Estados Unidos condenam suspensão do Twitter na Nigéria
Jane Nyingi | Henry-Laur Allik
11 de junho de 2021
Suspensão do Twitter gera receio de supressão das liberdades de informação e de opinião na Nigéria. Presidente Buhari diz que plataforma desestabiliza o país e mina a existência empresarial com notícias falsas.
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Na semana passada, o Presidente Muhammadu Buhari suspendeu indefinidamente as operações do gigante americano das redes sociais. Pouco antes, o Twitter apagara uma intervenção do Presidente - que ameaçou reagir com violência contra um grupo secessionista - como contrária às regras da plataforma. O movimento pró-independência Povo Indígena de Biafra (IPOB) é acusado por Abuja de ataques ao governo e à polícia na Nigéria.
A decisão do Presidente Buhari é vista com preocupação também fora do país. Os Estados Unidos condenaram a suspensão do Twitter por afetar indevidamente a liberdade de informação e opinião. Mas Buhari argumenta que a plataforma estava a desestabilizar o país e a minar a "existência empresarial da Nigéria" divulgando notícias falsas, segundo explicou o ministro nigeriano da informação Lai Mohammed: "O Twitter tornou-se a plataforma por excelência do movimento separatista IPOB, e pensamos que nenhum país do mundo aceitaria isso".
Novos regulamentos para a comunicação social
O argumento de que apotencial desestabilização na região do Biafra pode ter consequências sérias para os investimentos externos é tida por um pretexto pelos críticos do Governo, que apontam as crises violentas e os conflitos sangrentos que se registam um pouco por todo o país.
Mas o ministro Lai Mohammed rejeita as acusações de crescente repressão levantadas por meios de comunicação social e ativistas no país. "Quando falamos de rádios, estações de televisão, jornais ou publicações sociais ou online na Nigéria, ninguém honestamente pode acusar a Nigéria de sufocar a liberdade de expressão", afirmou.
Esta semana entrou em vigor na Nigéria um novo regulamento que obriga todas as plataformas de comunicação social que operam no país a adquirir uma licença. Mohammed deixou claro que a licença só será atribuída a plataformas como o Twitter, caso estas se comprometam a banir "aqueles que promovem atividades que são contrárias à existência empresarial da Nigéria".
Pressão sobre o Governo
O correspondente da DW em Abuja, Musa Ubale diz que a iniciativa do Governo divide as opiniões no país: "Para a oposição trata-se de uma forma de limitar a liberdade de expressão e banir críticas dos cidadãos à agenda do Governo que têm aparecido no Twitter e em outras redes sociais". Mas muitos nigerianos, que lembram da sangrenta guerra civil no Biafra em finais dos anos 60, apoiam os esforços do Governo para impedir mais um conflito na região.
A juventude nigeriana há muito que recorre a plataformas sociais online, sobretudo para protestar contra iniquidades no país mais populoso de África. Mais de 120 milhões de nigerianos têm acesso à Internet e quase 40 milhões têm uma conta no Twitter, o que corresponde a cerca de 20% da população.
Os utilizadores do Twitter da Nigéria são, na sua maioria, jovens que recorrem à plataforma para debater temas prementes no país e pressionar o Governo a atender às suas necessidades.
A pressão exercida por movimentos como o #EndSARS - que se transformou em protestos de massas nas ruas contra abusos e atentados aos direitos humanos cometidos por um esquadrão especial anti-roubos da polícia (SARS) - obrigou o Governo a prometer o desmantelamento da unidade.
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#KeepItOn
A suspensão do Twitter pode não produzir os resultados almejados por Abuja. "Há alternativas como o Facebook ou o Instagram", lembra o jornalista Musa Ubale.
Ciente das potenciais perdas financeiras que representa a sua suspensão num país como a Nigéria, os responsáveis pela plataforma Twitter já assinalaram disponibilidade para negociar com o Governo de Buhari.
Por seu lado, os jovens nigerianos reorganizaram-se rapidamente nas redes sociais. Sob a hashtag #KeepItOn [mantenha-se ligado], grupos descentralizados anunciaram para esta sexta-feira (11/06) um protesto popular não virtual contra a suspensão do Twitter.
10 dicas para tornar o seu Facebook mais seguro
Depois do abuso de dados pela empresa Cambridge Analytica, o Facebook é criticado pela falta de proteção de informações pessoais. Mas todos nós podemos contribuir para tornar esta rede social mais segura. Saiba como!
Foto: picture alliance/NurPhoto/J. Arriens
1. Desativar apps de terceiros
Jogos, calendários, petições - há muitas aplicações de empresas terceiras que usamos no Facebook. Cuidado! Foi uma destas apps que despoletou o escândalo da Cambridge Analytica. Por isso, é melhor remover tudo o que não é de confiança e essencial. Isto faz-se clicando na setinha em cima para abrir o menu "Definições". Na secção "Apps e sites" podemos verificar e eliminar as apps instaladas.
Foto: facebook.com
2. Definir o nosso nível de privacidade
Para definir o nosso nível de privacidade, vamos ao menu "Definições" e à secção "Definições e ferramentas de privacidade". Por exemplo, podemos definir que apenas os nossos amigos têm acesso à nossa lista de amigos, ao nosso e-mail e ao nosso telefone. Isto impede a captação destes dados sensíveis por empresas que se fazem passar como "amigos de amigos" como no caso da Cambridge Analytica.
Foto: facebook.com
3. Controlar quem pode usar o meu nome
Sem mudar as definições originais, todos podem identificar o nosso nome em fotografias, vídeos e posts do Facebook (o chamado "tagging"). Para controlar as publicações, vamos ao menu "Definições" e à secção "Cronologia e identificação". Em "Quem pode publicar na tua cronologia?" escolhemos a opção "Apenas eu" e, em baixo, ativamos as revisões de publicações para um controlo maior.
Foto: facebook.com
4. Eliminar anúncios personalizados
Em "Definições" também podemos definir o tipo de publicidade que vemos na secção "Anúncios". Ao restringir o uso dos nossos dados para anúncios não significa que o Facebook não saiba quais as nossas preferências, pois colocamos likes e shares nos posts que interessam. Mas se os anúncios são menos personalizados, torna-se mais difícil desenvolver um perfil detalhado dos nossos hábitos de consumo.
Foto: facebook.com
5. Não conectar um número telefónico
Usar o Facebook sem registar um número telefónico (apenas com um email), pode impedir que a empresa ligue os dados da plataforma Facebook ao WhatsApp, a outra rede social que pertence à empresa Facebook. Quando comprou o WhatsApp em 2014, o Facebook anunciou que não iria conectar os dados das duas plataformas. Mas desde então tem recuado gradualmente.
Foto: picture alliance/dpa/P.Pleul
6. Instagram também faz parte
Não é somente o WhatsApp que faz parte do grupo Facebook, mas também o Instagram. Curiosamente, uma das redes sociais mais usadas pelas pessoas que abandonaram o Facebook. Mas ao contrário do WhatsApp, o Instagram já está estreitamente ligado ao Facebook em termos de intercâmbio de dados. Para as empresas de publicidade, ambas as plataformas são oferecidas como um pacote pelo Facebook.
Foto: Instagram
7. Desinstalar a app do Facebook
Se quisermos diminuir o acesso do Facebook aos nossos dados privados, uma das medidas mais importantes é remover a app do Facebook do telemóvel e passar a abrir a plataforma através de um browser e do endereço www.facebook.com. A app tem a permissão para registar pormenores de chamadas telefónicas como os números ligados ou a duração das chamadas. Usar o Facebook no browser impede este acesso.
Foto: picture-alliance/J.Büttner
8. Escolher bem o browser
Também vale a pena escolher bem o browser. Sempre que navegamos na net, deixamos muitos rastos de dados. Através de pequenos ficheiros no nosso computador ou telemóvel ("cookies"), empresas como o Facebook conseguem identificar ações como compras online. Em 2009, o Firefox foi o primeiro browser a oferecer a opção "Do Not Track" que diminui a recolha de dados online. Seguiram-se outros browsers.
Foto: LEON NEAL/AFP/Getty Images
9. Respeitar a privacidade dos outros
Uma vez publicada uma fotografia ou um vídeo no Facebook ou em outra página da internet, é muito difícil eliminá-la. Como são digitais, é fácil fazer cópias que podem permanecer muitos anos depois da eliminação do original. Por isso, é bom respeitar a privacidade dos outros e também de menores, mesmo sendo os nossos filhos.
Foto: imago stock&people
10. Não publicar o que deve permanecer privado
Podemos considerar as redes sociais como uma espécie de cartaz público. Se temos dados sensíveis, deveríamos usar meios de comunicação protegidos como e-mails codificados ou até o clássico telefone. Vale sempre a pena lembrar que as "redes sociais" não são "redes privadas" e que empresas como a Cambridge Analytica só podem abusar de dados que nós próprios divulgámos e partilhámos.