Em alguns países, é fácil pagar contas com cartões ou pela internet. No Quénia, um projeto-piloto quer possibilitar negociações financeiras através de uma aplicação para celulares.
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Num bairro de lata de Nairóbi, Quénia, as crianças brincam em meio de cabras e outros animais. Estão bem perto de um esgoto, que passa por um pequeno córrego numa estrada não pavimentada. Ali também ficam as habitações precárias dos que vivem ou trabalham. Numa dessas barracas, David Kileo mantém o seu comércio.
Meio quilo de arroz por 45 xelins, cerca de 0,35 euro. O pagamento é em dinheiro, como em quase toda parte do Quénia. David Kileo dirige seu estabelecimento há cerca de um ano e meio. Ele sabe o que seus clientes estão a comprar.
13.04.18 - Apps para comerciantes no Quénia - MP3-Stereo
"Talvez falte sabão, farinha de milho, ou então um outro tipo de arroz e óleo de cozinha", diz.
David Kileo digita esta lista em seu smartphone e apenas alguns instantes depois, ela aparece no computador de Nanga Manjoi, que fornece os produtos para os comerciantes das pequenas lojas na região. Por vários meses, ambos já não se comunicam por telefone, mas sim através da aplicação para celulares chamada "Kionect".
"No início, apenas registávamos as nossas vendas, que não eram muitas. A pessoa comprava, nós dávamos os recibos e depois ela ia embora. Agora, com o App "Kionect", sabemos ao certo quem comprou, a quantidade solicitada e quais foram os produtos comprados", relata.
No armazém, os trabalhadores juntam os produtos para entregar na pequena loja de David Kileo. Os sacos de farinha de milho e arroz são transportados numa motocicleta.
Vantagens para os comerciantes
A aplicação "Kionect" foi inventada pela empresa Mastercard e pela Fundação Bill Gates. A Mastercard está pesquisando no Quénia novas tecnologias para o mercado mundial.
O objetivo é o pagamento digital em vez de dinheiro. A empresa quer ganhar 500 milhões de clientes em todo o mundo até 2020. Uma vantagem para a Mastercard e também para os comerciantes, diz Michael Elliott.
"Criamos uma plataforma que permite aos pequenos comerciantes gerenciarem seu negócio com mais eficiência. Ao mesmo tempo, ao disponibilizarmos essas informações para os bancos, eles podem usá-las para pontuar os comerciantes. E assim os bancos podem conceder empréstimos para os comerciantes que mantêm pagamentos regulares", explica.
O Quénia tem condições para a implementação desse projeto. Quatro em cada cinco quenianos têm telefones celulares ou smartphones. Mesmo nas pequenas aldeias, há bom acesso à internet.
Cerca de 1.500 comerciantes nos bairros de lata de Nairóbi já estão cadastrados no "Kionect".
"Daqui, eu faço o meu pedido e eles apenas me entregam a encomenda. Enquanto isso, posso ficar aqui e continuar a vender. Economizo muito tempo", conta um dos comerciantes.
30 anos do telemóvel - o sucesso em África
O telemóvel completa 30 anos em 2013. Em África, a revolução móvel mudou o cotidiano. Um em cada dois africanos tem um telemóvel. Em nenhum lugar do mundo, o número de usuários cresce tão rapidamente.
Foto: picture-alliance/dpa
Conectando povos através de mensagens escritas
O telemóvel completou 30 anos em 2013. Em África, a revolução móvel mudou o cotidiano de meio bilhão de usuários. Entre os Maasai, do sul do Quênia e norte da Tanzânia, a comunicação com os anciãos é feita por SMS (mensagens escritas de telemóvel).
Foto: picture-alliance/Ton Koene
O boom do telemóvel em África
545 milhões – um em cada dois africanos tem um telemóvel. Em nenhum lugar do mundo, o número de usuários cresce tão rapidamente como em África - aumentou mais de seis vezes, desde 2005. Os aparelhos estão à venda em quase todos os lugares, até mesmo às margens da estrada, como se vê em Moçambique (foto de Chimoio, Manica). A maioria dos africanos usa o telemóvel com contrato sem tarifa fixa.
Foto: DW/Johannes Beck
Revolução móvel
Atualmente, apenas 12 milhões de africanos têm um telefone fixo. Muito mais africanos têm um telefone móvel. Exatamente onde a infraestrutura é deficiente, os telemóveis são um ajuda importante para que pacientes alcancem seus médicos e se informem sobre as medicações. Quem não tem uma conta bancária, pode transferir dinheiro por meio do telemóvel.
Foto: Getty Images
Mais lucro graças ao telemóvel
Por meio da telefonia celular, os agricultores podem verificar os preços atuais de seus produtos no mercado e, assim, vendê-los com maior lucro. Também dados meteorológicos podem ser acessados, o que permite planejar melhor a semeadura e acolheita ou a armazenagem de produtos agrícolas. Graças ao telemóvel, fornecedores e clientes estão mais conectados. Às vezes, um bom negócio é selado por SMS.
Foto: picture-alliance/Ton Koene
O primeiro telemóvel
O primeiro telefone portátil - o protótipo DynaTAC – foi apresentado por Martin Cooper, ex-vice-presidente da Motorola, em 1973. Mas apenas 10 anos depois, em 21 de setembro de 1983, o aparelho começou a ser vendido. Ele pesava menos de um quilo, o que foi revolucionário na época. Menos revolucionário era, entretanto, o preço: custava cerca de 4.000 dólares americanos.
Foto: picture-alliance/dpa
O fenómeno do SMS
Em 1994, foi introduzido o Serviço de Mensagens Curtas (SMS, na sigla em inglês). Originalmente, foi concebido para enviar mensagens sobre a má recepção ou interrupções de rede para os clientes. Mas, a mensagem de 160 caracteres tornou-se rapidamente o serviço mais popular da telefonia móvel. Muitos jovens criaram abreviações como "lol" ("laughing out loud" ou “rindo alto”, na tradução literal).
Foto: DW/Brunsmann
Os primeiros telefones com acesso à Internet
Em 1999, o Nokia 7110, foi o primeiro telemóvel com Protocolo para Aplicações sem Fio (WAP, na sigla em inglês). Com ele, os usuários passaram a ter acesso à internet móvel. Oferecia apenas uma simplificada versão de texto da Web, mas significou um passo revolucionário para a Internet móvel. Seguiram-se modelos similares, que condensavam as funções de telemóvel, pager e fax em um único aparelho.
Foto: imago
Uma nova era
Em 2007, o primeiro iPhone da Apple causou uma nova revolução no mercado da telefonia móvel. Não era o primeiro smartphone, mas foi o primeiro a ter uma interface amigável. Mais tarde, foi adaptado para a tecnologia 3G, disponível desde 2001.
Foto: imago
Visão futurista
A tecnologia LTE é uma preparação para a ainda mais poderosa quarta geração da telefonia móvel. Em breve, casa, carro e escritório podem ser controláveis por meio do telemóvel. Mesmo os avanços do smartphone ainda não chegaram ao fim. O pagamento de contas por telefone e o controle por meio dos movimentos oculares já estão em desenvolvimento.
Foto: picture-alliance/dpa
Banco móvel
Em África, as transferências de dinheiro por telemóveis já fazem parte do dia a dia há muito tempo. O sistema queniano M-PESA torna possível enviar valores mesmo sem uma conta bancária, a baixo custo e com conforto - a partir de casa ou da rua. Atualmente, milhões de pessoas usam o M-PESA. Agora, o sistema começa a ser introduzido também na Europa.
Foto: Getty Images
A vida sem sinal
Telefonar – isso ainda não é fácil em lugares como o vilarejo de Nqileni, na África do Sul. Este é o único lugar em todo o povoado, onde o sinal de recepção do telemóvel é estável. Por isso, um suporte foi planejado junto com a construção da cabana. Também os vizinhos vêm e depositam seus telemóveis ali. Alguém está sempre por perto para assumir o serviço de telefonia.
Foto: DW/C. Stäcker
Estar tecnicamente preparado
"Usuários da telefonia móvel" não é um tópico escolar reconhecido na Libéria. Mas, claro, se quer aprender a utilizar os telemóveis corretamente. Nesta escola em Bensonville, o professor explica com clareza. Seus alunos devem aprender desde cedo a aproveitar as vantagens que o telemóvel oferece.