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Anunciado fim da epidemia de ébola na África Ocidental

Madalena Sampaio / Lusa / Reuters 14 de janeiro de 2016

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou esta quinta-feira (14.01) o fim do ébola na Libéria. Em dois anos, a doença fez mais de 11 mil vítimas. E o risco persiste porque o vírus permanece no corpo de sobreviventes.

Foto: picture-alliance/dpa/A. Jallanzo

"É um dia importante. Hoje, a OMS declara o fim do mais recente surto do vírus do ébola na Libéria", anunciou Rick Brennan, diretor de Gestão de Emergência e Resposta Humanitária da OMS, em Genebra, na Suíça.

Também pela primeira vez desde que o surto começou, todas as cadeias de transmissão da doença conhecidas foram interrompidas nos três países na África Ocidental afetados pela epidemia: Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, anunciou ainda Rick Brennan.

A epidemia teve início em dezembro de 2013 na Guiné-Conacri. Propagou-se depois aos vizinhos Libéria e Serra Leoa. 99% dos casos concentraram-se neste três países. A Nigéria e o Mali também foram afetados.

Em dois anos, o ébola matou 11.315 pessoasFoto: picture-alliance/dpa/K. Palitza

A OMS congratula-se com o "passo muito importante" que foi dado na batalha contra a doença. Mas admite que o risco continua. Por isso, é provável que aconteçam novos casos nos próximos meses, advertiu Rick Brennan.

"Aprendemos muito sobre o ébola nos últimos dois anos e observamos que o vírus pode persistir nos fluidos corporais de alguns sobreviventes. Ele pode permanecer no sémen dos sobreviventes masculinos até 12 meses".

Isto significa que alguns sobreviventes, que não exibem quaisquer sinais externos da doença, em raras ocasiões ainda podem transmitir a infecção a outros indivíduos. "E isso já aconteceu em 10 ocasiões", lembrou o diretor de Gestão de Emergência e Resposta Humanitária da OMS.

Mobilização deve continuar

É importante que as pessoas continuem mobilizadas para o combate à doença, concorda Peter Graaff. O diretor da OMS para a epidemia do ébola diz que os países afetados estão agora mais preparados para lidar com a doença.

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"Ao longo de tempo, vimos que se foi desenvolvendo confiança e profissionalismo nesses países. Com o apoio continuado dos parceiros internacionais, incluindo da OMS, eles estão bem posicionados para continuar a responder a eventuais surtos".

Peter Graaff, que esteve no terreno em 2014, considera que nos últimos seis ou nove meses, a mentalidade nesses países mudou. "Já se admite: é um grande problema, vai afectar-nos novamente, mas sabemos como lidar com ele".

"O ébola trouxe-nos algo de bom: aqui na Serra Leoa estamos agora mais bem informados sobre questões de saúde. A consciência sobre a doença tem crescido", afirma Hassa Koroma, assistente social que ajudou a combater o vírus que matou vários dos seus amigos e familiares. A Serra Leoa foi declarada livre do ébola a 7 de novembro de 2015 pela OMS.

O ébola foi identificado pela primeira vez há quatro décadas, na África Central. O mais recente surto, superior a todas as epidemias anteriores, afetou mais de 28 mil pessoas e fez mais de 11 mil e 300 vítimas mortais.

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