Arcebispo angolano condena fosso entre ricos e pobres em Angola
14 de março de 2014 Os bispos de Angola e São Tomé e Príncipe estão reunidos pela primeira vez fora do território angolano, desde a fundação da Conferência Episcopal, em 1940. Em debate estão temas como a fé cristã e a evangelização.
No discurso de abertura da primeira assembleia plenária da CEAST - Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe - o presidente D. Gabriel Mbilingui saudou o progresso que Angola vem registando nos últimos anos, não deixando de condenar a desigualdade social, afirmando que "por um lado, aumenta o número de empresários que investem sempre mais em Angola e, por outro, aumenta o fosso cada vez mais profundo entre ricos e pobres".
"Continuam, na prática, os gritantes esquecimentos e assimetrias no desenvolvimento", lembrou Mbilingui, dando "particular relevo às periferias das grandes cidades e as localidades mais afastadas das capitais de província, ou mesmo da capital do país, Luanda".
Ações para minimizar consequências da seca
Questionado sobre a fome no sul de Angola devido à seca, Mbilingui afirmou que a Igreja Católica tem desenvolvido ações para ajudar os habitantes daquela região do território angolano. "A seca é ainda uma questão preocupante", frisou, explicando que "a Rádio Eclesia continua a mobilizar, através de uma campanha, os cidadãos e os fiéis cristãos, já que é uma questão humanitária". "Gostaríamos que não esquecessem aqueles cidadãos e, sobretudo, gostaríamos de ver mais ações a favor dos mesmos, a curto, médio e longo prazo. As de curto prazo são aquelas em que estamos empenhados, com a recolha de produtos para acudir aos problemas da fome, da saúde e da água".
Imprensa em Angola não é totalmente livre, diz CEAST
À margem da assembleia plenária, questionado pela DW África sobre o motivo pelo qual as emissões da Radio Eclesia são limitadas, sobretudo em Luanda, D. Gabriel Mbilingui afirmou: "Se lerem a entrevista que dei ao jornal 'O País', verão lá o nosso posicionamento. Em vez de nos perguntarem sempre a nós, porque é que não vão perguntar ao Estado? Vocês estão fartos de saber qual é o nosso parecer acerca desta questão. Sabem que as condições estão criadas. Perguntem ao Estado".
Mbilingui condenou ainda a atuação de muitas confissões religiosas que têm estado a cultivar mentalidades de magia e feitiçaria em Angola, contrariando os valores do evangelho. Quanto à destruição das mesquistas e a ilegalização de congregações evangelistas, o arcebispo afirma que "o próprio Estado disse que sejam reconhecidas as confissões religiosas que estão nos parâmetros da lei de Angola. Como é ao Estado que cabe fazer esse reconhecimento, o Estado certamente agiu em conformidade com a legalidade ou ilegalidade da presença e da atuação dessas confissões religiosas. Não tenho de me meter nesse assunto."