Alemanha pede mobilização contra o ódio racial após ataques
kg | com agências
21 de fevereiro de 2020
Autoridades alemãs alertam contra ações violentas da extrema direita no país. Suposto agressor deixa pistas de que crime foi motivado por xenofobia. Moradores de Hanau fizeram uma vigília no centro da cidade.
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A Alemanha está de luto na sequência de dois ataques terroristas em Hanau, no centro do país. O procurador-geral da Alemanha assumiu a investigação e trata o caso como um ato terrorista.
O suposto agressor é um alemão de 43 anos que foi encontrado sem vida junto ao corpo de sua mãe em seu apartamento horas depois dos massacres.
Ele deixou uma carta e um vídeo cujo conteúdo leva as autoridades a trabalharem sob a hipótese de um crime relacionado à xenofobia. Cinco das vítimas mortais eram curdas de nacionalidade turca.
Num pronunciamento na quinta-feira (20.02), a chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse que "o racismo e o ódio são um veneno. E esse veneno existente em nossa sociedade é culpado por muitos crimes."
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, descreveu a quarta-feira como um dia obscuro para a Alemanha. Em Berlim, centenas de pessoas reuniram-se em frente ao Portão de Brandenburgo.
Representantes dos principais partidos político - com exceção da Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita - apareceram juntos numa demonstração de unidade política contra a xenofobia.
"Sangue por todo lado"
A pequena cidade de pouco mais de 90 mil habitantes está perplexa. Em visita a Hanau, o ministro-presidente do estado de Hessen, Volker Bouffier, afirmou que é preciso fazer tudo o que for possível para combater o racismo e o ódio no país.
Na noite de quarta-feira, o atirador abriu fogo contra os frequentadores de um bar, matando quatro pessoas. Logo depois, seguiu para outro estabelecimento, onde vitimou mais cinco clientes.
Os dois bares serviam narguilé, um cachimbo de água de origem oriental. O filho do dono de um dos bares, Luka Fresnna, descreveu o cenário de desespero. "Foi como um massacre, um tumulto, sangue por todo lado e pessoas no chão."
O tio de um amigo de Ben Mansour foi morto no massacre. "Por um lado, você se sente um pouco impotente e, por outro, não quero chamar de medo, mas dá medo de entrar num bar ou sair."
Alemãs pedem mobilização contra racismo após ataques
"Isso muda tudo, não apenas para esta cidade, mas também para o nosso país. Estamos abalados, atordoados com o que aconteceu. Sei que agora estão com medo. Eu entendo isso."
Moradores de Hanau fizeram uma vigília no centro da cidade. Num discurso à população, o Presidente Frank-Walter Steinmeier apelou para que a Alemanha combata o ódio.
"Nós temos que assumir a nossa responsabilidade: Observar a nossa linguagem na política, média e em toda a sociedade. Nós temos que nos opor à privação da dignidade de indivíduos ou minorias no nosso país. Nós vamos permanecer juntos, queremos viver juntos, porque este é o melhor remédio contra o ódio.", disse o Presidente da Alemanha.
Dresden em ruínas
Na reta final da II Guerra Mundial, cerca de 25 mil pessoas morreram em três dias de bombardeamentos, que começaram a 13 de fevereiro de 1945. Uma das mais belas cidades da Alemanha ficou irreconhecível.
Foto: Getty Images/Matthias Rietschel
Bombardeada, destruída e pilhada
A 13 de fevereiro de 1945, bombardeiros Avro Lancaster deixaram a Inglaterra em direção a Dresden. Às 21h39, as sirenes soaram na cidade. O terror estava a caminho. Em apenas 23 minutos, o centro da cidade foi deitado abaixo, tomado pelas chamas. Dois ataques britânicos e um americano destruíram 15 quilómetros quadrados da cidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Hofkirche em ruínas
O bombardeamento também causou sérios danos à Hofkirche, uma das maiores igrejas da Saxónia, construída entre 1739 e 1755, na mesma época em que a famosa Frauenkirche (Igreja de Nossa Senhora, protestante), que fica a apenas 300 metros de distância. O telhado e as abóbodas internas do templo católico desmoronaram.
Foto: picture-alliance/dpa
Lutero não foi poupado
O monumento ao reformador Martinho Lutero, em frente à igreja Frauenkirche, também foi danificado durante o bombardeamento. A estátua foi criada por Adolf von Donndorf em 1861, mas inaugurada somente em 1885. Lutero visitou Dresden entre 1515 e 1517.
Foto: picture-alliance/akg-images
Memorial
A Frauenkirche também ficou destruída pelas bombas. Erguida entre 1726 e 1743, a igreja barroca foi deixada em destroços até 1993, servindo de memorial à destruição sem sentido provocada pela guerra. Mas foi reconstruída mais tarde. Um artista britânico, cujo pai participou no bombardeamento, foi quem reconstruiu fielmente a cruz na torre da igreja.
Foto: picture alliance/dpa
Símbolo reerguido
A Frauenkirche foi reconstruída entre 1994 e 2005, graças a doações de todo o mundo. Os custos da reconstrução rondaram os 130 milhões de euros. O bairro barroco em volta da igreja de 91 metros de altura tornou-se o novo centro turístico da capital da Saxónia. Dresden reconquistou um dos seus maiores símbolos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hiekel
Nenhum sinal da destruição
Muitos turistas passeiam hoje pelo centro de Dresden e ficam admirados com a reconstrução completa da cidade. A igreja católica Hofkirche tornou-se necessária na Saxónia protestante porque Augusto, o Forte, converteu-se ao catolicismo para usar a coroa real polaca. A igreja foi construída entre 1739 e 1754.
Foto: picture alliance/Johanna Hoelzl
Com novo brilho
O monumento a Lutero foi reerguido em 1955. Até à sua restauração, entre 2003 e 2004, a estátua em frente às ruínas da Frauenkirche era também um alerta contra a guerra e a destruição. Hoje pertence à área do chamado Neumarkt, um largo no centro da cidade. A base da estátua serve como ponto de encontro para jovens e turistas.
Foto: imago/Chromorange
A "Florença do rio Elba"
A capital da Saxónia é novamente uma das cidades mais bonitas da Alemanha. Dresden é chamada também de "Florença do Elba" devido à sua arquitetura barroca. A cidade tem muitas atrações para oferecer e é um importante destino turístico. Dresden tem aproximadamente 550 mil habitantes e é uma das 12 maiores cidades alemãs.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Lander
Lembrança do horror
No antigo reservatório de gás de Dresden, os visitantes podem ficar com uma noção dos estragos causados pela guerra. O artista Yadegar Asisi construiu uma grande parede panorâmica com a imagem da cidade destruída. É possível ver o centro de Dresden logo após o bombardeamento: está tudo em ruínas, há colunas de fumo em várias partes do centro e da Neustadt e chamas no sul.