Comarca de Cabinda absolver Alexandre Dunge e António Tuma, que estavam detidos desde o ano passado.

Os dois ativistas políticos - Alexandre Dunge e Antonio Tuma – , detidos desde outubro de 2021, foram acusados de crimes de associação criminosa e rebelião. 

A liberdade de Antonio Tuma durou apenas 30 minutos, após o episódio de ontem, em que foi detido novamente.

Agora, os sete detidos são Sebestão Macaia Bungo, António Victor Tuma, Joaquim do Nascimento Sita, Jorge Gomes, Teofilo Gomes, Marcos Futi Poba Polo e José  Isamo.

Alexandre Dunge.Foto: Simao Lelo/DW

Tratamento médico

Alexandre Dunge, que se encontra em tratamento médico, também esteve no tribunal para a sessão do último julgamento onde foi lida a sentença, dada como inocentes dos crimes. Dunge esteve no local  antes do episódio pois a sua saúde não permitia estar aliado aos demais.

O Presidente do MIC, Carlos Vemba, explicou o ocorrido à DW África, e entende que houve má interpretação dos agentes da polícia. "Tudo aconteceu quando os nossos membros caminhavam [por Cabinda] com indumentárias da [nossa] organização, depois da soltura dos [ativistas] presos desde o ano passado", explicou Vembra. 

"Mas […] a polícia interpretou que estavam a criar instabilidade na via pública. O órgão afirma que os mesmos incitavam 'instabilidade' e estariam a se manifestar - o que não é verdade”, acrescentou.

O Presidente do MIC, Carlos Vemba. Foto: Privat

"Momento negro para democracia"

Ainda segundo Vemba, sem "sombra de dúvidas" se trata de mais um "momento lamentável" e "indescritível", disse, "é mais um momento negro para nossa suposta democracia".

"Continuamos a assistir uma violação a todos níveis, os ativistas continuam a ser vítimas e isso não é normal", acrescentou.

No relatório do Serviço de Investigação Criminal de Cabinda (SIC) consta que os mesmos estariam a realizar uma manifestação não-autorizada. Sem pormenores, um investigador ligado ao SIC, que pediu anonimato, disse à DW África que "os mesmos membros dessa organização estariam a realizar uma manifestação, criando assim instabilidade na via pública, por isso tal facto".

Foto: Simão Lelo/DW

Agressões

Outro porta-voz do MIC, José Pedro, denunciou e agressões e disse "condenar todo tipo de violência".

"Infelizmente, José Issambo foi fortemente agredido pela polícia. Entendemos que eles [a polícia] querem, de qualquer maneira, encontrar um motivo para condenar os nossos, com inverdades".  

Cidadãos próximos ao local onde foram detidos os ativistas do MIC disseram à DW África que os mesmos apenas celebravam a liberdade dos colegas. 

O MIC diz que já acionou todos os mecanismos e que darão uma resposta pública em breve.

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