Argélia aprova cinco candidaturas para disputa presidencial
DPA | Reuters | kg
2 de novembro de 2019
A autoridade eleitoral do país anunciou os nomes dos candidatos às eleições presidenciais de 12 de dezembro. O chefe do Gabinete Militar garante que a votação será transparente. Protestos contra o Governo continuam.
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A autoridade de eleições da Argélia anunciou este sábado (02.11) que aprovou as candidaturas de cinco presidenciáveis que vão disputar as eleições no país em dezembro.
Entre os candidatos, estão Ali Benflis e Abdelmadjid Tebboune, dois ex-primeiros-ministros do antigo Presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika. O antigo ministro da Cultura Azzedddine Mihoubi e antigo ministro do Turismo Abdelkader Bengrine, além de Abdelaziz Belaid, líder do partido Movimento El Mostakbal, também vão concorrer.
Ao todo, foram submetidas 23 candidaturas, afirmou Mohammed Cherif, presidente da Comissão Eleitoral do país, em entrevista a jornalistas na capital Argel. Entretanto, muitos candidatos falharam em apresentar o número de assinaturas necessárias nas respetivas províncias. As eleições presidenciais estão marcadas para 12 de dezembro.
"Nova independência"
Esta sexta-feira (01.11), centenas de milhares de pessoas foram às ruas de Argel para reclamar uma "nova independência" no país, no dia que marca os 65 anos do começo da luta armada contra o colonialismo francês. Os manifestantes protestaramcontra o pleito que consideram como uma continuação do antigo regime de Abdelaziz Bouteflika.
Um forte esquema de segurança foi montado pelo governo local para acompanhar o protesto. Para driblar os pontos de fiscalização que impedem o acesso à capital todas as sextas-feiras desde o início dos protestos, argelinos de diferentes partes do país chegaram a Argel nos últimos dias para participar do movimento.
Transparência
Os protestos têm lugar desde abril, quando Abdelaziz Bouteflika foi forçado a deixar o poder devido a intensas manifestações iniciadas a 22 de fevereiro. Os manifestantes exigiram a queda do antigo ditador, que estava no poder fazia 20 anos, e a prisão de políticos corruptos.
O Exército é agora o principal ator na política da Argélia. O chefe de Gabinete, o tenente-general Ahmed Gaed Salah, prometeu transparência e justiça na votação de 12 de dezembro.
As autoridades também atenderam às demandas de alguns manifestantes com a detenção de vários ex-funcionários, incluindo dois ex-primeiros-ministros, além de empresários envolvidos em corrupção.
Os manifestantes exigem ainda a saída dos demais símbolos da velha guarda, incluindo o Presidente interino, Abdelkader Bensalah, e o primeiro-ministro argelino, Noureddine Bedoui.
Presidentes africanos para sempre
Vários presidentes africanos governam há tanto tempo, que muitos cidadãos não conhecem outro líder do seu país. Teodoro Obiang Nguema é o líder africano há mais tempo no poder: governa a Guiné Equatorial desde 1979.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Alamba
Guiné Equatorial: Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é atualmente o líder africano há mais tempo no poder, depois de, em 2017, José Eduardo dos Santos ter deixado o cargo de Presidente de Angola, que ocupava também desde 1979. Neste ano, Obiang chegou ao poder através de um golpe de estado contra o seu tio, Francisco Macías. Nas últimas eleições no país, em 2016, Obiang afirmou que não voltaria a concorrer em 2020.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Lecocq
Camarões: Paul Biya
Com o seu nascimento no ano de 1933, Paul Biya é o Presidente mais idoso do continente africano e apenas ultrapassado em anos no poder pelo líder da vizinha Guiné Equatorial. Biya chegou ao poder em 1982. Em 2008, uma revisão à Constituição retirou os limites aos mandatos. Em 2018, Biya, foi declarado vencedor das eleições. Os Camarões atravessam uma crise com a rebelião na parte anglófona.
Foto: picture-alliance/AA/J.-P. Kepseu
Uganda: Yoweri Museveni
Com mais de 30 anos no poder, Yoweri Museveni é, para uma grande parte dos ugandeses, o único Presidente que conhecem. 75% dos atuais 35 milhões de habitantes nasceram depois de Museveni ter subido ao poder em 1986. Em 2017, foi aprovada a lei que retira o limite de idade (75 anos) para concorrer à Presidência. Assim sendo, Museveni já pode concorrer ao sexto mandado, nas eleições de 2021.
Foto: picture alliance/AP Photo/B. Chol
República do Congo: Denis Sassou Nguesso
Foi também uma alteração à Constituição que permitiu que Denis Sassou Nguesso voltasse a candidatar-se e a vencer as eleições em 2016 na República do Congo (Brazzaville). Já são mais de 30 anos à frente do país, com uma pequena interrupção entre 1992 e 1997. Denis Sassou Nguesso nasceu no ano de 1943.
Foto: picture-alliance/AA/A. Landoulsi
Ruanda: Paul Kagame
Paul Kagame lidera o Ruanda desde 2000. Antes, já teve outros cargos influentes e foi líder da Frente Patrifótica Ruandesa (FPR), a força que venceu a guerra civil no Ruanda. Em 2017, Kagame ganhou as eleições com 98,8% dos votos. Assim poderá continuar no poder até, pelo menos, 2034. Assim ditou a consulta popular realizada em 2015 que acabou com o limite de dois mandatos presidenciais.
Foto: Imago/Zumapress/M. Brochstein
Burundi: Pierre Nkurunziza
Em 2005, Pierre Nkurunziza chegou ao poder no Burundi. Em 2015, o terceiro mandato de Nkurunziza gerou uma onda de protestos entre a população que, de acordo com o Tribunal Penal Internacional, terá causado cerca de 1.200 mortos e 400.000 refugiados. Em maio de 2018, teve lugar um referendo para alterar a Constituição, que permitiu ao Presidente continuar no cargo até 2034.
Foto: Reuters/E. Ngendakumana
Gabão: Ali Bongo Ondimba
Ali Bongo ainda está longe de quebrar o recorde do pai, que esteve 41 anos no poder, mas já vai no terceiro mandato, ganho em 2017, no meio de muita contestação. Em 2018, a Constituição do Gabão foi revista para acabar com o limite de mandatos. A nova versão da Constituição também aumentou os poderes do Presidente para tomar decisões unilateralmente.
Foto: Reuters/Reuters TV
Togo: Faure Gnassingbé
Em 2005, Faure Gnassingbé substituiu o pai, que liderou o país durante 38 anos. Ao contrário de outros países, o Togo não impunha um limite aos mandatos. Em 2017, após protestos da população contra a "dinastia" Gnassingbé, foi aprovada a lei que impõe um limite de mandatos. No entanto, a lei não tem efeitos retroativos, pelo que o ainda Presidente poderá disputar as próximas eleições, em 2020.
Foto: DW/N. Tadegnon
Argélia: Abdelaziz Bouteflika
Abdelaziz Bouteflika esteve 20 anos no poder na Argélia (1999-2019). Em 2013, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), mas nem a idade, nem o estado de saúde travaram o Presidente de anunciar que iria procurar um quinto mandato em 2019. Em abril de 2019, face a protestos públicos, anunciou a sua renúncia ao cargo. Nesta altura, já teve 82 anos de idade.