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Arcebispo critica abordagem de Luanda no Huambo

Nélio dos Santos (Cidade da Praia) / Lusa27 de abril de 2015

A igreja católica está "muito preocupada" com os confrontos no Huambo entre a polícia e fiéis da seita "A Luz do Mundo" ("Kalupeteka"), diz o arcebispo do Lubango, Gabriel Mbilingi. Segundo a UNITA, morreram 1.080 civis.

Foto: Luis Carvalho

A igreja católica angolana está "muito consternada" com os contornos deste caso. Uma preocupação que foi manifestada este fim-de-semana em Cabo Verde pelo arcebispo do Lubango. Dom Gabriel Mbilingi esteve no arquipélago para participar na conferência "África e Desenvolvimento Sustentável", promovida pela União Internacional Cristã de Dirigentes de Empresas, que juntou bispos, arcebispos e representantes associativos de 12 países africanos.

Dom Gabriel Mbilingi, arcebispo católico do LubangoFoto: Luis Carvalho

"É um fenómeno que nos deixa muito consternados e até preocupados", declarou o arcebispo. "Porque quando a religião é falsificada e cede a outros objetivos que não sejam aqueles de tornar possível os valores do Evangelho presentes na vida das pessoas e das comunidades, isso desvirtua muito a finalidade de uma religião."

O arcebispo do Lubango reconhece que a situação está a criar muita tensão em Angola, particularmente na região do Huambo. "É um fenómeno que cria muita tensão, que pode ter consequências imprevisíveis, também pela forma como está a ser abordado, até pelas autoridades competentes, o que também deixa uma certa preocupação."

UNITA fala em mais de mil mortes

A igreja católica angolana compromete-se a contribuir para acabar com a tensão provocada pelos confrontos do passado dia 16 de abril e que envolveram polícias e seguidores da seita "A Luz do Mundo".

Arcebispo critica abordagem das autoridades angolanas no Huambo no caso Kalupeteka

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Os agentes policiais tentavam executar um mandado de captura do líder da seita, José Julino Kalupeteka, quando, na versão das autoridades angolanas, foram atingidos a tiro, provocando a morte de nove polícias. Na resposta, a intervenção policial terá provocado, segundo as autoridades, a morte de 13 seguidores da seita.

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) afirma que 1.080 civis morreram nos confrontos entre a seita religiosa e a polícia na província do Huambo. O número foi avançado por Raúl Danda, líder parlamentar do maior partido da oposição angolana, depois de no sábado (25.04) um grupo de deputados da UNITA ter terminado uma visita de três dias ao Huambo.

Extremismo

Na Cidade da Praia, o arcebispo do Lubango, igualmente presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (SECAM), também denunciou o extremismo islâmico no mundo, particularmente em alguns países africanos. "É o cristianismo no seu todo que é atacado. Não é simplesmente a Igreja Católica ou a Igreja Protestante nos seus diversos ramos, mas sim a religião cristã. Este grande ódio à cruz do senhor e a tudo aquilo que é a fé em Jesus Cristo não deixa de nos preocupar", sublinhou.

O drama dos emigrantes africanos no Mediterrâneo também não passou despercebido. O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, afirmou que África e os seus dirigentes têm uma palavra a dizer. "África tem grandes responsabilidades. É claro que para resolver o problema, neste momento, precisamos de um intenso diálogo entre os países africanos e a Europa. Temos é de combater as causas", defendeu.

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