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Taxistas angolanos distanciam-se do vandalismo durante greve

António Cascais
11 de janeiro de 2022

Em Angola, as associações de taxistas ANATA, ATA e ATL demarcam-se da violência de ontem durante a sua greve, supostamente "por indivíduos forjados para manchar o bom nome das associações que convocaram a paralisação".

Angola Konflikt um die Fahrpreise für die Taxis
Foto: DW/P. B. Ndomba

Esta terça-feira (11.01), as associações de taxistas de Luanda deram uma conferência de imprensa para tornar públicas as suas posições sobre as violências que aconteceram esta segunda-feira (10.01) no contexto da greve dos taxistas, vulgo candongueiros.

A DW África entrevistou Alexandre Barros, secretário-geral da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA).

DW África: Qual foi a mensagem principal que passaram hoje, na conferência de imprensa, à comunicação social?

Alexandre Barros (AB): Hoje tivemos uma conferência de imprensa onde se decretou a suspensão temporária da paralisação do táxi em Luanda, porque precisamos de fazer o balanço das detenções.

DW África: Demarcam-se da violência de ontem. O que aconteceu durante a paralisação?

O MPLA, partido no poder em Angola, repudiou o vandalismo contra o seu edifício durante a greve dos taxistasFoto: N. Camuto/DW

AB: A paralisação começou ontem às 4 horas da manhã, com a mobilização de todos os secretários municipais, distritais e provincial e estavámos a constatar que a paralisação decorria sem sobressalto. Infelizmente, por volta da oito horas começamos a verificar que a população no Benfica, na paragem, revoltou-se, sairam partindo e a invadir o comité do partido MPLA, queimaram um autocarro do centro de hemodiálise, ato repudiante. Não sabemos, obviamente, quem praticou tais atos, porque o taxista que está a reivindicar não precisa de levar mochila, não tem tempo de levar combustível. Aliás, estavámos nos nossos carros e não sabemos quem são as pessoas que praticaram estes atos.

DW África: E depois, o que aconteceu? A polícia começou a prender os vossos associados?

AB: Ontem, prenderam o secretário do Kilamba Kiaxi, prenderam a secretária-adjunta do Kazenga e hoje tivemos quase 43 detenções. E quando eram três horas da manhã foram indivíduos armados a minha casa. Os que espreitaram pela janela dizem que pareciam indivíduos do SIC [Serviço de Investigação Criminal], tinham alguns coletes refletores. Então, nós não assumimos obviamente e não somos tão terroristas ao ponto de queimar e invadir o comité do MPLA, o que o partido tem a ver connosco, taxistas?

DW África: Entretanto, o tribunal de Luanda começou hoje a julgar as pessoas detidas em Luanda na sequência dos distúrbios que tiveram lugar esta segunda-feira?

AB: Sim, o tribunal de Luanda começou hoje a julgar uns que foram detidos hoje de manhã e outros que foram detidos ontem à noite. O nosso secretário do Kilamba Kiaxi tem problemas sérios de saúde, ontem mesmo passou mal e teve de ser levado a uma unidade sanitária para os primeiros socorros. Detiveram também dezasseis jovens que estavam unicamente parados com a sua viatura e não faziam vandalismo algum.

DW África: Portanto, acusa a Polícia Nacional de excesso de zelo, é isso?

AB: Acuso, sim senhor, a Polícia Nacional de excesso de zelo, porque para a detenção de nós os líderes gostaríamos de saber qual é a acusação que pesa sobre nós.

A UNITA, maior partido da oposição, está a ser associada ao vandalismo durante a greve dos taxistaFoto: B. Ndomba/DW

DW África: De facto, este tema tem vindo a ser politizado. O secretário provincial do MPLA, Bento Bento, disse que elementos precisamente da UNITA teriam estado ligados ao vandalismo. Confirma?

AB: Bem, é uma lástima estar a ouvir isso do secretário provincial do MPLA. Infelizmente, o jovem está com um colete verde da ANATA e se é da ANATA é da UNITA. Eu não devo obviamente acreditar que os jovens que estavam lá são da UNITA, mas que nós ANATA nos demarcamos completamente destes atos, demarcámo-nos.

DW África: Acredita agora que com a suspensão da paralisação a situação vai acalmar ou existe o perigo de que possa alastrar a violência?

AB: A violência em Angola é excitada pelo nível de vida que os angolanos estão a viver. Garanto-lhe que se os líderes associativos estivessem a vestir as camisolas do MPLA, acho que talvez não pudesse existir tanta violência.

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