Apelos sem resposta no Mali e no Sudão, segundo imprensa alemã
11 de maio de 2012 O apelo da secretária-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, UNESCO, foi em vão. Em abril passado, Irina Bokova tinha apelado aos rebeldes tuaregues no Mali para que estes não destruíssem as "maravilhas da arquitetura de lama", como escreveu o Tagesspiegel de Berlim.
O diário enumera as maravilhas da cidade de Tombuctu, no centro do Mali, que nos séculos XV e XVI foi um importante centro religioso e intelectual, albergando mais de 300 mausoléus, mais de 150 madraças, universidades e até 25.000 estudantes. Desde 1988, Tombuctu está inscrita na lista do património cultural da UNESCO.
No fim de semana passado, o mausoléu de Sidi Mahmoud Ben Amar, um local de peregrinação, foi fortemente danificado. De acordo com testemunhas oculares, escreveu o Tagesspiegel, "ardiam portas, janelas e gradeamentos bem como objetos de decoração como cortinas".
Logo no domingo, podia ler-se na edição online da revista Focus– que citava um representante do presidente da câmara de Tombuctu – que o ataque poderia ter sido perpetrado por membros da Al Qaida no Magreb Islâmico (AQMI) juntamente com o grupo islamista Ansar Dine.
"A guerra levá-los-á à ruína"
Também na fronteira entre o Sudão e o Sudão do Sul, a situação continua frágil: segundo uma resolução da ONU, os dois países tinham até quarta-feira, dia 9 de maio, para afastarem as suas tropas até dez quilómetros da fronteira. No mesmo dia, o vizinho do sul informou ter retirado os seus homens da fronteira, enquanto o Sudão defendeu que a linha deveria ser traçada antes de qualquer retirada. Ainda no início da semana, o exército do Sudão terá bombardeado vários estados do Sudão do Sul, escreveu o Neues Deutschland, que citou o porta-voz do exército de Juba, Kella Kueth.
O jornal escreve que "o Sudão do Sul se queixa de que os esforços das Nações Unidas e da União Africana não são suficientes para parar [o que designa de] ataques direcionados contra a população civil". O facto é desmentido pelas autoridades do norte.
Esta semana, o Neue Zürcher Zeitung fez as contas ao conflito, que "se revela uma guerra económica que arruinará os dois estados".
O ministro das finanças sudanês, Ali Mahmud ar-Rasul, citado pelo diário de Zurique, anunciou esta segunda-feira um orçamento para 2012 já revisto, fazendo referência, pela primeira vez, aos prejuízos do governo de Cartum, "uma vez que o Sudão e o Sudão do Sul não conseguem chegar a acordo quanto às taxas de utilização conjunta de equipamentos e instalações do setor petrolífero". Como escreveu o Neue Zürcher Zeitung, de acordo com o ministro das finanças Rasul, "faltam receitas no valor de 2,4 mil milhões de dólares".
E o jornal resume: "Os dados do ministro sudanês mostram a forma imprudente e irresponsável como Cartum escorregou para a crise".
Autora: Marta Barroso
Edição: António Rocha