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Angola: Viajantes arriscam-se em viagens marítimas inseguras

Simão Lelo
4 de janeiro de 2022

A travessia por via marítima entre Cabinda e o município de Soyo, na província do Zaire, é feita em pequenas embarcações artesanais. Foi a alternativa encontrada por muitos diante da falta de lugares em voos para Luanda.

Improvisierte Schiffe Angola
Embarcações artesanais ligam Cabinda ao SoyoFoto: Simão Lelo/DW

Mais de 80 embarcações de fabrico artesanal transportam viajantes de Cabinda ao município de Soyo, no Zaire, e vice-versa. 

O objetivo de muitos que fazem o percurso arriscado é chegar à capital do país, Luanda. O método de transporte escolhido, deve-se ao facto de não haver lugares suficientes na única transportadora aérea que liga Cabinda à capital do país, a Linhas Aéreas de Angola (TAAG).

Segundo os trabalhadores que operam no local, pelo menos um naufrágio foi registado no primeiro trimestre de 2021, que terá resultado na morte de quatro pessoas.

Atualmente, muitas pessoas preferem usar as embarcações para chegarem primeiro à vila de Soyo e depois à capital do país. Cada passageiro paga até 25 mil kwanzas (cerca de 38 euros) pela viagem, preço que inclui o teste da Covid-19.

"Vamos tentar superar"

Um dos passageiros, Osvaldo Pambo, reconhece o risco de viajar neste tipo de embarcações. "É um pouco arriscado, mas vamos tentar superar", afirma.

As embarcações navegam sem perder a costa de vista, a chamada Cabotagem. Os agentes da polícia económica têm a responsabilidade de fiscalizar toda mercadoria que transportam.

A meio da pandemia, vários jovens carregam e descarregam certas mercadorias para sobreviver. Jorge Agostinho Gaspar trabalha há mais de 10 anos nesta atividade e relata que "é o trabalho que me dá pão para sustentar os filhos e a minha mulher. Hoje em dia, o trabalho ficou aqui na praia”.

Relativamente aos riscos da sua profissão, Gaspar diz não ter medo porque "nessas viagens, metemos em frente o Senhor".

Embarcaçãos também transportam mercadoriasFoto: Simão Lelo/DW

Sem espaço para voar

Os voos da TAAG, única companhia aérea a fazer a rota entre Cabinda e a capital, duram de 30 a 40 minutos. Porém, faltam lugares nos voos de e para Luanda.

Recentemente, o governador da província de Cabinda reconheceu os problemas na TAAG e prometeu que "os trabalhos do terminal de passageiros, de quebra mar e da rampa de atracagem do 'ferry boat' estão num bom ritmo, já não falta muito para que estes grandes empreendimentos aliviem o sofrimento da população".

Por outro lado, a viagem marítima entre Cabinda e Soyo pode levar cerca de oito horas.

Silvestre Simão, gerente de embarcações, explica que um dos motivos pelos quais a via marítima é escolhida é o transporte de mercadorias. "Outras chatas suportam um, dois ou mesmo três contentores. O nosso veio ontem com um contentor de mosaicos e um de plásticos", diz.

A direção da Capitania afirma que tem levado a cabo um patrulhamento na costa da província resultante de vários incidentes que têm vindo a aumentar na costa de Cabinda e do Soyo.

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