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"Angola tem conseguido posicionar-se no centro das atenções"

António Cascais
17 de janeiro de 2025

Para analista, visita de João Lourenco a França "calhou bem" após ausência na posse do Presidente moçambicano. Angola pode influenciar país europeu no sentido de aprovar reforma do Conselho de Segurança, defende.

Presidente angolano, João Lourenço, com seu homólogo francês, Emmanuel Macron
Angola e França assinaram mais seis instrumentos jurídicos, no quadro do fortalecimento da cooperação bilateralFoto: Aurelien Morissard via REUTERS

O Presidente angolano, João Lourenço, termina esta sexta-feira uma visita de Estado de dois dias a França, a convite do Presidente francês, Emmanuel Macron. Uma visita aguardada com muita expetativa, sobretudo por parte dos agentes económicos em ambos os países.

Segundo o Jornal de Angola, os preparativos para a cimeira já decorrem há bastante tempo, tendo os emissários de ambos os países já assinado, nesta quarta-feira (15.01), em Paris, mais seis instrumentos jurídicos, no quadro do fortaleZwischenüberschriftcimento da cooperação.

Segundo analista angolano ouvido pela DW, segurança interna, agricultura e meio ambiente são três temas cruciais para a relação bilateral. Para Kinkinamo Tuasamba, Angola poderá "influenciar a França" para que a reforma que almeja no Conselho de Segurança das Nações Unidas se concretize.

A ida de João Lourenço à Franca calhou bem "para manter uma relação sadia entre o povo moçambicano e o povo angolano", acrescenta o analista.

DW África: Quais as áreas de cooperação entre os dois países? Que tipo de acordos foram assinados?

Kinkinamo Tuasamba (KT): Há de facto a necessidade de as duas partes fortalecerem as suas relações e uma das áreas que bastante chama a atenção é a questão da segurança interna, também no âmbito da agricultura e no âmbito da proteção ao meio ambiente. Penso que são que chamam bastante a atenção. E a França pode, de facto, oferecer essa tecnologia para então potencializar a economia que Angola precisa.

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DW África: Portanto, João Lourenço e Angola atribuem grande importância a França. Porquê?

KT: Nós não podemos esquecer que a França é tão somente a sétima economia a nível mundial e a terceira economia a nível da Europa. O que significa dizer que é uma potência económica e que vale a pena, de facto, estreitar aqui as relações com este país porque interessa bastante aquilo que Angola precisa nos próximos anos.

DW África: João Lourenço parece estar a dar prioridade aos grandes países ocidentais. Ou seja, aos Estados Unidos. Lembramos que Joe Biden visitou Angola em dezembro e agora, neste caso a França, em detrimento de outras potências, como China ou Rússia. Será que haverá uma agenda bem definida por trás disto?

KT: Angola, de facto, tem conseguido posicionar-se no centro das atenções tendo conta a sua colocação. De um lado estão os Estados Unidos, que são a superpotência mundial. Do outro lado está a Rússia e do outro lado está a China. Angola posiciona-se para conseguir manter essa triangulação que é funcional para o seu crescimento económico.

O que Angola tem feito vai chamando bastante atenção ao mundo. Como é que tem conseguido manter os três grandes players a nível mundial? E a França é um grande aliado dos Estados Unidos, aliás, fazem [ambos] parte do Conselho de Segurança como membros permanentes das Nações Unidas. Isso é fundamental, tendo em conta aquilo que Angola tem defendido que é a reforma deste Conselho. Penso que Angola pode, de facto, que influenciar a França nesse sentido, para que haja de facto essa reforma a nível do Conselho de Segurança.

DW África: João Lourenço não arranjou tempo para dar ali um salto ao país irmão Moçambique para assistir à tomada de posse do novo Presidente Daniel Chapo. O que é que isso significa para as prioridades de Angola neste momento?

KT: Significa muito e penso que o Presidente João Lourenço faz aqui uma análise interna. Ele é presidente do MPLA, que é o partido que governa Angola desde a Independência. E antes das eleições no mês de outubro, Daniel Chapo esteve em Angola, esteve exatamente na sede do MPLA. Mas não interessava, naquele momento, que o Presidente João Lourenço ou que Angola tomasse alguma posição, tendo em conta a ligação que Angola tem, ou seja, que a FRELIMO tem como MPLA.

Qualquer posicionamento de Angola iria ser interpretado como sendo uma posição do Presidente da República e não de Angola, sendo que o MPLA tem uma ligação com a FRELIMO. O que significa dizer que a ida do Presidente João Lourenço a França calhou bem e, até em termos estratégicos, facilitou bastante. Porque sempre ia a Moçambique e interessava bastante que, de facto, o Presidente fosse a França para manter uma relação sadia entre o povo moçambicano e o povo angolano.

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