Angola: UNITA volta a pedir autárquicas em todo o país
José Adalberto (Huambo)
7 de março de 2020
Na abertura do ano político do partido no Huambo, dirigentes da UNITA apelaram à realização simultânea, em todos os municípios, das primeiras eleições autárquicas angolanas.
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O secretário nacional para os Antigos Combatentes Desmobilizados, Auto-suficiência e Treinamento Doutrinário da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Abílio Kamalata Numa, defendeu na manhã deste sábado (07.03), na cidade do Huambo, a realização simultânea, em todos os municípios, das eleições autárquicas em Angola.
O dirigente partidário, que falava na abertura do ano político da UNITA no Huambo, sublinhou que o princípio da igualdade dos cidadãos estabelecido na Constituição deve ser cumprido. "O cidadão da Ingombota é igual ao cidadão do Lumbala Kaquengue, são iguais", afirmou. "Se alguém discriminou durante a administração pública aquele cidadão do Lumbala Kaquengue, que seja responsabilizado civil e criminalmente, porque todos temos os mesmos direitos".
O ato da abertura do ano político da UNITA no Huambo foi antecedido de uma marcha que juntou milhares de militantes do partido oriundos dos nove municípios da província sob lema "Realização das eleições autárquicas em todos os municípios em simultâneo".
Outras lutas, outros desafios
Falando para o interior do seu partido, o político apelou à unidade dos militantes na província do Huambo, tendo em vista os próximos desafios políticos que irão exigir do partido do Galo Negro maior entrosamento, se quiser triunfar.
Numa garantiu apoio político ao secretariado da UNITA no Huambo e frisou que "a conquista das eleições autárquicas vai exigir do partido organização e trabalho, visando a conquista de espaços que levarão à vitória".
Na visão de Kamalata Numa, o país e a UNITA vivem variáveis tóxicas, com a luta contra corrupção, a crise económica, a queda do preço do petróleo no mercado internacional, a pobreza extrema, o desemprego e a transição de liderança no maior partido da oposição, factores que, se não forem tratados com cuidado, diz o dirigente, podem gerar conflitos.
O dirigente aproveitou também para lembrar que é responsabilidade da UNITA reconhecer todos aqueles que deram toda a sua juventude em prol da causa do partido: "Na medida em que vamos saindo do palco da luta, um partido responsável não pode desrespeitar as suas gerações passadas".
Por seu lado, o secretário da UNITA no Huambo, Jonas Alcino, classificou como estável o cenário político na província, sublinhando a boa convivência e cooperação dos diferentes partidos políticos representados no Huambo.
O dirigente teceu, no entanto, duras críticas ao atual cenário económico e social da província que, na visão da UNITA, se caracteriza pela falta de investimentos, apesar das potencialidades económicas.
O "Mercado da Alemanha" do Huambo
Vende-se de tudo um pouco no "Mercado da Alemanha" do Huambo, no centro de Angola. Foi criado em 2006, ano em que a Alemanha acolheu o Campeonato do Mundo de Futebol, onde Angola marcou presença pela primeira vez.
Foto: DW/J. Adalberto
"Praça da Alemanha" em Kissala
Em homenagem ao Campeonato Mundial de Futebol de 2006, que se disputou na Alemanha, o pequeno mercado da localidade da Kissala, no Huambo, ganhou inicialmente o nome de "Praça da Alemanha". Hoje, estima-se que o mercado emprega mais de 10 mil comerciantes.
Foto: DW/J. Adalberto
Entreposto comercial
Com uma dimensão superior aos mercados existentes na cidade e uma localização fora do casco urbano, o "Mercado da Alemanha" rapidamemente ganhou nome e espaço, ao ponto de funcionar como uma espécie de entreposto comercial da província do Huambo e não só.
Foto: DW/J. Adalberto
De tudo um pouco
É aqui que convergem grandes e pequenos vendedores da cidade do Huambo e das províncias vizinhas para fazer negócios. E no "Alemanha" vende-se de tudo um pouco, incluindo arroz, óleo e outros produtos alimentares.
Foto: DW/J. Adalberto
Carvão vegetal: procura-se
O carvão vegetal é um dos produtos mais procurados no "Mercado da Alemanha". Como a escassez de gás de cozinha é frequente no Huambo, os habitantes vão encontrando alternativas - como o carvão vegetal.
Foto: DW/J. Adalberto
Batas para os estudantes
No "Mercado da Alemanha" não podia faltar uma seção de vestuário e costura. E aqui, uma das peças mais procuradas, sobretudo no início de cada ano letivo, são as batas escolares.
Foto: DW/J. Adalberto
Portas e janelas
O setor da construção também está presente no "mercado alemão" do Huambo, com a produção e venda de portas, janelas e outros serviços - para todos os bolsos e gostos.
Foto: DW/J. Adalberto
Aumento da delinquência
A falta de bancadas condignas para o exercício da atividade comercial preocupa os vendedores do "Mercado da Alemanha". Os comerciantes também se queixam do aumento da delinquência que, segundo dizem, tem afugentado muitos compradores.
Foto: DW/J. Adalberto
Falta de condições higiénicas
Apesar dos ganhos e dos postos de trabalho que o espaço cria, muitos clientes reclamam da falta de condições higiénicas no mercado. Muitas vendedoras desenvolvem a sua atividade sem se preocuparem muito com a higiene à sua volta. Existe uma empresa que se responsabiliza pela limpeza do mercado, mas por insuficiência de meios e recursos humanos não tem correspondido às expetativas.
Foto: DW/J. Adalberto
Concorrência desleal
Além da falta de segurança, alguns vendedores reclamam igualmente da concorrência desleal que dizem existir no mercado. Enquanto uns comerciantes vendem no interior do mercado e pagam fichas de 200 kwanzas (cerca de 37 cêntimos de euro) por dia, outros fazem-no fora do recinto.