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Apesar da fragilidade há “sinais encorajadores” na Guiné-Bissau

25 de janeiro de 2012

O International Crisis Group afirma que o caminho que a Guiné-Bissau está trilhar é promissor, não obstante persistirem graves problemas no país. Num relatório a ONG faz várias recomendações a Bissau.

O Palácio Presidencial em Bissau
O Palácio Presidencial em BissauFoto: DW

O título do relatório do International Crisis Group, ICG, resume o conteúdo do mesmo: “Para além dos compromissos: Perspectivas de reforma na Guiné-Bissau”. Apesar das autoridades guineenses terem conseguido com sucesso resistir à tentativa de golpe de Estado a 26 de dezembro de 2011, os verdadeiros desafios políticos e militares estão ainda para vir, nomeadamente a reforma do setor de defesa e segurança.

A promissora estabilidade na Guiné-Bissau assenta em frágeis pilares afirma Vincent Foucher, analista do ICG para a Guiné-Bissau. “A situação na Guiné-Bissau é complexa, o primeiro sinal disso é a aliança entre políticos e militares durante os acontecimentos de 26 de dezembro. Isto mostra que o poder civil aumenta o controle e isto também se deve ao grande apoio da comunidade internacional, e particularmente de Angola. Mas, quando se olha para os recentes acontecimentos percebe-se que a situação é preocupante. No país ainda se faz tráfico de droga, houve o assassinato do presidente e matem-se a impunidade dos militares”.

Segundo o ICG Angola teve um papel importante durante a recente tentativa de golpe de Estado, embora com uma grande falta de transparência. Recorde-se que na altura o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, foi protegido pelos militares angolanos que se encontram no país no âmbito da reforma das Forças Armadas.

Campanha eleitoral em Bissau no ano de 2008Foto: picture-alliance/ dpa

As boas relações do chefe de Governo guineense com Luanda têm mostrado resultados concretos, mas Vincent Foucher defende que Angola deva ter um papel mais preponderante. “Penso que a presença angolana é muito importante para ajudar o primeiro ministro e o seu governo na reforma das Forças Armadas. A estabilidade resultante do apoio angolano deve contribuir para combater a impunidade, o tráfico de droga e o nepotismo”.

Uma lista extensa de desafios

De acordo com o relatório do ICG a Guiné-Bissau enormes desafios: o futuro congresso do PAIGC - o partido no poder afetado por divisões internas - a recente morte do presidente Malam Bacai Sanhá, as eleições presidenciais previstas para 18 de março e ainda as legislativas está previstas para o final deste ano.

O primeiro-ministro já manifestou a sua disponibilidade para se candidatar às presidenciais, facto que é visto pelo ICG como um marco que consolidará o poder do PAIGC e de Carlos Gomes Júnior, mas deixará a oposição em situação mais difícil. “Penso que ele tem uma mão forte, ele é um homem de negócios e tem o apoio de Angola”, salienta Vicent Foucher, “ mas também tem inimigos ou pessoas que não confiam nele”.

Catálogo de recomendações

No relatório o ICG faz várias recomendações à Guiné-Bissau e aos seus parceiros, entre elas robustecer o empenho na reforma do setor de segurança e defesa, reforçar a luta contra a impunidade e facilitar a abertura de processos judiciais, nomeadamente os relativos às mortes políticas de 2009. No âmbito económico sugere-se ao executivo de Bissau maior transparência na gestão da economia, a adesão à EITI, a iniciativa para a transparência nas indústrias extrativas e que submeta à Assembleia Nacional os principais contratos assinados no domínio das pescas, das madeiras, da mineração e do petróleo. O ICG apela ainda aos parceiros da Guiné-Bissau para que redobrem esforços no apoio ao sistema de ensino e de saúde.

Autor: Nádia Issufo
Edição: Helena Ferro de Gouveia/António Rocha

Um eleitor guineenseFoto: picture-alliance/ dpa
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