Funeral de Estado de ex-Presidente contou com participação de 21 delegações de alto nível. João Lourenço não falou na cerimónia. Já Adalberto Costa Júnior criticou "partidarização" do evento. Leia as homenagens a JES.
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Luanda acolheu, este domingo (28.08), o Funeral de Estado de José Eduardo dos Santos. O corpo do ex-Presidente angolano, que governou o país de 1979 a 2017, chegou a Luanda no passado dia 20, depois de as autoridades judiciais espanholas terem decidido entregar a sua guarda à viúva Ana Paula dos Santos.
O enviado da DW a Angola, António Cascais, acompanhou a cerimónia na Praça da República, onde cerca de duas dezenas de chefes de Estado de vários países se deslocaram para dizer adeus ao ex-Presidente angolano.
O Chefe da Casa Civil do Presidente da República foi o primeiro a intervir na cerimónia lendo a mensagem de Estado preparada para a ocasião.
"Reconhecimento é unânime e inquestionável"
Adão de Almeida afirmou que “o reconhecimento do ex-Presidente angolano é unânime e inquestionável, razão pela qual o povo angolano o apelidou de arquiteto da paz".
"Neste momento em que o povo angolano sente a dor da sua partida e lhe rende esta homenagem, curvamo-nos perante a sua memória para reassumir o nosso compromisso de continuar a fazer de Angola um país que orgulhe todos os seus filhos, seguramente a sua maior ambição. Que o seu legado nos inspire eternamente para vencermos os desafios de hoje e amanhã, da atual e das futuras gerações", declarou o Chefe da Casa Civil do Presidente da República, na presença do Presidente João Lourenço.
"O povo angolano aprendeu consigo que Angola é eterna", disse.
Seguiu-se Joseana Lemos dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos, que, numa emotiva mensagem, agradeceu o apoio que a família recebeu "nesta fase de luto".
"Papá, as tuas lutas não foram em vão"
"Em nome da minha família, agradeço a todos os presentes que se juntaram a nós para celebrar a vida do grande homem que perdemos", disse, deixando um "reconhecimento aos membros do executivo que tornaram possível este dia".
"Ecoará eternamente a sabedoria e o conhecimento que passou (…) Honraremos o teu nome, o teu caráter e a tua trajetória", disse ainda Joseana dos Santos, frisando que a família "não deixará que usem o nome [de José Eduardo dos Santos] em vão em benefício próprio".
"Papá, as tuas lutas não foram em vão", acrescentou, recordando a "música e o desporto", em particular o futebol, como as suas paixões.
"Em nome da direção do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola], de todos os militantes, simpatizantes e amigos do nosso partido, venho oferecer-te uma flor. Adeus nosso Presidente emérito, adeus camarada presidente José Eduardo dos Santos, adeus arquiteto da paz, adeus Zedu, paz à sua alma", resumiu Luísa Damião, vice-presidente do MPLA.
Em representação da Fundação José Eduardo dos Santos, João de Deus recordou que o povo falava do ex-Presidente como 'Zedu', "dada a sua natureza de humildade e trajetória simples".
O histórico antigo Presidente da Namíbia Sam Nujoma agradeceu ao ex-Presidente angolano o papel de Angola na libertação da África Austral e na resistência ao 'apartheid'. No seu discurso, Sam Nujoma saudou também a família, indicando todos os filhos, incluindo os nomes de Isabel e 'Tchizé' dos Santos, que não estiveram entre o público.
"No momento da nossa luta contra o 'apartheid', foi Angola que nos deu abrigo, apoio e suporte" e Angola "não descansou enquanto o resto da áfrica Austral estivesse livre", uma promessa do primeiro chefe de Estado angolano, Agostinho Neto, continuada por José Eduardo dos Santos.
Sam Nujoma acrescentou, "em nome dos veteranos da luta de libertação", que "a independência da Namíbia e Zimbabué e a abolição do 'apartheid' da África do sul foram uma batalha de Angola", que "resistiu aos brutais ataques" da África do Sul durante a guerra civil.
"Que a alma de José Eduardo dos Santos descanse na paz eterna", acrescentou.
"Um grande líder africano"
Entre os convidados estão 21 delegações de alto nível, incluindo os Presidentes de Portugal, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, República Democrática do Congo, República do Congo, Zimbabué e África do Sul, bem como representantes de Ruanda, Guiné Equatorial, Gabão, Namíbia, Timor-Leste e Zâmbia.
Em declarações, este sábado, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considerou o ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos uma "inspiração" para a África Austral e é um "orgulho também os momentos de democracia que ele desenvolveu" em Angola.
"Seria totalmente incontornável a presença do povo moçambicano aqui", disse Filipe Nyusi, justificando a sua presença nas cerimónias fúnebres oficiais.
"Nós levamos nas nossas costas o povo e a mensagem do povo moçambicano em solidariedade" com Angola num "momento muito difícil" em que se recorda o ex-presidente José Eduardo dos Santos, um governante que "trabalhou pela paz e pela reconciliação", procurando "incluir todas as forças" que combateram na guerra civil.
No Twitter, a presidência da África do Sul dá conta também da presença do seu chefe de Estado Cyril Ramaphosa.
Por sua vez, o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, lembra José Eduardo dos Santos "como um grande líder africano". Desempenhou um papel importante na transformação geopolítica da África Austral, democratização e o fim do 'apartheid' na África do Sul, mas também a Independência da Namíbia. Há todo o complexo processo de negociação nos Grandes Lagos de África", salientou.
José Maria Neves destacou ainda o papel "muito importante" de José Eduardo dos Santos "na consolidação dos países africanos de expressão portuguesa. Mais do que isso aqui em Angola teve um papel importante na consolidação da paz, na garantia da integridade territorial de Angola, que foi um elemento extremamente importante".
No Twitter, a presidência da África do Sul dá conta também da presença do seu chefe de Estado Cyril Ramaphosa.
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Filhos ausentes
Isabel dos Santos, Tchizé dos Santos e o irmão Coreon Du, três dos filhos de José Eduardo dos Santos que recusaram participar no funeral de Estado promovido pelo regime angolano, choram igualmente o pai hoje, ainda que através das redes sociais.
Coreon Du que diz ter-lhe sido roubada a oportunidade "de lhe dar o último adeus na terra que nos viu nascer", quis marcar o aniversário do pai.
"Quando era criança, o Papá ensinou-me a não ter medo do escuro, porque a luz sempre chega", escreveu José Eduardo Paulino dos Santos, mais conhecido pelo nome artístico de Coreon Du nas suas redes sociais.
Também a empresária Isabel dos Santos usou a sua conta de Instagram, onde na véspera lamentou a realização de debates políticos na Televisão Pública de Angola enquanto decorriam as cerimónias fúnebres de JES, para lembrar esta data especial: "Feliz aniversário, papá", escreveu.
O mesmo fez Tchizé dos Santos, que desejou "feliz aniversario" ao pai, num 'post' acompanhado de uma música em que acrescentou: "em tua memória, continuarei a lutar pela pátria".
Hoje estiveram presentes nas cerimónias fúnebres apenas quatro dos oito filhos do antigo chefe de Estado: os três em comum com Ana Paula dos Santos (Josiane, Danilo e Breno) e José Filomeno dos Santos.
Críticas de ACJ
A cerimónia acontece numa altura em que o país continua tenso e a aguardar os resultados finais das eleições. Apesar de não ter havido confirmação por parte da UNITA sobre a presença do seu líder na cerimónia de hoje, Adalberto Costa Júnior chegou cedo à Praça da República.
Em declarações aos jornalistas, à saída do funeral de José Eduardo dos Santos, Adalberto Costa Júnior criticou a "ocorrência de mensagens de partidos políticos" numa cerimónia como esta.
“Achámos que devíamos estar presentes. Não foi uma decisão fácil, dado o facto de termos aqui chegado com tão pouca tranquilidade e com a ausência de parte da família”, explicou .
Sobre a controvérsia à volta dos resultados eleitorais, o líder da UNITA reafirmou que "foram formalizadas todas as reclamações nas comissões provinciais", acrescentando que: "penso que é em função disso que o porta-voz da CNE disse ontem que iam rever os resultados".
JES faleceu a 8 de julho
O antigo chefe de Estado morreu em 08 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos, mas as exéquias só agora se vão realizar devido à disputa sobre a custódia do corpo entre as filhas mais velhas de José Eduardo dos Santos e o regime angolano.
A praça da República, onde se encontra o monumento fúnebre do primeiro Presidente angolano, no Memorial António Agostinho Neto, foi novamente escolhida para as cerimónias fúnebres, depois de ter acolhido um velório público sem corpo logo após a morte de José Eduardo dos Santos, durante um luto nacional de sete dias.
No sábado, realizaram-se as homenagens públicas, tendo a urna saído de manhã cedo da residência familiar no Miramar, em Luanda, com honras militares reduzidas, dirigindo-se em cortejo fúnebre para a praça da República.
Como estava previsto no programa da cerimónia, após um momento de saudação e deposição de coroa de flores por parte de João Lourenço, seguiu-se a saída da urna com honras militares e início do cortejo fúnebre para o jazigo onde decorreu uma cerimónia restrita, com representantes de governos estrangeiros. João Lourenço não fez qualquer declaração ou homenagem pública ao ex-Presidente angolano.
José Eduardo dos Santos: Percurso do "eterno" Presidente de Angola
José Eduardo dos Santos faleceu a 08.07.2022 numa clínica em Barcelona, onde estava internado há vários dias. O ex-Presidente, que se despediu da política angolana em setembro de 2018, governou o país de 1979 a 2017.
Foto: Paulo Novais/EPA/dpa/picture alliance
Engenheiro petroquímico
Em 1961, aos 19 anos, José Eduardo dos Santos junta-se ao MPLA, o Movimento Popular de Libertação de Angola, que luta contra o colonialismo português. Em 1963, é enviado com uma bolsa de estudos para a União Soviética, onde frequenta um curso de Engenharia Petroquímica em Baku, capital do atual Azerbaijão. Dos Santos também tem aulas de comunicação militar e regressa a Angola em 1970.
Foto: picture-alliance/dpa
Antecessor Agostinho Neto
Angola torna-se independente em 1975 e mergulha diretamente numa guerra civil entre os três movimentos de independência: MPLA, UNITA e FNLA. A capital Luanda é controlada pelo MPLA. O seu líder Agostinho Neto assume a Presidência do país e instala um regime monopartidário de inspiração marxista. Dos Santos assume vários ministérios, incluindo os Negócios Estrangeiros e Planeamento Nacional.
Foto: picture-alliance/dpa
Aliança com países comunistas
Depois da morte de Neto a 10 de setembro de 1979, em Moscovo, dos Santos é eleito a 20 de setembro pelo MPLA como novo Presidente. Consolida a aliança entre Angola e os países do bloco comunista como a União Soviética e a República Democrática da Alemanha (RDA). Em 1981, dos Santos visita a RDA e é recebido pelo secretário-geral do Partido Socialista Unificado da Alemanha, Erich Honecker (à esq.).
Durante a visita à RDA em 1981, dos Santos passa pelo Muro de Berlim, na Porta de Brandemburgo, símbolo da "Guerra Fria" e da separação do mundo em dois blocos. Angola é um dos países onde o confronto entre os blocos comunistas e liberais se transforma numa "Guerra Quente". Os países comunistas querem evitar uma vitória da UNITA, apoiada pela África do Sul e pelos Estados Unidos da América.
Foto: Bundesarchiv
Soldados cubanos
Em apoio militar ao Governo do MPLA, Cuba envia soldados a Angola. Os 40 mil soldados cubanos têm um papel decisivo para travar o avanço das tropas da UNITA e da África do Sul. Na foto: Soldados cubanos em Cuito Canavale no ano de 1988, uma das maiores batalhas da guerra civil. Três anos mais tarde, é assinado um primeiro acordo de paz na localidade de Bicesse, no Estoril, em Portugal.
Foto: picture-alliance/dpa
Mais guerra apesar de acordo de paz
As primeiras eleições de Angola tiveram lugar em 1992. O MPLA obteve maioria absoluta no Parlamento, mas dos Santos não conseguiu maioria absoluta na primeira volta das presidenciais. A UNITA e o seu candidato, Jonas Savimbi, não reconheceram os resultados por alegada fraude eleitoral. A segunda volta não teve lugar, pois a guerra recomeçou. Na foto: Soldados governamentais reconquistam Dondo.
Foto: picture-alliance / dpa
MPLA ganha terreno
Os EUA reconhecem o Governo do MPLA em 1993. O Ocidente perde o interesse na guerra civil em Angola após a queda do muro de Berlim. E, com o fim do apartheid, o regime de segregação racial na África do Sul, a UNITA perde outro aliado e fica cada vez mais isolada. O MPLA abandona a retórica comunista e torna-se capitalista, e as riquezas do petróleo fazem do partido um parceiro atrativo.
Foto: Jörg Böthling/Brot für die Welt
Opção militar prevalece
Em 1994, foi assinado outro acordo de paz em Lusaka, Zâmbia. Um ano mais tarde, dos Santos oferece o posto de vice-Presidente a Jonas Savimbi. Este recusa em 1997 e falha a formação de um Governo conjunto. A seguir, a guerra intensifica-se. Dos Santos aposta na opção militar e investe fortemente nas Forças Armadas. O núcleo duro do seu regime é formado por generais e pela Guarda Presidencial.
Foto: Getty Images/AFP/A. Jocard
Aliança com Kabila no Congo
Com a sua intervenção militar na segunda guerra do Congo a partir de 1998, Angola presta um apoio decisivo a Laurent-Désiré Kabila, Presidente da RDC (Rep. Democrática do Congo). Com a nova aliança, o MPLA consegue eliminar uma retaguarda da UNITA. Dos Santos estabelece Angola como uma das principais potências militares e políticas na África Austral. Também envia soldados para o Congo-Brazzaville.
Foto: picture alliance/AP Photo/P.Wojazer
Vitória total sobre Jonas Savimbi
Um embargo internacional de armas enfraquece a UNITA, cada vez mais isolada. Pouco a pouco, o exército do Governo conquista espaço. A 22 de fevereiro de 2002, mata o líder da UNITA, Jonas Savimbi. Nesse ano, as duas partes assinam mais um acordo de paz. Termina finalmente uma das guerras civis mais sangrentas, com cerca de um milhão de mortos e quatro milhões de deslocados e refugiados.
Foto: AP
Vestígios da guerra
Anos mais tarde, ainda são visíveis os danos da guerra, como nesta foto de 2009. O desenvolvimento do país ficou atrasado, estradas e caminhos-de-ferro tiveram de ser reabilitadas, campos desminados. No enclave de Cabinda, província nortenha rica em petróleo, continua outra guerra. Mas, até hoje, o movimento separatista FLEC não consegue ameaçar seriamente o poder do MPLA em Cabinda.
Foto: gemeinfrei
Eleições adiadas e canceladas
Originalmente previstas para 1997, as segundas eleições legislativas da história de Angola só tiveram lugar em 2008. O MPLA obteve 81,6% dos votos, a UNITA 10,4%. Houve queixas de um clima de intimidação durante a campanha e de desorganização do pleito. As eleições presidenciais, prometidas para 2009, nunca se realizaram. Mesmo assim, dos Santos continua no poder.
Foto: Reuters
Esperanças goradas da Alemanha
Em 2011, a chanceler alemã Angela Merkel (à esq.) visita Angola, dois anos após a visita de dos Santos a Berlim. Há empresários alemães com muito interesse em investir em Angola. Mas poucos investimentos chegam a ver a luz do dia, nos anos seguintes. Angola continua a ser um parceiro difícil para a Alemanha. Há poucas empresas alemãs dispostas a enfrentar o ambiente de negócios angolano.
Foto: dapd
Repressão contra opositores
A partir de 2011, eclode uma onda de manifestações inspirada na Primavera Árabe. Os protestos foram brutalmente abafados pela polícia, vários ativistas detidos e condenados por alegado golpe de Estado. Em 2013, a Guarda Presidencial mata dois opositores a tiro. Membros da seita adventista "A Luz do Mundo" também são brutalmente perseguidos. A polícia é ainda acusada de execuções extra-judiciais.
Foto: DW/N. Sul d´Angola
Finalmente eleito, mas apenas indiretamente
Em 2010, o Parlamento muda a Constituição e elimina as presidenciais. A eleição passa a ser indireta: É eleito como Presidente o líder da lista mais votada nas legislativas. O MPLA vence as eleições de 2012 com 71,9% dos votos. Após 32 anos no poder, dos Santos ganha pela primeira vez legitimidade eleitoral, embora apenas de forma indireta. Observadores criticam desvantagens da oposição.
Foto: picture-alliance/dpa
Homem de família
Para além dos militares, a família é outro núcleo do poder de José Eduardo dos Santos, que teve vários casamentos. A sua esposa atual é Ana Paula dos Santos (foto), antiga modelo, que conheceu quando ela trabalhava como hospedeira no avião presidencial angolano. Casaram-se em 1991 e tiveram quatro filhos. Nas eleições de 2017, Ana Paula dos Santos será candidata a deputada nacional pelo MPLA.
Foto: Reuters
Filha é a mulher mais rica de África
Mas é Isabel dos Santos, filha do primeiro casamento com Tatiana Kukanova, uma russa campeã de xadrez que dos Santos conheceu em Baku, que tem maior protagonismo internacional. Através de uma licença de telecomunicações em Angola para a sua empresa Unitel, Isabel dos Santos construiu um império de negócios com atividades em Portugal e noutros países. É considerada a mulher mais rica de África.
Foto: picture-alliance/dpa
Filho administra fundo soberano
Em 2013, a nomeação de José Filomeno dos Santos, filho da segunda mulher de José Eduardo dos Santos, para liderar o Fundo Soberano de Angola gerou controvérsia. O fundo administra parte da riqueza petrolífera do país. O pai tem o apelido popular de "Zedú", o filho de "Zenú". A mãe de "Zenú", Filomena de Sousa, foi funcionária do Ministério dos Negócios Estrangeiros, quando dos Santos foi ministro.
Foto: Grayling
Luxo e riqueza do petróleo
Nos últimos anos, milhares de milhões de dólares entraram nos cofres de Angola, um dos maiores produtores de petróleo de África. A Avenida Marginal de Luanda é símbolo da nova riqueza. Mas muito dinheiro desapareceu das contas do Estado, acusam organizações não-governamentais como a Human Rights Watch. O Fundo Monetário Internacional também pediu mais transparência.
Foto: DW/N. Sul d'Angola
Parceria com a China
A China é o novo parceiro de eleição de José Eduardo dos Santos. O país torna-se no maior comprador do petróleo de Angola e concede vários créditos para financiar grandes projetos. Ao contrário do FMI e de outros parceiros, a China não exige transparência, nem reclama dos direitos humanos. Nascem novos bairros em Luanda como Kilamba Kiaxi (foto), financiada e construída por empresas chinesas.
Foto: cc by sa Santa Martha
Pobreza continua apesar da riqueza
Apesar das receitas milionárias do petróleo, Angola continua a ter graves problemas de pobreza. Mesmo na capital Luanda, há bairros sem saneamento como o de Kinanga (foto). Muitos serviços de saúde continuam fora do alcance dos mais pobres: Angola tem das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo. O sistema de educação também é considerado inadequado para um país com tantos recursos naturais.
Foto: DW/N. Sul d'Angola
Homem discreto
José Eduardo dos Santos foi conhecido como um homem discreto. Entrevistas com ele são raríssimas. Não costumava dar conferências de imprensa e faz poucos discursos públicos. Nos últimos anos, esteve regularmente fora do país para longos tratamentos médicos em Barcelona, Espanha. Em África, os seus 38 anos no poder como chefe de Estado só foram superados por Teodoro Obiang da Guiné-Equatorial.
Foto: picture alliance/dpa/P.Novais
Sucessor como Presidente: João Lourenço
Depois de José Eduardo dos Santos anunciar que não seria candidato às eleições de 2017, o MPLA nomeou o ex-ministro da Defesa, João Lourenço, como candidato à sucessão. O MPLA ganhou as eleições de 23 de agosto e Lourenço é o novo Presidente de Angola. Mas dos Santos permaneceu por cerca de mais um ano na direção do partido e, deste modo, manteve uma considerável influência na política angolana.
Foto: Getty Images/AFP
Um ano mais tarde: sucessão no MPLA
Mesmo com José Eduardo dos Santos na chefia do MPLA, vários familiares seus perderam postos importantes: a filha Isabel foi exonerada como presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol e o filho Zenú deixou de chefiar o Fundo Soberano. A 8 de setembro, no congresso do partido, o seu sucessor na Presidência, João Lourenço (foto), assumiu a chefia do partido.
Foto: DW/Cristiane Vieira Teixeira
Tratamento em Espanha
Em 2019, José Eduardo dos Santos muda-se para Barcelona, em Espanha, para realizar com maior facilidade tratamentos numa das melhores unidades hospitalares europeias na valência de oncologia, que já tratava o ex-PR angolano há cerca de oito anos.
Foto: picture alliance/dpa
A morte do "eterno" líder angolano
Em 8 de julho de 2022, a Presidência angolana confirma a morte do ex-Presidente "após prolongada doença". Antes de falecer aos 79 anos, José Eduardo dos Santos passou duas semanas internado numa unidade de tratamento intensivo da clínica onde recebia tratamento médico em Espanha.