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Angola: Surto de sarna "tira o sono" no Namibe

Adilson Liapupula
3 de fevereiro de 2022

Elevado número de casos de sarna preocupa munícipes do Camucuio, na província do Namibe. População denuncia a falta de saneamento básico e tratamentos contra a doença, mas Governo garante que há medicamentos disponíveis.

Surto de sarna no Namibe está relacionado com a falta de saneamento básico e água potávelFoto: Adilson Liapupula/DW

O município do Camucuio debate-se com o surto de sarna. Já há mais de 3.500 casos diagnosticados só este ano, um aumento considerável dos 357 do ano anterior. A comuna do Mamwe é a mais infetada, com cerca de 50% dos casos de sarna.

O surto está a preocupar os munícipes pela propagação rápida da doença, como é o caso de Fernanda Wachilala Custódio. "A sarna é que nos tira o sono. A gente não consegue dormir porque cada dia uma nova pessoa tem essas borbulhas incómodas", diz a cidadã.

Segundo Wachilala, os médicos afirmaram que a causa da doença se prende com a falta de higiene.

No entanto, "a água aqui não é tratada, vem com todos os micróbios e bichos", explica a cidadã que se queixa da qualidade e da escassez da água. "Temos dificuldade em tomar banho todos os dias por causa da água, que aqui é difícil. Agora vamos cartar água para cozinhar ou para tomar banho".

Críticas ao Governo

Para o ativista e porta-voz das autoridades tradicionais Wachila Malenga, é preciso melhorar o saneamento básico no município. Este vai mais longe dizendo que o Governo não está preocupado com a população. "Estamos a lamentar muito os problemas que se passam aqui", diz.

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O ativista denuncia a carência das infraestruturas médicas: "se aqui surge a sarna é por falta de medicamento, nos postos de saúde não há medicamento e os aparelhos não funcionam".

Malenga diz ainda que, "quanto à questão da higiene, nós é que vamos aplicar em conjunto com os ativistas sanitários para podermos sensibilizar a população".

Por seu turno, o responsável da Saúde no município, Jeremias Dambi, diz que a falta de higiene pessoal e comunitária está na base da expansão da sarna, mas reconhece a escassez de água nas comunidades.

"A higiene não é a melhor, então a doença encontrou uma área fértil, por isso está-se a propagar na maioria da população. Mas também a falta de água em algumas localidades tem influenciado negativamente", explica.

Sensibilização e medicamentos

Jeremias Dambi avança que as autoridades locais levam a cabo uma campanha de sensibilização. O foco da campanha é para que a população perceba "o que é a sarna, como é transmitida e quais são as medidas para prevenirmos a doença".

Dambi ainda assegura que o município possui medicamentos para o tratamento dos infetados pela sarna. "A direção municipal adquiriu alguns medicamentos para tratar esses casos. Podemos afirmar que todas unidades sanitárias do Camucuio contam com medicamentos para tratar a sarna", garante o responsável da Saúde do Camucuio.

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