Depois do Presidente angolano, João Lourenço, ter aprovado o lançamento do Angosat-3, que ficará em órbita 10 anos, cidadãos ouvidos pela DW África criticam novo projeto e dizem que o país tem outras prioridades.
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O primeiro satélite angolano custou aos cofres do Estado 270 milhões de euros. Lançado a 26 de dezembro de 2017, o Angosat-1 foi efusivamente festejado em Luanda, mas foi sol de pouca dura porque viria a desaparecer dias depois.
O cidadão Cunha António Lopes, residente na capital angolana, afirma que há investimentos mais urgentes no país. "Não seria uma prioridade porque a primeira vez falhou e perdemos dinheiro", diz.
Para substituir o primeiro satélite, está em construção o Angosat-2 com previsão de lançamento para 2021. Ainda faltam quase três anos, mas o Governo angolano já pensa no Angosat-3.
Para o efeito, o Presidente da República, João Lourenço, aprovou a construção, lançamento e colocação em órbita do satélite de observação da terra.
Investimentos urgentes para a sociedade
Elves José Pedro Domingos, outro angolano residente em Luanda, também entende que o novo satélite nao é ainda prioridade para o país, apesar de reconhecer a sua importância. "Penso que temos outras prioridades. Atendendo e vendo a situação em que o país está a passar, as dificuldades que a população tem passado, o Angossat 3 seria numa outra ocasião", diz.
Angolanos criticam construção do satélite Angosat-3
Para o jovem, por enquanto a prioridade devia ser melhorar o fornecimento de água potável. "Os nossos bairros estão com uma crise de água. Há escassez de água. A EPAL está em greve. O governo devia preocupar-se primeiro em resolver os problemas que afligem a sociedade", defende.
Os grandes problemas do país estão nos setores da saúde e da educação. Para além da subida vertiginosa dos principais bens e serviços, "a cesta básica está muito alta e nos hospitais não há medicamentos", explica Cunha António Lopes, habitante da capital angolana. Outro problema ambém as vias de comunicação. "As estradas não estão em condições. A educação está pior: há estudantes na 6ª classe, mas não sabem ler nem escrever", exemplifica.
Otimismo do Governo
O governo de Angola acredita que o Angosat-3 vai trazer muitas vantagens para o país. A posição é sustentada pelo diretor do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério de Telecomunicações e Tecnologias de Informação, António de Sousa, sem explicar, no entanto, que benefícios serão esses.
"É um projeto que vai ajudar a desenvolver o nosso país e quando for lançado o satélite vai ficar em órbita dez anos. O satélite está a ser construído em França pela Airbus com quem assinamos um acordo de construção. O satélite que vai ser produzido pelos franceses, que têm tradição na matéria, vai trazer muitas vantagens para o nosso país", considera.
João Lourenço: Viagem de negócios à Alemanha
O Presidente angolano, João Lourenço, veio à Alemanha com negócios em vista. Saiu com a garantia de que o país está aberto para cooperar na área da defesa.
Foto: pictue-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
À procura de parcerias
O Presidente angolano, João Lourenço, veio à Alemanha numa visita oficial de dois dias e foi recebido com honras militares pela chanceler Angela Merkel. O chefe de Estado veio sobretudo à procura de atrair investidores para diversificar a economia, mas também com o intuito de comprar embarcações de guerra, e a Alemanha deu sinais de abertura.
Foto: pictue-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Embarcações de guerra
O Presidente angolano disse, no primeiro dia da visita, quarta-feira (22.08), que estava interessado no "fornecimento de embarcações de guerra" e "outros meios eletrónicos" para a marinha angolana. O objetivo: ajudar a defender o Golfo da Guiné, cobiçado "por piratas e terroristas".
Foto: Reuters/H. Hanschke
Alemanha disponível para cooperar
A Alemanha mostrou-se disponível para apoiar Angola a comprar as embarcações. "Pode ser que, agora, sejam concretizados determinados investimentos do lado angolano, e é claro que aí também ficaremos contentes em estabelecer uma parceria, se a marinha angolana tomar tais decisões de investimento", afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel.
Foto: DW/G. Correia Da Silva
Uma "nova Angola"
Num fórum em que participaram empresários alemães, o Presidente João Lourenço fez publicidade a uma "nova Angola". Lourenço garantiu que o Estado mantém-se firme no combate à corrupção e impunidade e citou ainda reformas em curso para melhorar o ambiente de negócios. Algumas das áreas em que Angola manifestou interesse: energias renováveis, construção de estradas e ferrovias e agricultura.
Foto: DW/C.V. Teixeira
Empresários atentos
Os empresários alemães mostram interesse nas oportunidades em Angola e aplaudem as reformas implementadas por João Lourenço, desde que assumiu a Presidência em setembro. No entanto, ainda há desafios para as empresas: "Certamente a corrupção continua a ser um tema, que também o Presidente citou aqui", disse Heinz-Walter Große, da Iniciativa para a África Austral da Economia Alemã.
Foto: DW/C.V. Teixeira
João Lourenço satisfeito
Em entrevista à DW, João Lourenço disse que fez mais do que o esperado em Angola: "Eu considero que, em 11 meses, muito foi feito. [Tomou-se] um conjunto de medidas corajosas que uma boa parte das pessoas pensava não ser possível fazer-se neste período inicial de arranque do meu mandato", afirmou.
Foto: DW/Cristiane Vieira Teixeira
Visitas europeias
No último dia da visita à Alemanha (23.08), o Presidente João Lourenço encontrou-se com o homólogo alemão Frank-Walter Steinmeier. Esta foi a primeira visita de Lourenço à Alemanha desde que foi eleito, há um ano. O chefe de Estado fez, no final de maio e início de junho, uma pequena tour pela França e pela Bélgica - visitas dedicadas também à procura de novas parcerias.