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Combater os efeitos das mudanças climáticas em Angola

Christian Seeewald | Lusa
9 de dezembro de 2016

O país africano está entre os dez mais afetados pelos efeitos das mudanças climáticas em África, de acordo com ranking da organização alemã Germanwatch. Para ambientalista angolano, o país precisa de apoio internacional.

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A seca em África é um dos principais efeitos das mudanças climáticas. O continente é particularmente vulnerável, afirmou Sönke Kreft, autor principal do 12.º "índice anual dos riscos climáticos" publicado pela organização não-governamental Germanwatch.Foto: picture-alliance/dpa/N. Bothma

Angola faz parte do grupo de países que assinaram o Acordo de Paris, que visa combater os impactos do aquecimento global. Compromisso este que foi consolidado em novembro de 2016 na 22ª Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 22, na cidade marroquina de Marrakesh. Mas para combater as alterações climáticas, Angola precisa de apoio internacional.

O ambientalista angolano Vladimir Russo diz que a participação deste país na conferência em questão foi importante para se perceber como será o acesso aos recursos a serem disponibilizados, tanto do Fundo do Carbono como do Fundo Verde – investimentos oferecidos com foco em sustentabilidade - e salienta que haverá sempre investimento do Estado, mas Angola deveria buscar outras fontes.

Ele acredita, porém, que o país precisa de medidas concretas para obter esses fundos e implementá-los de forma séria e transparente. "Diversos ministérios angolanos poderão reforçar ou tentar reforçar as suas verbas para a implementação de projectos correntes relacionados às alterações climáticas, mas um dos principais esforços que Angola deve fazer é mobilizar-se para obter financiamentos internacionais”, diz Russo.

Logo da 22ª Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 22, em Marraquexe, 2016.Foto: WWF International

Problemas

Conforme o ambientalista, o último relatório do estado geral do ambiente de Angola, apresentado na conferência do Rio de Janeiro, em 2012, narra uma série de problemas neste país. Problemas, por exemplo, "relacionados à caça, aos elementos industriais que provocam poluição atmosférica, ao uso de combustíveis para geração de energia, bem como aos cortes de florestas que contribuem para a emissão de gás carbônico", diz.

Porém, o especialista angolano salienta que algumas medidas têm sido desenvolvidas. "Ainda não temos uma matriz energética de base hídrica e trabalha-se neste sentido. Uma das previsões de Angola apresentadas em Paris fora a de que até 2030 uma série de projetos serão desenvolvidos".

Alguns desses já nos próximos dois ou três anos, com a entrada em funcionamento de outras barragens hidroeléctricas que diminuirão a poluição do ar com dióxido de carbono, conforme relata Russo, "o Ministério da Agricultura está a terminar um inventário florestal que vai ajudar a projectar os próximos passos para gestão e conservação da floresta”.

Prioridades

Emissão de dióxido de carbono pela indústria. Foto ilustrativa.Foto: Getty Images/K. Frayer

Para Vladimir Russo o aspeto mais importante neste momento é a proteção das áreas vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas em Angola – a exemplo das secas e inundações. Salienta ainda que há uma previsão de subida do nível do oceano até dez metros nos próximos 70 anos e isso é uma preocupação a levar-se em consideração no futuro.

"A prioridade deverá ser sempre aquelas comunidades mais vulneráveis particularmente no sul de Angola, Namibe, Huíla, Benguela, Cunene, e particularmente as alterações climáticas mais elevadas particularmente devido à escassez de água”, diz.

A região do sul de Angola é de facto uma área extremamente complicada, acredita o especialista. "Os agricultores terão alguma dificuldade de se adaptar, de arranjarem mecanismos de informação, de formação de disponibilidade de recursos financeiros para que possam estar prontos para fazer face as alterações climáticas e os seus efeitos”.

Ajuda internacional em Angola

A Agência dos Estados Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional (USAID) já anunciou em agosto deste ano (2016) que vai gerir parques naturais no sudeste de Angola para ajudar a orientar o desenvolvimento de 6,8 milhões de hectares e assegurar ainda que esses locais forneçam água limpa e sirvam de importantes tampões para os impactos das alterações climáticas previstas, nomeadamente secas e inundações.

A África é particularmente vulnerável aos impactos das alterações climáticas, sublinhara Sönke Kreft, autor principal do 12.º "índice anual dos riscos climáticos" publicado pela organização não-governamental Germanwatch durante a conferência internacional em Marraquexe.

Segundo o especialista alemão, os países pobres são, de modo geral, mais expostos às tempestades, ondas de calor, inundações ou secas, fenómenos cuja intensidade e frequência aumentam sob o efeito do aquecimento global. O ranking da organização alemã Germanwatch relata que entre os 10 países africanos mais afetados em 2015 pelos fenómenos climáticos extremos, quatro são países de língua portuguesa: Moçambique (1.º lugar), Cabo Verde (8.º), Guiné-Bissau (9.º) e Angola (10.º).

 

 

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