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Angola: Sonangol refuta acusações feitas por Mário Leite

Lusa | cvt
26 de setembro de 2020

Petrolífera diz que acusações de Mário Leite da Silva, ex-assessor de Isabel dos Santos, são falsas. Líder da UNITA critica silêncio das instituições e da imprensa pública sobre acusações envolvendo a petrolífera.

Angola Treibstoffschmuggel | Sonangol
Foto: DW/N. Sul d`Angola

"A Sonangol refuta todas as acusações que lhe são dirigidas, por serem falsas" afirmou a petrolífera angolana. 

Numa nota, a empresa salientou ainda "que as alegações apresentadas na dita denúncia estão a ser discutidas em sede própria, a saber, no âmbito dos vários processos judiciais, criminais e cíveis, que envolvem o senhor Mário Filipe Moreira Leite da Silva e os seus associados, a senhora Eng.ª Isabel José dos Santos e o senhor Dr. Sindika Dokolo, cujas investigações subjacentes são do domínio público".

A empresa aguarda "serenamente" pelo desfecho dos processos judiciais em curso, mas assegurou que "mantém-se naturalmente disponível para prestar todos os esclarecimentos, para além daqueles já prestados nos supraditos processos, que lhe sejam solicitados pelas entidades competentes em relação às alegadas denúncias" de Mário Leite da Silva.

Assim como, relativamente "à conduta do mesmo e dos seus associados", Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, "perante a Sonangol, em particular, durante o período temporal invocado na alegada denúncia".

A empresa sublinhou que tomou conhecimento da alegada denúncia, dirigida por Mário Leite da Silva a várias instituições de crédito, bancos centrais, reguladores bancários e, inclusivamente, às comissões de Assuntos Jurídicos e de Petições do Parlamento Europeu, através da comunicação social. 

O antigo assessor da empresária Isabel dos Santos na Sonangol queixou-se junto de reguladores internacionais sobre um "contrato falso" que terá lesado a petrolífera angolana em 193 milhões de euros em 2005.  

Adalberto Costa JúniorFoto: DW/M. Luamba

UNITA quer mais ação

Também na sexta-feira (25.09), o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, manifestou preocupação com acusações relativas à petrolífera angolana Sonangol e o envolvimento de "figura relevante" da presidência da República em atos de alegado favorecimento em negócios.

Adalberto Costa Júnior reagia numa mensagem publicada nas redes sociais à "quantidade de informações preocupantes" que os angolanos têm estado a receber nas últimas semanas, que nomeadamente "atentam a gestão e a transparência" da empresa pública Sonangol.

"Tudo isto ocorre sem que haja iniciativas de quem de direito, nomeadamente a Procuradoria-Geral da República", disse Adalberto Costa Júnior, considerando ainda "mais grave" esta semana "a publicação em que é tornada pública a informação, não pela primeira vez, que envolve figura relevante da Presidência da República".

Em causa estão "acusações bastante graves de violação à transparência e à Lei da Probidade Pública, inclusive com a indicação de que estas violações foram possíveis, porque também assinadas pelo Presidente da República", acrescentou.

Esta semana, a televisão portuguesa TVI divulgou notícias, segundo as quais o chefe de gabinete do Presidente de Angola, João Lourenço, estaria a ser favorecido em negócios com o Estado, com o aval do chefe de Estado angolano.

O nome de Edeltrudes Costa foi citado como tendo recebido milhões de dólares, de origem desconhecida, tendo a sua empresa EMFC, as iniciais do seu nome, sido beneficiada em contratos de consultoria e prestação de serviços.

Edeltrudes CostaFoto: Xinhua/Imago Images

Silêncio da imprensa pública

O presidente da UNITA manifestou também preocupação com o silêncio sobre a denúncia feita pelo ex-assessor de Isabel dos Santos nas instituições, sobretudo nos órgãos de comunicação públicos.

"Estamos muito preocupados. E, decorridos alguns dias, é surpreendente o silêncio das instituições, é surpreendente que para outros casos haja rapidez, mas para este nem sequer a imprensa dá uma vírgula de notícia, um segundo de cobertura", salientou.

Segundo Adalberto Costa Júnior, em nenhum dos órgãos se noticiou "o que quer fosse sobre esta matéria", o que demonstra que Angola está "a viver um monopólio absoluto dos órgãos de comunicação e que o Estado está a violar inclusive a Lei de Imprensa".

"Isto não se coaduna a uma sociedade democrática que nós todos pretendemos abraçar", referiu o dirigente da UNITA, considerando que "é urgente que quem de direito não transfira cada vez mais a ideia que o combate à corrupção é apenas uma causa para alguns, não é universal e que é dirigido".

"Esperamos o mais rápido possível, que os órgãos cumpram com a sua missão e que de facto não haja protegidos e que estejam acima da lei", exortou.

A situação atual do país, prosseguiu, "é a razão que faz partilhar estas grandes preocupações de uma Angola que vê cada vez mais o que é de todos mal gerido".

Para Adalberto da Costa Júnior trata-se de "mais uma preocupação acrescida no âmbito daquilo que é a falta de cumprimento pelas leis e a impunidade" que disse ser "cada vez mais uma instituição" no país.

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