Angola: Arresto de bens de Isabel dos Santos sem impacto
Lusa | rl
4 de janeiro de 2020
No entanto, a Capital Economics salienta "o ímpeto reformista do Governo" angolano. Segundo o jornal Expresso, Isabel dos Santos e o marido terão já mudado a sua residência para o Dubai no ano passado.
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O consultor da Capital Economics que segue a economia de Angola considerou à Lusa que o congelamento das contas de Isabel dos Santos não terá um impacto macroeconómico relevante, sinalizando o ímpeto reformista do Governo. "Congelar os ativos de Isabel dos Santos, filha do antigo Presidente de Angola, como parte do combate à corrupção, não deverá ter um grande impacto macroeconómico, mas sinaliza a seriedade do ímpeto reformista do Presidente Lourenço", disse Virág Fórizs.
O mesmo consultor alerta que, "a curto prazo, Angola vai sentir a dor motivada pelo aumento da inflação e pela política de austeridade, e a economia deverá manter-se em recessão pelo quinto ano consecutivo em 2020".
As declarações de Virág Fórizs surgem dias depois de o Tribunal Provincial de Luanda ter decretado o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais. Tanto Isabel dos Santos, como o seu marido Sindika Dokolo, dizem-se vítimas de perseguição política.
Residência no Dubai
Entretanto, na edição deste sábado (04.01), o semanário português Expresso dá conta de que Isabel dos Santos "mudou de residência para o Dubai no ano passado e passou a assumir cidadania russa".
De acordo com documentos depositados no registo comercial de Malta, a que o Expresso teve acesso, "Isabel dos Santos e o marido, Sindika Dokolo, passaram a ter morada profissional na Almas Tower, um arranha-céus no Dubai". O casal vive na luxuosa área de Jumeirah Bay, no Dubai, pelo menos desde junho, acrescenta o mesmo jornal.
Recorde-se que, recentemente, em entrevista à DW, o historiador especialista nas relações Rússia- PALOP, José Milhazes, já havia chamado à atenção para os interesses empresariais de Isabel dos Santos na Rússia. "É natural que até já tenha utilizado a Rússia como um dos portos seguros para guardar o seu dinheiro. Devemos recordar que na Cimeira Rússia-África Isabel dos Santos foi uma das convidadas. O que significa que a sua capacidade em termos económicos e financeiros já é bem conhecida na Rússia", afirmou na altura.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
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Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
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Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.