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Argélia: Oposição exige novo governo e mais transparência nas eleições de maio

6 de janeiro de 2012

Presidente argelino pondera substituição do primeiro-ministro e formação de um governo composto por tecnocratas exigidas pela oposição. Oposicionistas querem medidas de combate a fraudes eleitorais nas próximas eleições.

O Presidente Abelaziz Bouteflika tem nas suas mãos a estabilidade política da Argélia
O Presidente Abelaziz Bouteflika tem nas suas mãos a estabilidade política da ArgéliaFoto: AP

Um ano depois da vaga de manifestações que sacudiu a Argélia, os principais partidos da oposição exigem ao presidente Abdelaziz Bouteflika que substitua o primeiro-ministro e forme um novo governo de tecnocratas a fim de garantir a equidade nas próximas eleições legislativas marcadas para maio.

A Argélia é o único país do Norte de África que não foi sacudido pela vaga de revoltas populares que atingiu a região em 2011. Porém, segundo diversos analistas o escrutínio de maio poderá servir de elemento catalizador para o início de manifestações antigovernamentais.

A queda de Ouyahia

O Partido Ennahda, o Partido dos Trabalhadores e a Frente para a justiça e o Desenvolvimento exigem a demissão do Primeiro ministro Ahmed Ouyahia, antes do escrutínio porque " o atual governo não tem capacidade para organizar eleições justas e livres".

O primeiro-ministro Ahmed Ouyahia, no cargo desde Junho de 2008, é considerado um político pragmático que se opõe ferozmente aos islamistasFoto: AP

O chefe de Estado argelino ainda não deu resposta às exigências da oposição. Porém, segundo fontes próximas das elites no poder, a decisão já foi tomada no sentido de ser nomeada uma figura política neutra para a chefia de um novo executivo. O atual ministro do Trabalho, Taieb Loub, é o nome mais citado. A sua principal tarefa será precisamente controlar o próximo processo eleitoral.

Há um ano, o país foi palco de várias manifestações de protesto contra o elevado custo de vida. Ainda assim, o país conseguiu escapar à vaga de revoltas populares que afastou do poder alguns regimes ditatoriais norte africanos.

Moustapha Said, professor de ciências políticas e relações internacionais da Universidade de Argel, considera que “a estabilidade social na Argélia foi conseguida através de uma melhor redistribuição das receitas oriundas do petróleo.”

O milagre do petróleo

O académico argelino diz que “essa paz social” foi conseguida por duas razões: “porque foram aumentados os salários na função pública e porque as autoridades decidiram ajudar as populações que estavam marginalizadas, utilizando parte dos benefícios financeiros arrecadados pelo setor petrolífero.”

A paz social argelina foi conseguida à custa das receitas da industria petrolífera e petroquímicaFoto: Dolat.ir

Recorde-se que, face ao perigo de propagação das revoltas tunisina e egípcia em solo argelino, o presidente Abdelaziz Bouteflika anunciou em abril de 2010, uma série de reformas legislativas e constitucionais.

Os partidos da oposição argumentam que as promessas presidenciais são insuficientes e exigem que o chefe de Estado endureça a legislação contra as fraudes eleitorais que, alegadamente, se terão verificado nas eleições anteriores.

Autor: António Rocha
Edição: Pedro Varanda de Castro/Nádia Issufo

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