Said Bouteflika é absolvido das acusações de conspiração
AFP | tm
2 de janeiro de 2021
Um tribunal militar argelino absolveu neste sábado (2.1) Said Bouteflika, irmão do ex-presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, das acusações de conspiração, segundo avançou a agência oficial de imprensa argelina.
Publicidade
Said Bouteflika, irmão do ex-presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, outrora poderoso assessor presidencial, já foi visto como o verdadeiro poder a governar o país norte-africano, depois que o seu irmão sofreu um derrame debilitante, em 2013.
Mas ele foi detido em maio de 2019, um mês após Bouteflika ter deixado o cargo, após protestos em massa contra sua candidatura a um quinto mandato.
Said foi condenado, juntamente com dois ex-chefes de inteligência, e um político trotskista, a 15 anos de prisão por "conspiração" contra o exército e o Estado, e em fevereiro, um tribunal militar manteve essa decisão.
Mas em novembro, o Supremo Tribunal disse que eles seriam julgados novamente após os recursos.
Absolvição
"Após deliberações, o tribunal [...] anulou a decisão original e absolveu todos os réus", disse o advogado Khaled Berghel à APS, a agência de imprensa oficial argelina.
Apesar de ter sido absolvido, Bouteflika permanece sob custódia e será transferido para outra prisão enquanto aguarda um julgamento separado, por suposta corrupção durante o Governo de seu irmão, avançou um funcionário do tribunal.
Bouteflika e outras três pessoas foram acusadas de se encontrarem em março de 2019 e conspirarem para descarrilar os planos do alto comando do exército, e forçar a partida de Abdelaziz Bouteflika. Alegadamente, quis que os chefes da inteligência demitissem o chefe de estado-maior do exército na época, o general Ahmed Gaid Salah.
Entre seus co-arguidos estava o general Mohamed Lamine Mediene, conhecido como "Toufik", que chefiou o poderoso Departamento de Inteligência e Segurança por 25 anos.
Também em julgamento estavam Louisa Hanoune, que havia servido como secretária geral do Partido dos Trabalhadores, e o General Athmane Tartag.
Presidentes africanos para sempre
Vários presidentes africanos governam há tanto tempo, que muitos cidadãos não conhecem outro líder do seu país. Teodoro Obiang Nguema é o líder africano há mais tempo no poder: governa a Guiné Equatorial desde 1979.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Alamba
Guiné Equatorial: Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é atualmente o líder africano há mais tempo no poder, depois de, em 2017, José Eduardo dos Santos ter deixado o cargo de Presidente de Angola, que ocupava também desde 1979. Neste ano, Obiang chegou ao poder através de um golpe de estado contra o seu tio, Francisco Macías. Nas últimas eleições no país, em 2016, Obiang afirmou que não voltaria a concorrer em 2020.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Lecocq
Camarões: Paul Biya
Com o seu nascimento no ano de 1933, Paul Biya é o Presidente mais idoso do continente africano e apenas ultrapassado em anos no poder pelo líder da vizinha Guiné Equatorial. Biya chegou ao poder em 1982. Em 2008, uma revisão à Constituição retirou os limites aos mandatos. Em 2018, Biya, foi declarado vencedor das eleições. Os Camarões atravessam uma crise com a rebelião na parte anglófona.
Foto: picture-alliance/AA/J.-P. Kepseu
Uganda: Yoweri Museveni
Com mais de 30 anos no poder, Yoweri Museveni é, para uma grande parte dos ugandeses, o único Presidente que conhecem. 75% dos atuais 35 milhões de habitantes nasceram depois de Museveni ter subido ao poder em 1986. Em 2017, foi aprovada a lei que retira o limite de idade (75 anos) para concorrer à Presidência. Assim sendo, Museveni já pode concorrer ao sexto mandado, nas eleições de 2021.
Foto: picture alliance/AP Photo/B. Chol
República do Congo: Denis Sassou Nguesso
Foi também uma alteração à Constituição que permitiu que Denis Sassou Nguesso voltasse a candidatar-se e a vencer as eleições em 2016 na República do Congo (Brazzaville). Já são mais de 30 anos à frente do país, com uma pequena interrupção entre 1992 e 1997. Denis Sassou Nguesso nasceu no ano de 1943.
Foto: picture-alliance/AA/A. Landoulsi
Ruanda: Paul Kagame
Paul Kagame lidera o Ruanda desde 2000. Antes, já teve outros cargos influentes e foi líder da Frente Patrifótica Ruandesa (FPR), a força que venceu a guerra civil no Ruanda. Em 2017, Kagame ganhou as eleições com 98,8% dos votos. Assim poderá continuar no poder até, pelo menos, 2034. Assim ditou a consulta popular realizada em 2015 que acabou com o limite de dois mandatos presidenciais.
Foto: Imago/Zumapress/M. Brochstein
Burundi: Pierre Nkurunziza
Em 2005, Pierre Nkurunziza chegou ao poder no Burundi. Em 2015, o terceiro mandato de Nkurunziza gerou uma onda de protestos entre a população que, de acordo com o Tribunal Penal Internacional, terá causado cerca de 1.200 mortos e 400.000 refugiados. Em maio de 2018, teve lugar um referendo para alterar a Constituição, que permitiu ao Presidente continuar no cargo até 2034.
Foto: Reuters/E. Ngendakumana
Gabão: Ali Bongo Ondimba
Ali Bongo ainda está longe de quebrar o recorde do pai, que esteve 41 anos no poder, mas já vai no terceiro mandato, ganho em 2017, no meio de muita contestação. Em 2018, a Constituição do Gabão foi revista para acabar com o limite de mandatos. A nova versão da Constituição também aumentou os poderes do Presidente para tomar decisões unilateralmente.
Foto: Reuters/Reuters TV
Togo: Faure Gnassingbé
Em 2005, Faure Gnassingbé substituiu o pai, que liderou o país durante 38 anos. Ao contrário de outros países, o Togo não impunha um limite aos mandatos. Em 2017, após protestos da população contra a "dinastia" Gnassingbé, foi aprovada a lei que impõe um limite de mandatos. No entanto, a lei não tem efeitos retroativos, pelo que o ainda Presidente poderá disputar as próximas eleições, em 2020.
Foto: DW/N. Tadegnon
Argélia: Abdelaziz Bouteflika
Abdelaziz Bouteflika esteve 20 anos no poder na Argélia (1999-2019). Em 2013, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), mas nem a idade, nem o estado de saúde travaram o Presidente de anunciar que iria procurar um quinto mandato em 2019. Em abril de 2019, face a protestos públicos, anunciou a sua renúncia ao cargo. Nesta altura, já teve 82 anos de idade.