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Angolanos na Alemanha opinam sobre eleições

24 de agosto de 2012

Em Angola o período pré-eleitoral tem sido marcado por diversas polémicas. O mesmo acontece entre os angolanos na Alemanha, as opiniões são diversas. Enquanto uns se sentem ligados a pátria, outros nem por isso.

Campanha eleitoral em Angola
Campanha eleitoral em AngolaFoto: picture-alliance/dpa

Zeca Schall nasceu na província de Kuanza Sul em Angola e veio para a Alemanha há 25 anos. Aqui, tornou-se membro do partido alemão União Democrata Cristã, o CDU, com o qual aprendeu a forma europeia de fazer política. Ao observar as duas últimas eleições no seu país e o pleito que se aproxima, este angolano se diz desanimado.

Para Zeca Schall uma democracia só funciona quando cada município, cada comuna, elege o seu candidato. E isso não aconteceu em Angola, considera o angolano que faz uma observação sobre a composição do Parlamento: “Angola tem 18 províncias e só se verifica lá representantes de uma parte do norte do país. A parte sul quase não tem candidatos no Parlamento. Isso já não é democracia.”

Zeca Schall, angolano residente na Alemanha há 25 anosFoto: Zeca Schall

Exclusão propositada?

Para ele, o problema é que falta acesso ao cartão do eleitor. Zeca Schall defende que todo cidadão angolano devia participar nas eleições e eleger o candidato da sua preferência, mas recorda que tal não acontece, porque, a seu ver “nas comunas, nos bairros, fora da cidade, não há registo para as eleições. Tinha que ter esta liberdade."

As críticas não páram por aí. Zeca Schall reclama que não poderá votar nas próximas eleições porque vive fora do país e contesta: “Segundo a lei nacional, os angolanos que vivem no estrangeiro, devem também votar no seu candidato.”

O facto de não o poder fazer deixa-o triste: “Eu gostaria de votar. São manobras para que os cidadãos angolanos não votem nos candidatos de sua preferência e isso não pode ser.”

Sentimentos diversos em relação à pátria

Uma imagem da periferia de LuandaFoto: picture-alliance/ZB

As opiniões sobre votar ou não a partir do exterior dividem os angolanos radicados na Alemanha. Telvino Ferreira Homba nasceu em Luanda, mas há mais de 20 anos deixou o país e nunca mais voltou. Diz que se identifica mesmo é com a política local: “Se tivesse que votar, gostaria de votar para a política alemã, porque vivo na Alemanha.”

Telvino Homba argumenta que tem acompanhado o desenvolvimento da política alemã e não de Angola. "Por isso, faria mais sentido que votasse na Alemanha e não em Angola", conclui.

Já o angolano Alberto Jovet Capuco, que há 10 anos veio para a Alemanha, acha importante dividir a experiência de quem vivencia o processo democrático aqui e dá sugestões para quem tem dúvidas sobre como votar no seu candidato: “O povo vai ter a oportunidade de ver qual o programa dos partidos e decidir qual interessa."

Alberto Capuco está otimista quanto às eleições gerais do próximo dia 31 em Angola. E mesmo a milhares de quilómetros de distância, sonha com um futuro melhor para seu país: “É o que todo angolano espera, o que todo angolano almeja: que os problemas do povo sejam resolvidos.”

Autora: Cris Vieira (Berlim)
Edição: Nádia Issufo/António Rocha

24.08.12 Angolanos em Berlim - MP3-Mono

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