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As fraquezas da oposição no Zimbabué

Daniel Pelz/Cristina Krippahl30 de julho de 2013

Nos últimos cinco anos, uma coligação um pouco tremida entre ZANU-PF e MDC governou o Zimbabué. Apesar dos progressos, o partido da oposição não obteve mais apoios. O desfecho das eleições de 31 de julho está em aberto.

Morgan Tsvangirai, líder do MDCFoto: Reuters

Em 2008, o Movimento pela Mudança Democrática (MDC) entrou para a História. Duas fracções do MDC conseguiram, juntas, obter uma maioria parlamentar. Tratou-se da primeira derrota desde a independência do partido do Presidente Robert Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-PF). O dirigente do MDC, Morgan Tsvangirai, ganhou a primeira volta das eleições presidenciais, mas retirou a sua candidatura antes da segunda volta.

Teoricamente, Morgan Tsvangirai não devia ter dificuldades em conseguir ganhar a Presidência do Zimbabué. Cinco anos após a coligação que formou com o seu arqui-rival, Robert Mugabe, a economia cresce, a inflação está controlada, e a nova Constituição já foi implantada.

É a terceira que vez que Mugabe (à esquerda) e Tsvangirai (à direita) e se enfrentam nas eleiçõesFoto: imago stock&people

No entanto, a vida continua complicada para o MDC. Um relatório recente do Parlamento Europeu realça que o partido do Presidente Mugabe, ZANU-PF, está a atrair mais apoiantes que o MDC. Em público, o MDC continua otimista no que toca às suas perspetivas. “Até os cães, até as bruxas apoiam o MDC”, garante o vice-secretário-geral do partido, Tendai Biti, que acredita na vitória do MDC nas eleições. “Morgan Tsvangirai vai obter 78% dos votos. Somos muito subestimados, o que é bom”, afirma.

Popularidade da ZANU-PF cresce

Não obstante, a popularidade da ZANU-PF cresce. Apesar do crescimento económico, 72% da população ainda vive abaixo do limiar da pobreza. O partido do Presidente responsabiliza o MDC, que detém os pelouros das Finanças e do Planeamento Financeiro.

As fraquezas da oposição no Zimbabué

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A ZANU-PF responde com uma estratégia a que chama de “indigenização”. Significa que as filiais locais das empresas internacionais devem ser propriedade de zimbabueanos. “Esta estratégia encontra eco junto de numerosos eleitores nas zonas rurais. Já não funcionam tão bem nas zonas urbanas”, explica Jürgen Langen, delegado em Harare da Fundação alemão Konrad-Adenauer, próximo da CDU, o partido conservador no Governo de Berlim.

“Muitos eleitores jovens sabem que isto não passa de estratégia eleitoral, e que, posta em prática, a política beneficiaria apenas indivíduos e partidos individuais, e não a população inteira”, esclarece Langen.

Incompetência e corrupção entre acusações

Alguns dos problemas com os quais se debate o MDC são da sua própria responsabilidade. Antes das eleições de 2008, o partido prometeu por fim à corrupção no país. Porém, cinco anos mais tarde, alguns parlamentares do MDC são acusados de desvio de fundos públicos.

“Alguns deputados do MDC são alvo de críticas por incompetência e corrupção, mas também há deputados que trabalham duramente e que conseguiram mesmo mudanças para melhor”, salienta Jürgen Langen.

A vida privada de Morgan Tsvangirai tem influenciado negativamente a popularidade do MDCFoto: Reuters

Também a vida privada do primeiro-ministro influencia negativamente a popularidade do MDC. Após a morte da sua primeira mulher num acidente de viação em 2009, começaram a correr rumores de que Morgan Tsvangirai teve um filho com uma mulher de 22 anos. Outra mulher colocou-o em tribunal para ver reconhecida uma relação antiga entre os dois. São revelações que não caem bem num país profundamente cristão.

Mas, para já, o desfecho das eleições presidenciais de 31 de julho está em aberto. Também em 2008, ninguém acreditava nas perspectivas de Tsvangirai, que conseguiu, no entanto, derrotar os seus rivais dentro do partido e até o Presidente Robert Mugabe.

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