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Angola: Transportes paralisam atividade na fronteira com RDC

José Adalberto
10 de fevereiro de 2024

Altas e desproporcionadas taxas alfandegárias das autoridades congolesas levaram os transportadores de mercadorias a paralisar atividade. Cabinda é a província mais afetada em Angola.

Foto: José Adalberto/DW

A partir de hoje, e por tempo indeterminado, está suspensa a circulação de viaturas angolanas de transporte de mercadorias para a República Democrática do Congo (RDC). A decisão por tempo indeterminado é da associação angolana dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA).

Em entrevista à DW, António Gavião Neto, presidente da ATROMA fez saber que a paralisação é motivada pela falta de consenso com as autoridades da RDC, no sentido de uniformizar as taxas aduaneiras praticadas nos dois países.

"A paralisação de toda a atividade transportadora para e da RDC é justamente por divergências que alguns anos vimos tendo e tudo fizemos, mas tudo, em matéria negocial, no sentido de não chegarmos ao extremo, mas, infelizmente, as autoridades da RDC fizeram sempre ouvidos de marcador”, disse.

"Fomos obrigados a reunir e a tomar esta decisão drástica, mas necessária, para que se imponha a ordem de reciprocidade, para que as nossas tesourarias arrecadem receitas da mesma forma que o Congo arrecada”, afirmou.

Segundo o responsável, os transportadores congoleses pagam por cada camião que entra em território angolano uma taxa equivalente a 50 dólares (cerca de 46 euros), ao passo que os angolanos que entram na RDC desembolsam 4 mil dólares por camião, cerca de 3.700 euros. Os prejuízos são insustentáveis.

"Chegámos à conclusão de que perdemos cerca de oito a nove milhões de dólares num ano”, frisa.

Fronteira entre Angola e RDC é local frequente de passagem de cidadãos de ambos os paísesFoto: Reuters/Staff

Impacto na tesouraria

A paralisação por tempo indeterminado vai ter um forte impacto na tesouraria dos dois países. Em Angola, a província de Cabinda é a que mais vai ser afetada pela medida. O enclave depende, em 70 por cento, dos produtos que chegam da fronteira com a RDC.

Ouvido pela DW África, Henrique Ditedi, secretário do Comércio e Indústria de Cabida, fala de um cenário difícil para a província, mas necessário, tendo em conta a disparidade das taxas cobradas.

"Nós achamos que a iniciativa é saudável, porque não se pode criar relações sendo que uma parte perde dinheiro e a outra ganha. Nós estamos a falar de um protocolo comercial. Não é normal que a RDC nos cobre mais em relação àquilo que o nosso país cobra. Temos que entender que a decisão tomada é um mal necessário para que no dia seguinte nos sintamos bem”, sublinhou.

Enquanto se verificar a paralisação, Henrique Ditedi insta as empresas do setor dos transportes marítimos a preencherem o espaço criado.

"A Secil Marítima, os Catamarãs, têm aqui uma forte oportunidade... De resto, vamos aguardar que os dois países encontrem mecanismos estratégicos para alinhar e felicitar o comércio entre Angola e a RDC", concluiu.

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