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Angola: Subsídio de instalação para deputados causa polémica

9 de julho de 2023

A UNITA, oposição angolana, vai partilhar 50% do subsídio de instalação dos seus deputados, depois de ter sido divulgada a atualização destes benefícios, aprovada por todos os partidos da Assembleia Nacional.

Angola Luanda | Parlament - Assembleia Nacional
Foto: DW/B. Ndomba

Em conferência de imprensa, em Luanda, o presidente do grupo parlamentar, Liberty Chiaka associou a polémica em torno dos subsídios - com o maior partido da oposição a ser alvo de críticas por ter votado favoravelmente esta proposta - a uma "manobra de distração" e salientou que não é o país que está em crise, mas sim a governação.

O grupo parlamentar da UNITA votou a favor da atualização dos subsídios de instalação e de fim de mandato dos eleitos à Assembleia Nacional, mas, segundo Liberty Chiaka, os deputados receberam orientações do líder do partido, Adalberto da Costa Júnior, para "partilhar em 50% o subsídio de instalação com a sociedade e outra parte no quadro das responsabilidades individuais".

Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITAFoto: John Wessels/AFP

"Não há espaço para diversão que busca desviar o cerne do debate público das causas da crise económica e financeira", prosseguiu.

"Manobra de distração"

O analista político ouvido pela DW, David Sambongo, também é da opinião de que esta é uma "distração" do Governo, até porque é uma resolução que entrou em execução em março deste ano, juntamente com o orçamento de geral do estado.

"Não passa de uma manobra de distração", começou por dizer. 

"Assiste-se a um agravar muito forte da situação da vida dos angolanos. As familias estão cada vez mais carenciadas, a queda da nossa moeda nacional, e isso faz com que o poder de compra diminua significativamente", comentou.

O analista angolano acredita que o anuncio da UNITA em doar 50% do subsidio em causa é um "contra-ataque" à jogada feita pelo Governo.

"Trazendo esta problemática (o subsídio), o Governo tenta colocar a oposição e o poder "no mesmo saco", disse.

David Sambongo acrescenta ainda que um deputado do MPLA tentou passar a mensagem de que a UNITA "só aprova o Orçamento interno da Assembleia Nacional, porque tem regalias e confortos para os seus deputados".

No entanto, o analista político lembra que "a oposição não aprova um Orçamento Geral de Estado desde 1992".

João lourenço, Presidente de AngolaFoto: Amanuel Sileshi/AFP/Getty Images

UNITA diz que Governo perdeu o rumo

Liberty Chiaka criticou ainda as políticas "desastrosas" do Governo, acusando o titular do poder executivo de ter perdido a luta contra a inflação, enquanto "oportunistas arquitetam novos esquemas para continuarem a roubar".

Foram constituídos cartéis de importação dos derivados do petróleo que bloqueiam a diversificação da economia" e multiplicam-se os atentados contra o Estado de direito, enquanto as "pessoas estão com fome, desempregadas e desesperadas", disse.

"Ao invés de mudar de rumo, a partir de um gabinete de ação psicológica ou estudos estratégicos, ensaiam-se estratégias de diversão dos cidadãos da questão essencial", acusou o deputado, segundo o qual a crise "resulta da má governação, da corrupção, da impunidade, da captura do Estado, do autoritarismo e do roubo aberto ou mascarado".

Liberty Chiaka lamentou que só o grupo parlamentar da UNITA se tenha solidarizado com as famílias dos jovens que foram assassinados durante as manifestações.

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