Arranca cimeira dos BRICS com Angola
6 de julho de 2025
O Presidente de Angola e da União Africana, João Lourenço está entre os representantes de 30 países e organizações internacionais, reunidos com o chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva. O primeiro dia centrou-se no debate das economias emergentes em reformar as instituições internacionais e na defesa do multilateralismo.
No seu discurso de abertura da cimeira de líderes dos BRICS, Lula da Silva criticou o compromisso dos países membros da NATO em aumentar as despesas com a Defesa para 5% do PIB. "A recente decisão da NATO alimenta a corrida armamentista", disse o chefe de Estado brasileiro, que preside a reunião anual das economias emergentes.
A cimeira no Rio de Janeiro decorre sem os chefes de Estado russo e chinês, dois países fundadores dos BRICS. Vladimir Putin, alvo de um mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), por suspeita de deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia, participa por videoconferência.
Por videoconferência, Putin disse hoje que o modelo de globalização liberal "tornou-se obsoleto". "A mudança na ordem económica mundial continua a ganhar força. Estamos todos a testemunhar que o modelo de globalização liberal tornou-se obsoleto", afirmou.
O ex-primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, representam os dois países fundadores do grupo do BRICS, que conta com mais de 40% da população global e mais de 35% do produto interno bruto (PIB) mundial.
Sessões
Este domingo (06.07), os chefes de Estado e de Governo dos BRICS tiveram agendadas duas sessões plenárias, a primeira sobre "Paz e Segurança e Reforma da Governança Global" e a segunda relativa ao Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Económico-Financeiros e Inteligência Artificial".
Nesta última, debate-se a revisão das participações acionárias no Banco Mundial, o realinhamento de quotas do FMI e o aumento da representação dos países em desenvolvimento em posições de liderança nas instituições financeiras internacionais e a importância de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.
Para além disso, e tal como tem vindo a acontecer durante as reuniões ministeriais dos BRICS ao longo dos últimos meses, foi feita uma crítica ao aumento de medidas protecionistas unilaterais injustificadas, numa referência às medidas anunciadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; assim como um apelo ao reforço da utilização de moedas locais no comércio entre os países do bloco.
No último dia, na segunda-feira, sessão plenária será sobre "Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global".
Economias emergentes
Termo criado por um analista da Goldman Sachs sobre economias emergentes, o BRIC, constituído inicialmente pelo Brasil, Rússia, Índia e China, reuniu-se pela primeira vez ao nível de chefes de Estado em 2009, e alargou-se à África do Sul em 2011.
Atualmente, inclui ainda o Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irão e Indonésia, bem como a Arábia Saudita, que foi convidada mas decidiu não participar da primeira sessão plenária da cúpula de chefes de Estado e de governo do BRICS, que começou neste domingo.
O país, aliado dos Estados Unidos no Médio Oriente, também optou por não comparecer à foto oficial com os demais membros permanentes do grupo, momento que precedeu o debate intitulado "Paz e Segurança, e Reforma da Governança Global".
Esta é a primeira reunião que congrega a nova configuração do grupo com 11 países membros. O Brasil mobilizou cerca de 20 mil militares, além de caças com mísseis, sistemas anti-drone e atiradores de elite para garantir a segurança do evento.
A operação de segurança, denominada Comando Operacional Conjunto Redentor, prevê ainda a utilização de 300 viaturas, 38 veículos blindados, 18 barcos e oito helicópteros.
(Última atualização às 17h58 - Tempo Universal Coordenado - UTC)