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Angola: Sociedade espera benefícios dos ativos recuperados

26 de julho de 2023

Angola divulgou na semana passada a lista dos ativos recuperados no âmbito do combate à corrupção. Cidadãos elogiam a iniciativa, mas ainda não veem o impacto desses ativos nas suas vidas.

Foto de arquivoFoto: Simão Lelo/DW

O jovem estudante José de Carvalho fica feliz com o anúncio de que Angola recuperou 19 mil milhões de dólares em valores e bens no âmbito do combate à corrupção e branqueamento de capitais. Mas destaca que é necessário esclarecer como é que esses ativos apreendidos estão a beneficiar a sociedade.

"Recuperou-se os ativos, mas o que se faz agora com estes ativos que foram recuperados?", questiona o jovem.

Sociedade civil deve 'estar atenta'

A divulgação, na semana passada, da lista de ativos recuperados pela Procuradoria-Geral da República é apenas o primeiro passo. Agora, é hora de traduzir esses recursos em ações concretas que beneficiem todos os cidadãos angolanos, afirma outro cidadão ouvido pela DW África, Damião Miguel. 

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Para ele, é imperioso que a sociedade civil acompanhe de perto todo este processo e exija transparência e responsabilidade aos governantes: "Por exemplo, para onde foram os milhões do caso Lussati? Não há transparência nisso", comenta.

Milhares de milhões recuperados

O Serviço Nacional de Recuperação de Ativos informou que foram recuperados sete mil milhões de dólares no interior do país e 12 mil milhões no exterior. A lista de ativos recuperados inclui 49% das participações no Standard Bank Angola, no valor de 117 mil milhões de kwanzas (equivalente a 142 milhões de dólares), além dos hotéis IKA e IU. Também constam apartamentos, condomínios, fábricas, vivendas, lojas e escritórios, entre outros bens recuperados, tanto em Angola como no estrangeiro.

No entanto, os cidadãos continuam céticos em relação ao impacto dessas recuperações.

"Até agora, não sinto que tenha surtido efeito nas nossas vidas", afirma o cidadão Carlos Panzo.

Todos esses ativos "poderiam ser direcionados para melhorar áreas críticas" em Angola, continua Carlos Panzo, seja para a melhoria das infraestruturas de educação e saúde no país ou para estimular a economia e gerar os empregos tão aguardados pelos jovens.

À DW, o economista angolano Teixeira de Andrade também enfatiza a necessidade de mais transparência no processo de recuperação de ativos. Para isso, será necessário combater a impunidade e apurar responsabilidades: "Se você for buscar quem esteve por de trás da roubalheira envolvendo o Standard Bank, por exemplo, tem de ser uma pessoa com alta expressão política e não só, para fazer uma coisa dessas", diz Teixeira de Andrade. "Mas quem são essas pessoas?"

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